24 de dezembro de 2010

A NOITE DE GRECCIO

Aproxima-se o maior e mais importante evento da humanidade: o Natal, a Encarnação de nosso Senhor Jesus Cristo. E falando em Natal, vem a recordação de um fato muito caro a nós franciscanos: a noite de Greccio, onde o primeiro presépio foi encenado publicamente.
Do Presépio que fez no dia do Natal do Senhor
Sua maior aspiração, seu mais vivo desejo e mais elevado propósito era observar o Evangelho em tudo e por tudo, imitando com perfeição, atenção, esforço, dedicação e fervor os "passos de Nosso Senhor Jesus Cristo no seguimento de sua doutrina". Estava sempre meditando em suas palavras e recordava seus atos com muita inteligência. Gostava tanto de lembrar a humildade de sua encarnação e o amor de sua paixão, que nem queria pensar em outras coisas.
Precisamos recordar com todo respeito e admiração, o que fez no dia de Natal, no povoado de Greccio, três anos antes de sua gloriosa morte. Havia nesse lugar um homem chamado João, de boa fama e vida ainda melhor, a quem São Francisco tinha especial amizade porque, sendo muito nobre e honrado em sua terra, desprezava a nobreza humana para seguir a nobreza de espírito.
Uns quinze dias antes do Natal, São Francisco mandou chamá-lo, como costumava fazer, e disse: "Se você quiser que celebremos o Natal em Greccio, é bom começar a preparar diligentemente e desde já o que eu vou dizer. Quero lembrar o menino que nasceu em Belém, os apertos que passou, como foi posto num presépio, e contemplar com os próprios olhos como ficou em cima da palha, entre o boi e o burro". Ouvindo isso, o homem bom e fiel correu imediatamente e preparou no lugar indicado o que o Santo tinha pedido.
E veio o dia da alegria, chegou o tempo da exultação. De muitos lugares foram chamados os Irmãos. Homens e mulheres do lugar, coração em festa, prepararam como puderam tochas e archotes para iluminar a noite que tinha iluminado todos os dias e anos com sua brilhante estrela. Por fim, chegou o Santo e, vendo tudo preparado, ficou satisfeito. Fizeram um presépio, trouxeram palha, um boi e um burro. Greccio tornou-se uma nova Belém, honrando a simplicidade, louvando a pobreza e recomendando a humildade.
A noite ficou iluminada como o dia : era um encanto para os homens e para os animais. O povo foi chegando e se alegrou com o mistério renovado em uma alegria toda nova. O bosque ressoava com as vozes que ecoavam nos morros. Os frades cantavam, dando os devidos louvores ao Senhor e a noite inteira se rejubilava. O Santo estava diante do presépio a suspirar, cheio de piedade e de alegria. A Missa foi celebrada ali mesmo no presépio, e o sacerdote sentiu uma consolação jamais experimentada.
O Santo vestiu dalmática, porque era diácono, e cantou com voz sonora o Santo Evangelho. De fato, era "uma voz forte, doce, clara e sonora", convidando a todos às alegrias eternas. Depois pregou ao povo presente, dizendo coisas doces como o mel, sobre o nascimento do Rei pobre e sobre a pequena cidade de Belém. Muitas vezes, quando queria nomear Cristo Jesus, chamava-o também com muito amor de "Menino de Belém", e pronunciava a palavra "Belém" como o balido de uma ovelha, enchendo a boca com a voz e mais ainda com a doce afeição. Também estalava a língua quando falava "Menino de Belém" ou "Jesus", saboreando a doçura dessas palavras.
Multiplicaram-se nesse lugar os favores do Todo-Poderoso, e um homem de virtude teve uma visão admirável. Pareceu-lhe ver deitado no presépio um bebê sem vida, que despertou quando o Santo chegou perto. E essa visão veio muito a propósito, porque o menino Jesus estava de fato esquecido em muitos corações, nos quais, por sua graça e por intermédio de São Francisco, ele ressuscitou e deixou a marca de sua lembrança. Quando terminou a vigília solene, todos voltaram contentes para casa.
Guardaram a palha usada no presépio para que o Senhor curasse os animais, da mesma maneira que tinha multiplicado sua santa misericórdia. De fato, muitos animais que padeciam das mais diversas doenças naquela região comeram daquela palha e ficaram curados. Mais: mulheres com partos longos e difíceis tiveram um resultado feliz, colocando sobre si mesmas um pouco desse feno. Da mesma sorte, muitos homens e mulheres conseguiram a cura das mais variadas doenças
O presépio foi consagrado a um templo do Senhor e no próprio lugar da manjedoura construíram um altar em honra de nosso pai São Francisco e dedicaram uma igreja, para que, onde os animais já tinham comido o feno, passassem os homens a se alimentar, para salvação do corpo e da alma, com a carne do cordeiro imaculado e incontaminado, Jesus Cristo Nosso Senhor, que se ofereceu por nós com todo o seu inefável amor e vive com o Pai e o Espírito Santo eternamente glorioso por todos os séculos dos séculos. Amém. Aleluia, Aleluia. (Bv. Tomás de Celano, Vida primeira de São Francisco, nºs 84-87).


