27 de setembro de 2010

Meditação Diária


É preciso viver apaixonadamente, em qualquer situação, indistintamente. Seja lá o que for que você faça, empregue toda sua energia e todo seu espírito nesta tarefa. Acredite, se fizeres assim, sentirás prazer até nas tarefas pequenas e ordinárias, pois descobrirás que há vida e beleza em tudo. Cada momento tornar-se-á mágico e inédito, pois a beleza tomou conta de sua vida e passou a iluminar o seu olhar...

Flexibilidade não é sinônimo de fraqueza. Pelo contrário, somente assim aprenderemos a ceder quando necessário e absorver os impactos da vida. Na dureza e na rigidez está a intolerância e a razão inegociável. Tudo que é rígido tem a possibilidade de quebrar, de esfacelar... Encontre, pois, o seu equilíbrio. Na flexibilidade aprendemos a receber e doar...

Frei Paulo Sérgio de Souza, OFM

23 de setembro de 2010

23 de Setembro Encontro do corpo de Santa Clara de Assis

O corpo de Clara, que voara aos céus no ano de 1253, foi sepultado na igreja de São Jorge, sendo translado depois para a igreja construída em sua honra. Em escavações ali realizadas em 1850, foram reconhecidos os seus despojos e expostos à veneração dos Fiéis.

ORAÇÃO - Celebrando a memória da virgem santa Clara, nós vos pedimos, Senhor, que por seus méritos e exemplos, aguardado a gloriosa ressurreição, sejamos fortalecidos na esperança e na caridade e gozemos um dia do vosso eterno convívio. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Meditação Diária


As pessoas que vencem neste mundo são as que procuram as circunstâncias de que precisam. Vão trás de seus sonhos, planejam suas ações, fazem os cálculos necessários e, mesmo assim, deixam um espaço para a intuição e para o coração. Quando não encontram as circunstâncias necessárias são capazes de criá-las, de imaginar e de começar a partir de uma simples idéia...

Faça tudo para ser merecedor por seus próprios atos, sem que haja necessidade interna de merecimentos. A pessoa equilibrada e feliz não precisa de elogios para continuar suas atividades, pois ela aprendeu que precisa continuar avançando independente dos elogios ou das críticas. Aproveite esse novo tempo que chega para renascer interiormente: é tempo de preparar os canteiros do coração para a semeadura do amor...

Frei Paulo Sérgio de Souza, OFM

20 de setembro de 2010

A PENITÊNCIA NOS PRIMÓRDIOS DE SÃO DAMIÃO - Tentando entender as penitências corporais de Clara


Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM

Continuamos seguindo a biografia de Chiara Giovanna Cresmaschi Chiara di Assisi. Un silenzio che grida. Hoje queremos considerar o estilo de penitência de Clara e dos primórdios (p. 55-58). Ficamos sempre impressionados com as duras penitências que as Irmãs Pobres praticavam. Na realidade as manifestações concretas de dureza frente ao corpo e outras modalidades só se explicam pela vida da penitência que o frades e as irmãs abraçaram. Eles forma os penitentes da cidade de Assis.

1. As três irmãs (Clara, Catarina/Inês sua irmã de sangue e provavelmente Pacífica de Guelfuccio) bem como os frades que se retiravam para os eremitérios, marcavam o ritmo do dia e da noite com a celebração da liturgia da Igreja, o que certamente consistia no principal alimento de sua contemplação. Vigílias e jejuns eram práticas comuns numa vida de contínua conversão. Têm sua justificativa na palavra do Evangelho: “... esta raça de demônios só se expulsa com oração e jejum” (Mt 17,21). A expressão deve ser entendida como atenta vigilância contra as tentações e oração de intercessão pelos irmãos, de modo especial por sua salvação.

2. Convém chamar atenção para uma modalidade de penitência comum nos penitentes medievais, mais presente na vida das mulheres. Trata-se da penitência corporal. A época é marcada por forte consciência do pecado. Por isso, as pessoas ingressavam na categoria dos penitentes como Francisco e seus irmãos e Clara e suas irmãs. Servem-se eles de todos os expedientes que possam levar à contínua conversão, incluindo os que atingem o corpo.