O que queria exatamente o Pai Seráfico mostrar tal apresentação? Seria apenas um "capricho" dos últimos anos de sua vida? Apenas um gesto simbólico? Ou não haveria algo mais profundo escondido na penumbra deste evento?


Não quis porventura São Francisco mostrar aos homens onde é o Greccio de cada um e onde realmente ocorre o Natal par cada homem de boa vontade? Mas, então, onde estava o Greccio que Francisco quis mostrar? Onde é possível a cada ser humano poder receber em seus braços o Menino Deus? Onde a sagrada Família encontra seu pouso após passar por tantas hospedarias e não encontrar nenhuma vaga e receber tantos nãos?

Greccio é o coração do ser humano, a manjedoura humilde e simples que o Menino Deus busca a cada ano para poder nascer. É este o lugar privilegiado e sagrado que o Senhor busca para encarnar-se e iniciar uma experiência, uma história de amor com cada um de nós.

Como, então, está nosso Greccio? Em breve ecoará a mais bela notícia: o Menino nasceu... E ele quer estar reclinado, sim, na ínfima manjedoura de nossos corações! Apressemo-nos, portanto, e preparemo-nos para recebê-lo. T

Frei Carlos Guimarães,OFMConv.(Reflexões Franciscanas)

22 de dezembro de 2010

NATAL É TRAZER À LUZ

A criança olhava curiosa o trabalho do eletricista que o pai contratou para uns reparos na instalação elétrica da casa. De repente, perguntou:
- O que é eletricidade?

Pacientemente, o eletricista respondeu:

- Sinceramente, não sei, filho. A única coisa que sei é que posso fazer com que ela lhe dê luz!
Que Mistério revela o Natal! Diante do Mistério, nós não temos compreensão, nem palavras. Há em nós um silêncio contemplativo como pastores olhando aquele Menino na manjedoura. Quando o Amor é grande demais, faltam dizeres. Mas uma coisa sabemos: a Vida ficou toda Iluminada! Por isso, hoje, não temos muitas palavras, mas queremos dizer à luz de todos os nossos gestos de cuidado e amor:

20 de dezembro de 2010

O QUE ESTÃO FAZENDO COM O NATAL DO SENHOR?

É Natal...
e a cada Natal que passa...
vejo as trapaças do inimigo invisível de nossas almas...
com suas armadilhas perniciosas,
tentando perverter esta grande festa cristã...

Contemplando a decoração de natal de lojas e shopcenters,
nada lembra o Natal do Senhor....
Nada lembra o nascimento do Filho de Deus entre nós...
Olho estupefato, vejo tudo enfeitado,
porém, vazio da presença do aniversariante...
Meu Deus! Que coisa horripilante,
será que estão esquecendo o que é o natal?