3. Recorre-se ao jejum e se partilha a comida com quem não tem; abstinência de carne e de outros pratos mais sofisticados; prolongam-se as vigílias de oração e se dorme na terra nua. Podemos buscar a base da concepção de Francisco em sua Carta aos Fiéis: “Todos os que amam o Senhor de todo o coração, com toda alma e com todo o pensamento, com toda a força e amam ao seu próximo como a si mesmos e odeiam seus corpos com seus vícios e pecados, recebem o corpo de nosso Senhor Jesus Cristo, e produzem dignos frutos de penitência. Quão bem-aventurados e benditos são aqueles e aquelas ao fazerem tais coisas e nelas perseverarem, porque pousará sobre eles o espírito do Senhor e fará neles habitação e lugar de repouso e são filhos do Pai celestial cujas obras realizam e são esposos e irmãos e mães de nosso Senhor Jesus Cristo...” (Primeira recensão, 1-9).

4. A atitude de contínua conversão se concretiza numa resposta ao amor de Deus, no fato de nada se preferir a ele, amando os irmãos como a si mesmos, desejando o bem do outro, como aquilo que alguém deseja para si. Por isso é urgente combater o egoísmo, que deseja percorrer diferentes, opostos às vias do Senhor, esse mundo dos vícios e pecados. Quando Francisco emprega a palavra corpo está indicando à pessoa em sua totalidade, quando deixa de voltar-se para Deus e busca a si mesma. A dimensão física não é exclusiva. Os que não se deixam guiar pelo Espírito fazem caminho difícil. A penitência física tem seu fundamento no deixar-se guiar pelo Espírito. Não se trata de uma espécie de masoquismo. O Espírito leva o homem a fazer dignos frutos de penitência.

5. Produzir fruto é o sentido de uma resposta ao apelo cristão, que não é feito de palavras ou de boas intenções, mas se realiza no cotidiano. Francisco chama de beati, felici e benedetti quelli e quelle, isto é, homens e mulheres que fazem, operam ativamente, fazem render o talento recebido, não no entusiasmo de um momento, mas para sempre. Tal felicidade e tal bênção é suposta de se realizar pela vida batismal, que é experiência trinitária: o Espírito, na realidade, habita e mora no íntimo; o ser filho do Pai se manifesta no fazer a sua vontade, realizando obras de caridade, o que faz com que as pessoas se tornem irmãos e mães de Jesus Cristo, como diz o Evangelho, mas também esposos por esta comunhão de amor que faz da Igreja, e nela de todos os cristãos, a esposa de Cristo.

6. A partir de tais premissas podemos vislumbrar certas atitudes penitencias de caráter muito diferente da mentalidade hodierna que precisam ser entendidas em seu contexto. É fácil dizer que tais práticas deixam transparecer um certo desprezo pelo corpo e manifestam uma mentalidade dualista, na qual a dimensão corporal é vista em oposição à alma. Não se pode tão rapidamente provar tudo isso nesses dois grandes penitentes que foram Francisco e Clara. Se há uma acentuação desse aspecto na mulher, e toda a história da espiritualidade o demonstra, em grande parte ela se deve ao relacionamento com o próprio corpo que assume modalidades mais intensas e concretas na personalidade feminina. Assim, na dinâmica da mística comunhão com Cristo, vivida em termos nupciais e estreitamente centrada no seu dom de amor sobre a cruz, a sede de Conformidade com Cristo abarca a pessoa inteira, que quer se entregar totalmente a ele. Tal é verdade de modo especial para Clara, que chegando a São Damião, começou a dedicar-se a uma prática penitencial excessiva. Para ela se tratava de facetas do abraçar o Cristo pobre, no qual vê o seu tornar-se desprezível por nós. Este abraçar o Cristo envolve a contemplação e as coisas do cotidiano. Na juventude da filha dos Favarone o abraçar se dá também na esfera física.

Meditação Diária


Os sonhos devem ser ditos para começar a se realizarem. E como todo projeto, precisam de uma estratégia para serem alcançados. É preciso, pois, que os sonhos sejam atingíveis, capazes de serem alcançados O adiamento destes sonhos desaparecerá com o primeiro movimento, com o primeiro passo que damos rumo à sua realização. Não basta apenas sonhar, é preciso transformá-lo em atitudes, em ação, em realização...

Não adianta sonharmos em mudar o mundo. Precisamos começamos por modificar nosso próprio mundo, nossas atitudes, nosso jeito de viver. O planeta Terra não pode mais sustentar uma existência descomprometida com a Vida. É urgente revermos nossas posturas, nossas atitudes. Somente pela educação seremos, realmente, pessoas melhores e mais evoluídas...

Frei Paulo Sérgio de Souza, OFM

19 de setembro de 2010

Meditação Diária


Alguns não entendem como a vida funciona. Procuram desesperadamente uma explicação para tudo e esquecem de entender a si mesmos. É no auto-conhecimento que descobrimos nossas sombras e luzes, nossas forças e fraquezas. A vida é um uma luta diária, uma busca de plenitude, um desejo intenso de felicidade. Procure, pois, conhecer-se a sim mesmo. Existe um universo dentro de você a ser explorado, conhecido, integrado.

Não perca tempo com coisas superficiais: mergulhe nas coisas profundas, naquilo que realmente faz dá seu sentido ao seu existir. Lembre-se: a felicidade está dentro de você mesmo. Não a projete nas coisas e nem nas pessoas. Construa relacionamentos onde sua felicidade seja capaz de emanar na direção das pessoas...

Frei Paulo Sérgio de Souza, OFM

17 de setembro de 2010

ELE SE TRANSFORMOU NUM OUTRO CRUCIFICADO PELO AMOR E PELA COMPAIXÃO

14 de setembro de 1224, festa da exaltação da cruz. Quarenta dias de jejum e orações. No monte Alverne. Nas pedras. No silêncio. Na madrugada. Francisco, voltado para o Oriente, em lágrimas, orava: "Senhor meu, Jesus Cristo, duas graças te peço antes que eu morra: a primeira é que em vida eu sinta na alma e no corpo, quanto for possível, aquelas dores que tu, doce Jesus, suportaste na hora da tua acerbíssima paixão. A segunda é que eu sinta no meu coração, quanto for possível, aquele excessivo amor do qual tu, Filho de Deus, estavas inflamado para voluntariamente suportar uma tal paixão por nós pecadores".
Francisco pede dor e amor. Na medida em que ia mergulhando na Paixão de Cristo, diz-nos o relato antigo, "todo ele se transformava em Jesus pelo amor e pela com-paixão".
Nisso, desce do céu o próprio Cristo em forma de Serafim, na imagem de um homem crucificado. Inefável encontro! Francisco quase morre de alegria pela visão do Amado e de dor pelas chagas do Crucificado. lntuiu que devia se identificar totalmente com Cristo. A dor iria rimar com o amor. O Gólgota e o Calvário se encarnariam em seu corpo.
A montanha inteira se acendeu, se inflamou e iluminou os montes e vales vizinhos, como se houvesse sol sobre a terra.
O calor da ardentíssima Paixão de Jesus se transforma em fogo de amor nos membros de Francisco. Mãos com mãos, pés com pés, lado aberto com lado a se abrir. Irrompem sangrando no corpo do beato Francisco os estigmas do santíssimo Salvador. O alter Christus está pronto. Deu-se uma identificação entre redimido e Redentor como jamais na história. Francisco se transformou na estampa de Cristo: "Despi Francisco e vereis Cristo; vesti Cristo e vereis Francisco"!
Nasceu da cruz e das chagas o homem novo. Agora ele pode cantar o hino da confraternização universal, porque não há mais inimigos, todos se fizeram irmãos e irmãs. Amém. Aleluia!

Do livro "Francisco de Assis, o homem do Paraíso", 1999, Leonardo Boff, Vozes.