Natal: é dia do nascimento; NATALÍCIO...
Para nós cristãos e todos os homens de boa vontade,
Festa de comemoração do nascimento de Jesus Cristo...
Senhor e Salvador de toda humanidade...
Será que existe festa mais linda,
mais pura e terna que essa festa?
Só mesmo a festa da Páscoa da ressurreição do Senhor...
Que nos deu, em seu amor,
festejar sua glória ainda aqui na terra...

Mas, o que estão fazendo mesmo com o Natal do Senhor?
Estão transformando em festa pagã,
em um mero circo do consumo...
Onde a santa lembrança do menino Deus ficou para traz...
Onde a piedade, a verdade e o amor dessa lembrança...
Deu lugar à lambança das transações comerciais...

E o que mais posso denunciar...
em minhas palavras proféticas?
Vejam só...
Falam de ceias e presentes...
Mas não falam de nossa libertação que chegou...
Falam de coisas, comes e bebes...
Da febre dos novos ritmos,
de danças frenéticas e desperdícios...
Mas não falam da nossa salvação...

Logo, não tem mais vez para o menino da manjedoura...
E muito menos para lembrar o seu aniversário...
Porque os corações já estão ocupados...
com as ofertas instintivas e tentadoras...
portadoras de prazeres fugazes...
de festejos enganadores,
eivados do vício do não crer...

Então, que natal estão comemorando?
Nos dias atuais, infelizmente,
um natal totalmente diferente e sem graça....
Por ter perdido o seu verdadeiro sentido...
Tornou-se algo ambíguo...
apenas um faz de conta pagão...
Nada mais que incentivo ao consumismo...
e isso para quem pode gastar...
quem não pode, se sacode...
por não ter como comemorar...

Isto porque os pretensos “senhores” deste mundo...
fizeram do consumo e dos prazeres carnais...
o seu deus e o cultuam e o propagam dia e noite...
como se deus mesmo fosse...
levando multidões a adorá-lo...
É por isso que o Natal do Senhor,
tem passado despercebido...
entre aqueles que se deixam iludir...
por propagandas indecentes e enganosas...

Todavia, o Natal do Senhor é Eterno...
Ele é fruto da Encarnação do Verbo de Deus...
que se fez Carne e habita no meio de nós...
Por isso, ninguém calará a sua voz...
Porque só Ele é a Verdade que nos mantém...
O Caminho que nos sustém...
E a Vida que não tem fim...

Feliz Natal, Senhor Jesus!
Parabéns pelo Seu Aniversário!

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.

17 de dezembro de 2010

Meditação Diária


Quando você conhece seu propósito, fica fácil escolher e alcançar as metas. A prova de uma ação é simplesmente: “Isto cumpre meu propósito?”. Use seu propósito para dar rumo à sua vida. O mais importante da vida não é a situação em que estamos, mas a direção para a qual nos movemos. Daí a importância de sabermos onde queremos chegar, quais nossas metas, sonhos...

Seja perseverante nos seus propósitos, mas lembre-se de deixar um espaço para a ação divina. Nossa consciência é fundamental na nossa jornada humana; mas haverá momentos em que somente a consciência não bastará: será necessário algo maior, transcendental. É aí que entra a acão divina: a luz de Deus e Seu amor misericordioso...

Frei Paulo Sérgio de Souza, OFM

15 de dezembro de 2010

Meditação Diária


Afirme sua vida como se você já fosse tudo o que quer ser. Aprenda a transformar automaticamente seus desejos em afirmações seus desejos em afirmações. Então comece a superar seus pensamentos negativos, mude-os e faça afirmações a partir deles, Quando você começar a fazer afirmações a partir de vocês e de suas potencialidades o universo inteiro passará a trabalhar a seu favor.

É possível mudar nossas vidas e a atitude daqueles que nos cercam simplesmente mudando a nós mesmos. Então, o trabalho começa primeiramente dentro de você. Mãos à obra; Dentro de você encontrará tudo aquilo que necessita para ser equilibrado, melhor sucedido e mais feliz... Vá em frente e faça da sua vida algo valioso e maravilhoso!