O PERFEITO AMOR DE SÃO FRANCISCO AO CRUCIFICADO

Frei João Mannes, OFM

No dia 17 de setembro celebra-se a festa da impressão das chagas de São Francisco de Assis. Os estigmas que Francisco recebeu em 1224, no Monte Alverne, após uma visão do Cristo crucificado em forma de Serafim alado, são sinais visíveis de sua semelhança à humanidade de Cristo, nos seus três modos: na vida, na paixão e na ressurreição.

Francisco encontrou-se pela primeira vez com o Crucificado na pequena Igreja de São Damião. Num certo dia, conduzido pelo Espírito, entrou nessa Igreja e prostrou-se diante da imagem do Cristo crucificado que, movendo de forma inaudita os seus lábios, disse: “Francisco, vai e restaura minha casa que, como vês, está toda destruída” (2Cel 10,5). E, conta-nos Celano, que Francisco sentiu desde então uma inefável mudança em si mesmo, pois são impressos mais profundamente no seu coração, embora ainda não na carne, os estigmas da venerável paixão.

No entanto, foi ao ouvir o Evangelho acerca da missão dos apóstolos (Mt 10, 7-13), que Francisco compreendeu o real significado da voz do Crucificado, e imediatamente exclamou: “É isto que eu quero, é isto que eu procuro, é isto que eu desejo fazer do íntimo do coração” (1Cel 8,22). Assim, sob o toque ou o apelo de uma afeição, começou devotadamente a colocar em prática o que ouvira, isto é, distribuiu aos pobres todos os seus bens materiais, bem como renegou-se a si mesmo para que, exterior e interiormente livre, pudesse ir pelo mundo e anunciar aos homens a paz, a penitência e, enfim, o amor não amado de Deus.

O amor que é Deus realizou-se na sua profundeza, largura e altitude na pessoa de Jesus Cristo. A encarnação, o estábulo, o lava-pés e a Eucaristia são expressões concretas do modo de amar como só o Deus de Jesus Cristo pode e sabe amar. Porém, foi especialmente ao entregar incondicional e gratuitamente a sua vida na Cruz, que o Filho de Deus revelou à humanidade que Deus é essencialmente caridade perfeita.

Francisco, por inspiração divina, abraçou pobre e humildemente a cruz de Jesus e deixou-se impregnar, arrebatar e transformar totalmente pelo espírito de abnegação divina. Isso quer dizer que a imitação de Cristo, por parte de Francisco, não é mera repetição mecânica dos gestos exteriores de Jesus, mas é manifestação de sua profunda sintonia com a experiência originária de Jesus Cristo: o Reino de Deus. Somente quem possui o Espírito do Senhor pode observar “com simplicidade e pureza” a Regra e o Testamento de São Francisco e realizar em si mesmo as santas operações do Senhor.

Na Terceira consideração dos sacrossantos estigmas considera-se que, aproximando-se a festa da Santa Cruz no mês de setembro, o pai Francisco, na hora do alvorecer, se pôs em oração, diante da saída de sua cela, e entre lágrimas orava desta forma: “Ó Senhor meu Jesus Cristo, duas graças te peço que me faças antes que eu morra: a primeira é que em vida eu sinta na alma e no corpo, quanto for possível, aquelas dores que tu, doce Jesus, suportaste na hora da tua acerbíssima paixão; a segunda é que eu sinta no meu coração, quanto for possível, aquele excessivo amor do qual tu, Filho de Deus, estavas inflamado para voluntariamente suportar uma tal paixão por nós pecadores”(I Fioretti)). E, relata Boaventura que, enquanto Francisco rezava, “viu um Serafim que tinha seis asas (cf. Is 6,2) tão inflamadas quão esplêndidas a descer da sublimidade dos céus. E [...] apareceu entre as asas a imagem de um homem crucificado que tinha as mãos em forma de cruz e os pés estendidos e pregados na cruz. [...] Imediatamente começaram a aparecer nas mãos e nos pés dele os sinais dos cravos” (LM 13,3). Assim, Francisco transformara-se todo na semelhança de Cristo crucificado (cf LM 13,5). Pois, de fato, trazia Jesus no coração, na boca, nos ouvidos, nos olhos, nas mãos, nos sentimentos e em todos os demais membros (cf. I Cel 9,115), e conseqüentemente podia exclamar com o apóstolo Paulo: “Eu vivo, mas já não sou eu, é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).

O Pobre de Assis, no seguimento de Jesus Cristo, perdeu a sua própria vida, mas recuperou-a inteiramente em Deus, de acordo com a palavra do Evangelho: “Quem perder a sua vida por causa de mim vai encontrá-la” (Mt 12,25). Todavia, Francisco não somente reencontrou a si mesmo em Deus, como filho de Deus, mas a todos os seres do universo. O Cântico das Criaturas, que compôs pouco antes de sua morte corporal, é expressão jubilosa dessa intensa experiência eco-espiritual: “Louvado sejas meu Senhor, com todas as tuas criaturas”.

O pai Francisco tornou-se assim um mestre na sequella Iesu. De imediato despertou o fascínio de muitas pessoas e atraiu muitos discípulos e discípulas, entre as quais, Santa Clara. Clara e suas Irmãs, a exemplo de Francisco, também querem chegar ao cimo da montanha da perfeição do amor. A propósito subscrevemos parte do VII capítulo (Do perfeito amor de Deus) de um interessantíssimo opúsculo que Boaventura escreveu à abadessa das Irmãs, do convento de Assis, sobre A perfeição da vida:


“Não é possível excogitar um meio mais apto e mais fácil para mortificar os vícios, para progredir na graça, para atingir o auge de todas as virtudes do que a caridade. Por isso diz Próspero, no seu livro Sobre a vida Contemplativa: “A caridade é a vida das virtudes e a morte dos vícios”. Como a cera se derrete diante do fogo, assim os vícios perecem diante da caridade. Porque a caridade possui tanto poder que só ela fecha o inferno, só ela abre o céu, só ela dá a esperança da salvação, só ela nos torna dignos do amor de Deus. Tal poder possui a caridade que entre todas as virtudes só ela é chamada propriamente virtude. Quem a possui é rico, tem abundância, é feliz. [...] E diz Santo Agostinho: “Se a virtude conduz a uma vida bem-aventurada, eu quisera afirmar em absoluto que nada é propriamente virtude senão o sumo amor de Deus”. Sendo, por conseguinte, o amor de Deus uma virtude tão elevada, cumpre insistir em alcançá-lo acima de todas as demais virtudes; porém, não um amor qualquer, mas só aquele com que Deus é amado sobre todas as coisas e o próximo por amor de Deus.

O modo de amar a teu Criador ensina-o o teu esposo no evangelho: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma e de todo o teu espírito. Repara bem, caríssima serva de Jesus Cristo, que amor o teu dileto esposo exige de ti. Quer o teu amado que ao seu amor dediques todo o teu coração, toda a tua alma, todo o teu espírito, de sorte que absolutamente ninguém em todo o teu coração, em toda a tua alma, em todo o teu espírito, tenha parte com ele. Que, pois, fará para amares o Senhor teu Deus realmente de todo o coração? Que quer dizer: de todo o coração? Vê como São João Crisóstomo ensina: “Amar a Deus de todo o coração significa não estar o teu coração inclinado a nenhuma outra coisa mais do que ao amor de Deus; não te comprazeres nas coisas desse mundo mais do que em Deus, nem nas honras, nem mesmo nos pais. Se, todavia, o teu coração se ocupar em alguma destas coisas, já não o amas de todo o coração”. Peço-te, serva de Cristo, não te iludas. Fica sabendo que, se amas alguma coisa, e não a amas em Deus e por Deus, já não o amas de todo o coração. Por isso diz Santo Agostinho: “Senhor, menos te ama quem ama alguma coisa contigo”. Se amas alguma coisa que não te faz progredir no amor de Deus, não o amas de todo coração. E se, por amor de alguma coisa, negligencias aquilo que deves a Cristo, já não o amas de todo o coração. Ama, pois, o Senhor teu Deus de todo o coração.