Frei Paulo Sérgio de Souza, OFM

13 de dezembro de 2010

Meditação Diária


A vida existe para fazer, aprender e desfrutar. Quanto mais você aprende, mais pode fazer; quanto mais você faz, mais pode aprender. Então, procure participar de sua própria vida, cumprindo com amor a missão que Deus confia a você. Não se preocupe em fazer coisas grandiosas ou impossíveis, faça somente aquilo que está a seu alcance.

No mundo você encontrará muita dor e sofrimento. Procure suavizá-las com seu carinho e sua presença. Mais vale estar do lado e compartilhar a vida, pois, na verdade, as pessoas precisam mesmo é de atenção, cuidado e amor. Seja, portanto um mensageiro de boas notícias. Fale do amor de Deus no ouvido das pessoas. Isso servirá para muitas curas...

Frei Paulo Sérgio de Souza, OFM

10 de dezembro de 2010

Meditação Diária


A vida é o filme que você vê através dos seus próprios olhos. Faz pouca diferença o que está acontecendo. É como você percebe que conta. Procure, pois, fazer bem o seu “papel”, pois ninguém pode fazê-lo por você. Deus, nosso Pai, nos concede a vida e nos confia uma missão neste mundo. Você não está aqui por acaso; tem algo grandioso para ser feito. Você pode e deve construir sua felicidade!

Crie seus momentos de meditação e reflexão. Deixe para trás as coisas ruins e negativas (mágoas, ressentimentos, rancores...). Alimente sua mente e seu coração com coisas boas e positivas. Dentro de você reside um poder infinito! Você pode fazer as coisas diferente e não precisa ser escravo dos seus próprios conceitos. Abra sua alma ao Espírito Santo. Siga em frente: Deus está com você, pois Ele o (a) ama verdadeiramente...

Frei Paulo Sérgio de Souza, OFM

8 de dezembro de 2010

Meditação Diária


Na Imaculada Conceição de Maria celebramos as maravilhas que Deus realizou em favor de Maria, a escolhida para ser a mãe do Salvador: Jesus Cristo! E ela teve a liberdade de dizer sim ou não aos projetos de Deus, através de Seu mensageiro, o arcanjo Gabriel. Da liberdade do SIM de Maria a humanidade é restaurada, é resgatada, é salva!

Deus depositou a plenitude de todo o bem em Maria, para que nisso conhecêssemos que tudo o que temos de esperança, graça e salvação, dela deriva até nós. Na encarnação de Jesus, Deus vem morar conosco, assumir nossa condição humana para nos conduzir outra vez a Deus. Celebremos, pois, alegres e felizes esse santo dia. Que Maria nos ajude a seguir pelos caminhos de Jesus na direção da eternidade...

Frei Paulo Sérgio de Souza, OFM

6 de dezembro de 2010

Meditação Diária


O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Vivemos no tempo e escrevemos nossa história, porém miramos nosso olhar para a eternidade. Os momentos inesquecíveis vão como que antecipando a eternidade dentro de nós. E o amor com fazemos as coisas vão atraindo as borboletas até nosso jardim...

Não podemos fazer muito sobre a extensão de nossas vidas, mas podemos fazer muito sobre a largura e a profundidade delas. Podemos agir e proporcionar momentos de intensidade com as pessoas que amamos. Podemos ser um porto seguro onde elas possam chegar, aportam e sentirem-se bem e seguras em nossa presença...

Frei Paulo Sérgio de Souza, OFM

5 de dezembro de 2010

Meditação Diária


Quando oramos juntos criamos uma incrível energia positiva que nos envolve. Quando oramos juntos somos acolhidos pelo amor de Deus de uma maneira mais intensa, pois "onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, aí estarei Eu no meio deles" (Mt 18, 20). Na construção de uma verdadeira amizade vamos experimentando uma confiança mútua, pois vamos descobrindo a Imagem de Deus que está na outra pessoa e vamos revelando a Imagem de Deus que está em nós.