Não somente de todo o coração, mas também de toda a alma devemos amar a Jesus Cristo, nosso Deus e Senhor. Que significa: de toda a alma? Vai dizê-lo Santo Agostinho: “Amar a Deus de toda a alma é amá-lo com toda a vontade, sem restrições”. Amarás, certamente, de toda a alma, se sem contradição e de boa vontade fizeres não o que tu queres, nem o que aconselha o mundo, nem o que te inspira a carne, mas aquilo que reconheceres como sendo a vontade de Deus. Amarás, de fato, a Deus de toda a tua alma quando por amor de Jesus Cristo entregares de boa vontade tua vida à morte, sendo necessário. Se nisto, porém, faltares, já não amas de toda a alma. Ama, pois, ao Senhor teu Deus de toda a tua alma, isto é, faze a tua vontade sempre em conformidade com a vontade divina.

Entretanto, não só de todo o coração, não só de toda a alma, deves amar o teu esposo, Jesus Cristo. Ama-o também de todo o teu espírito. Que quer dizer: de todo o teu espírito? Di-lo novamente Santo Agostinho: “Amar a Deus de todo o espírito, é amá-lo com toda a memória, sem esquecimento”. (in: Obras Escolhidas. Porto Alegre: EST, 1983, p. 433-435).A

15 de setembro de 2010

SENHOR, TUA GRAÇA NOS BASTA

De fato, cada um se vê como está e não como deveria ser, isto porque a vida é mais que sentimentos que passam, porém, mesmo estes sentimentos ficam gravados na alma, deixando-a leve ou pesada, dependendo do devir que se almeja...

Então, busque ser o que você é para Deus e não para este mundo, porque a figura deste mundo passa, mas quem vive para Deus não passa nunca, porque Nele permanece para sempre. Ora, enquanto aqui estamos, o Senhor nos dá a certeza de que é para ele que vamos, por isso, nada tememos, desde que tenhamos a consciência limpa e a convicção de que sua vontade está se cumprindo em nossa vida.

A compreensão dessa verdade nasce do entendimento de que, fazendo parte da criação natural do Senhor, Ele em seu amor, nos predestinou também à fazermos parte da perfeição de sua glória eterna; por isso, o que existe no tempo, existe em vista da eternidade e não podemos duvidar disso, devido ao movimento de todas as coisas, ou seja, nada fica parado, tudo vai em direção ao infinito divino.

Na verdade, somos aqui para a plenitude do que há de vir; e a morte é um dos elementos que mais chama nossa atenção nesse mistério que vivemos; por ela teremos acesso ao outro lado da obra do Criador e Pai de nossas almas, onde O veremos como Ele É; isto de acordo com a revelação que Cristo Jesus nos faz na bem-aventurança da pureza de coração (Cf. Mt 5,8).

Por isso, permaneçamos no Senhor, cumprindo Seu Plano para a nossa salvação, pela prática das virtudes eternas infundidas em nossas almas pela ação do Espírito Santo quando do nosso batismo que é o novo nascimento na ordem da graça.

Senhor, tua graça nos basta, fica conosco e nos conduz para a vida eterna; não deixes que o mal atrapalhe o que em nós começastes; pois, teu querer e agir são soberanos, porque tudo te pertence unicamente e aqui estamos para testemunharmos que somos teus filhos a caminho de tua glória. Amém, assim seja!

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.

Meditação Diária

Ser feliz é estar em perfeita harmonia com a constituição e a evolução do universo. E na imensidão infinita do universo pulsa nossa vida e a vida de todas as pessoas de nosso planeta. A felicidade não consiste em algo intimista e individualista, mas no equilíbrio do ser humano em seu destinar-se rumo à plenitude. O indivíduo vai crescendo nessa experiência quando aceita e reconhecer Deus como Pai de todos (as).

Busquemos, pois, estar em comunhão com a busca, com o desejo e com os sonhos da humanidade. Cresçamos nesse espírito de orar ao Pai Eterno pela libertação e conversão da humanidade. Façamos nossa parte, cumpramos nossa missão, construamos um espírito de fraternidade e de paz... É assim que estaremos na experiência maior e plena da felicidade!

Frei Paulo Sérgio de Souza, OFM

10 de setembro de 2010

Meditação Diária

O amor que pede retribuição é egoísmo; o que exige pagamento é avareza; o que busca conhecimento é vaidade; o que recebe para dar é usura; o amor que calcula o resultado é interesse; o que tem, sempre, medo do mundo é covardia; o que ordena e impõe é tirania; o que sente ciúme é mesquinhez; o que mede o que dá é cobiça; o que espera receber é ambição. Na verdade, das formas indicadas, só a primeira se refere realmente ao amor, sem nada pedir em troca.

Que o amor de Deus esteja em ti a fim de que possas transmiti-lo a todas as pessoas que encontrarás ao longo da tua jornada. Lembre-se: faças do hoje um momento único e especial. Demonstre alegria e prazer pela vida. Transmitas amor aos corações das pessoas...

Frei Paulo Sérgio de Souza, OFM

9 de setembro de 2010

Meditação Diária

A vida é uma aventura cheia de surpresas... Como na estação, há um trem que chega, outro que sai... Pode ser que um dia o tempo passe, mas, se a amizade permanecer, a lembrança manter-se-á viva até que o encontro encha o coração e a alma do prazer verdadeiro de saborear a “presença” do amigo (a) que se ama de verdade.

Pode ser que na amizade haja afastamentos, porém, ser for verdadeira, a própria amizade reaproximará os (as) amigos (as). Pode ser que um dia tudo termine e a existência chegue ao fim, mas se ainda sobrar a amizade nasceremos de novo, um para o outro...

Frei Paulo Sérgio de Souza, OFM

8 de setembro de 2010

08/09-Natividade de Nossa Senhora ALEGRA-TE MARIA

Natividade de Nossa Senhora
ALEGRA-TE MARIA

Nesta festa da Natividade da Mãe de Jesus transcrevemos um hino a Maria que foi composto a partir de hinos da Igreja oriental e de autores da Patrística. A página foi publicada pela revista Prier n. 57, dez. 1983, p. 18

Ave, Maria, cheia de graças,
o Senhor é contigo:
bendita és tu entre as mulheres
e bendito é o fruto do teu ventre, Jesus.
Alegra-te, cumulada de graças,
o Senhor está contigo.
Está em ti, aquele está em todas as partes,
inteiramente em todos os lugares,
totalmente em ti.
Tu és bendita entre todas as mulheres,
porque, de verdade, abrigaste em ti
aquele que nada pode conter.
Acolheste aquele que enche todas as coisas.
Ave, paz e alegria do gênero humano.
Alegra-te, fortaleza dos fiéis
e porto dos que acham em perigo.

Ave, refúgio dos que estão prostrados,
ave, ó Mãe de Cristo.
Salve, cheia de graças,
salve, mãe revestida de luz,
salve, fonte claríssima e cheia de vida,
salve, mãe amável e boa,
salve, guardiã das portas do paraíso,
salve, alegria de todas as gerações,
salve, fonte da imortal alegria,
salve, fonte de inesgotável alegria.
Salve, princípio universal da salvação,
salve, protetora da paz,
salve, medianeira de tudo o que existe sob o céu.

Acolhe as suplicas de teu povo,
ó Virgem, mãe de Deus,
e intercede instantemente junto de teu Filho para
que nos liberte de perigos e de dificuldades,
tu que és nossa esperança.

7 de setembro de 2010

Meditação Diária

O que é a trajetória humana senão uma travessia, um caminho, uma viagem? E nessa viagem podemos optar pela felcidade como parceira. A felicidade não é algo que se toma posse ou se aprisiona: ela per-passa nossas buscas, objetivos, sonhos...A felicidade vai ungindo nossas ações e nossas vidas quando entendemos que ela não pode ser comprada, mas sim, conquistada, cultivada, desejada!

Tornamos pessoas felizes quando fazemos da vida uma ação de graças, uma canção bonita que está sempre em nossos corações e se manifesta em nossos lábios. Conectados com a natureza, com a beleza que vem de Deus, com o sonho da humanidade inteira haveremos de estar nessa sintonia maior: felicidade é algo que se experimenta numa vida simples que se fundamenta na doação e na partilha...