Procure partilhar seus encontros. A vida é um grande mistério. Ela é um grande dom, um grande presente. Procure vivenciar esse mistério e acolher cada dia na sua própria luz e no seu próprio encanto. Quem ainda é capaz de se encantar com um nascer do sol, com uma noite de lua cheia, com a imensidão do mar... esse ainda é capaz de perceber o amor de Deus em tudo aquilo que é belo...

Frei Paulo Sérgio de Souza, OFM

3 de dezembro de 2010

1ª sexta-feira do mês - UM CORAÇÃO CHEIO DE MISERICÓRDIA

O Verbo de Deus não curou apenas nossas enfermidades com o poder dos milagres. Tomou sobre si nossas fraquezas, pagou nossa dívida mediante o suplício da cruz, libertando-nos dos muitos e gravíssimos pecados, como se ele fosse o culpado, quando na verdade era inocente de qualquer culpa. Além disso, com muitas palavras e exemplos, exortou-nos a imitá-lo, na bondade, na compreensão e na perfeita caridade fraterna. ( Das Cartas de Máximo, o confessor, abade).

1. Os que se aproximam de Cristo, sabem que estão diante do homem da misericórdia, da bondade e do perdão. Nunca os discípulos de Jesus de hoje deixam de olhar para o Ressuscitado que vive no meio de nós, na fé dos seus, continuando a exercer a misericórdia. Pensar em Cristo é pensar no bom pastor e no bom samaritano. Cristo é o pastor bom e o samaritano exalando o perfume da misericórdia.

2. A expressão mais acabada da misericórdia de Deus se manifesta na cruz. Nunca, nós franciscanos, contemplaremos suficientemente o Cristo crucificado. Nosso pai Francisco se extasiava diante de tanta bondade. “Um dia, no princípio de sua conversão, ele rezava na solidão e, arrebatado por seu fervor, estava totalmente absorto em Deus e apareceu-lhe o Cristo crucificado. Com esta visão sua alma se comoveu e a lembrança da Paixão de Cristo penetrou nele tão profundamente que, a partir daquele momento, era-lhe quase impossível reprimir o pranto e suspiros quando começava a pensar no Crucificado” (Leg.Maior I,5). Sim, na cruz Jesus é bondade, paciência, misericórdia, dom, entrega. Lá se torna abjeto, coberto de chagas, cheio de feridas, ensopado de sangue, feito, na verdade, uma única chaga. Naqueles momentos, nas horas de desolação, ele toma a decisão de se entregar pelos seus. Ninguém lhe tira a vida. São Máximo recorda: tomou nossas fraquezas, pagou nossa dívida mediante o suplício da cruz. Aquele que foi obediente até o fim, obediente até a morte de Cruz, teve o seu peito aberto pela lança do soldado e todas as gerações de corações retos contemplaram e contemplam essa fenda no coração do Senhor. Tropegamente, mas com confiança, os pecadores de ontem e de hoje buscam instalar-se no albergue do coração do Mestre.

3. Para manifestar a sua misericórdia e a bondade do Pai que ele encarnava contou a parábola do bom samaritano: “Àquele homem que caíra nas mãos dos ladrões e fora despojado de todas as vestes, maltratado e deixado semimorto, atou-lhe as feridas, tratou-as com vinho e óleo, e tendo-o colocado no seu jumento, deixou-o numa hospedaria para que cuidassem dele; pagou o necessário para o seu tratamento e ainda prometeu dar na volta, o que porventura se gastasse a mais” (São Máximo). Ele, o Mestre dilacerado no alto da cruz, é o bom samaritano, misericordioso samaritano. Ousamos dizer que a hospedaria de que fala a parábola pode bem ser o espaço cavado no coração de Jesus pela lança do soldado. Ali se abrigam os desventurados buscados pelo Senhor.

4. A Igreja é santa e pecadora. Todos fazemos essa dolorida experiência. Queremos seguir a Cristo, queremos viver o espírito do Sermão da Montanha. Não agüentamos mais tanta mediocridade em nossa vida e à nossa volta. Sentimos que somos um povo que busca a santidade, mas também carrega o pecado, o dilaceramento. Não podemos endurecer o coração. Precisamos acolher o perdão do Senhor que se dá quando nosso coração vive a contrição. A Igreja é santa e pecadora. Precisamos, de verdade, nos aproximar do albergue e da hospedaria da Igreja onde nos é concedido, pelo ministério dos sacerdotes, o perdão do pecado que nos agonia e angustia. Temos certeza de que seremos bem recebidos na hospedaria da Igreja.

5. Vamos pedir a São Máximo que continue nos ajudando a refletir. O santo abade continua descrevendo a misericórdia do Senhor: “... reconduziu ao redil a ovelhinha que se afastara das outras cem ovelhas de Deus e fora encontrada vagueando por montes e colinas. Não lhe bateu, nem a ameaçou, nem a extenuou de cansaço; pelo contrário, colocando-a nos próprios ombros, cheio de compaixão, trouxe-a sã e salva para o rebanho”. Na verdade, a parábola do bom pastor nos encanta, nos fascina. Há festa no céu quando um pecador se converte. Temos sempre a terrível tentação de pensar que os pecadores são os outros. Deveríamos experimentar um júbilo sem par quando o Senhor nos dá a graça da contrição e assim podermos nos jogar nele e solicitar à Igreja o perdão. Ela recolheu em suas mãos o sangue e a água que correram do peito aberto daquele que havia se feito chaga para sanar nossas chagas.

6. Numa primorosa obra sobre a experiência de desolação e de fé do exílio, Éloi Leclerc fala do coração contrito. Não posso me privar ao prazer de transcrever algumas de suas linhas e pensar que aquela experiência diante de Javé e sua santidade se aplica ao coração contrito diante de Cristo feito abandono, chaga e abrigo no alto da cruz: “O coração contrito é primeiramente isto: um coração deslumbrado pela santidade de Javé. Maravilhado e ferido. “Ai de mim, estou perdido porque sou homem de lábios impuros” (Is 6,5). No principio há a irradiação da santidade de Deus, sobre a alma. E, por repercussão, manifesta-se em toda a realidade o pecado e a miséria do homem. Perante essa dupla revelação, a da santidade de Deus e a do próprio pecado, a alma é sacudida por um arrepio ao mesmo tempo de amor e de horror. O coração parte-se” (Éloi Leclerc, O povo de Deus no meio da noite, Braga, p. 81). Sim, o coração contrito é o coração partido. Mas não se desespera. Procura abrigo no Coração do Redentor.

7. Ainda São Máximo: “E deste modo, exclamou: Vinde a mim todos que estais cansados e carregados de fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo (Mt 11,28-29). Ele chamava de jugo os mandamentos ou a vida segundo os preceitos evangélicos; e, quanto ao peso, que pela penitência parecia ser grande e mais penoso, acrescentou: O meu jugo é suave e o meu fardo é leve (Mt 11,30).

São Máximo, Confessor e Abade foram extraídas do Lecionário Monástico II, p. 380-382

Não podemos deixar de repetir a mais não poder: Cristo tem um coração repleto, transbordante de misericórdia. Possa a Igreja ser espaço onde se manifesta claramente a misericórdia do Senhor.

1 de dezembro de 2010

Meditação Diária


Desenvolver força, coragem e paz interior demanda tempo. Não espere resultados rápidos e imediatos, sob o pretexto de que decidiu mudar. Cada ação que você executa permite que essa decisão se torne efetiva dentro de seu coração. É dessa dis-posição interna que dependerá as atitudes que serão tomadas em relação às pessoas e à comunidade que você atua.

A paz é uma abertura à ação divina. O Espírito Santo nos transforma com Seu poder e nos impele a que sejamos também transformadores da sociedade. Cada ação praticada com paz, alegria e amor vai revelando nosso espírito equilibrado e nossa felicidade interior. Seja, hoje, uma mensageiros da PAZ. Deixe pegadas de paz pelos caminhos da vida...

Frei Paulo Sérgio de Souza, OFM