Frei Paulo Sérgio de Souza, OFM

Toda Bíblia é Comunicação

“Toda Bíblia é comunicação, de um Deus de amor de um Deus irmão”.




Neste mês de Setembro a Igreja conclama a todos a inclinar os ouvidos do coração para auscultar a mensagem divina nas Palavras sagradas da Bíblia. Existe um canto popular que diz: “Toda Bíblia é comunicação, de um Deus de amor de um Deus irmão”. E, é esta Palavra de Deus que durante todo este mês somos conclamados a abri-la, conhecê-la e vivenciar suas palavras que é a mensagem libertadora que o próprio Senhor nos anuncia.

Ir. Neli* nos relata que este ano se completam 39 anos de origem do ‘mês da Bíblia’, acompanhe o que ela nos conta sobre como surgiu este mês.

“A Arquidiocese de Belo Horizonte (MG) estava prestes a celebrar, em 1971, o seu cinqüentenário de fundação, quando o então arcebispo dom João de Rezende Cost, pediu que os padres e religiosos apresentassem sugestões de como celebrar essa data de forma bem pastoral. Naquela época eu residia na Bahia e já tinha uma pequena experiência em um movimento bíblico realizado na Arquidiocese de Salvador. Baseada nisso, irmã Inês Sandri, provincial das Paulinas, me transferiu para Belo Horizonte com o objetivo de apresentar uma sugestão que viesse responder ao anseio de dom João. Na reunião de avaliação da Campanha da Fraternidade de 1971, apresentei, em nome da Paulinas, o projeto de um mês da Bíblia que fosse realizado em setembro daquele mesmo ano e atingisse todos os seguimentos pastorais da arquidiocese. Dom João acatou a idéia e, uma vez aprovado o projeto, destacou os padres Antonio Gonçalves e Paulo Lopes de Faria, atual bispo de Diamantina, para, com as Irmãs Paulinas, levá-lo adiante. O objetivo era despertar nas pessoas o desejo de ter a Bíblia e Transformá-la no livro de cabeceira.
Aproveitando o sucesso da música “Jesus Cristo”, lançada na época por Roberto Carlos e cujo refrão afirmava “Jesus Cristo, eu estou aqui”, passamos a produzir todas as peças publicitárias da campanha. Elas tinham a imagem de Jesus sobre a Bíblia, com os dizeres: “Jesus Cristo está aqui”. Em setembro, muitas atividades de divulgação dos textos bíblicos foram realizadas, como Gincana Bíblica entre os colégios; festival da canção bíblica; encontro com os presidiários, na qual foram entregues Bíblias para serem colocadas em cada cela; além da entronização da Bíblia nas famílias, através da missa transmitida pela TV Itacolomi; e de uma exposição montada na estação rodoviária da cidade. As rádios locais, os jornais e TVs também contribuíram muito na divulgação desse movimento bíblico, que teve seu encerramento numa grande concentração de fieis de todas as paróquias da capital mineira no Minas Tênis Clube, com a solene celebração de ação de graças pelo Jubileu de Ouro da Arquidiocese de Belo Horizonte.
Foram muitos os frutos dessa iniciativa. Alem dos milhares de famílias que adquiriram o texto bíblico, podemos destacar o surgimento de um programa de TV dominical, tratando do Evangelho do domingo e ilustrado pelas Paulinas, e a proliferação de círculos bíblicos, que eram orientados pelo hoje conhecido biblista frei Carlos Mestres. Acredito que este foi o fruto mais proveitoso do primeiro Mês da Bíblia, realizado em 1971. A partir daí, esse movimento foi tomando consistência, tanto na reflexão e no aprofundamento dos textos sagrados com na amplitude dos participantes, passando de atividade arquidiocesana para regional e, depois, nacional. Hoje,(39 em 2010) 38 anos depois, a Bíblia, cada vez mais, vai se tornando o livro de cabeceira daqueles que têm fome e sede da Palavra de Deus”. (Fonte: Revista Família Cristã, ano 75 – nº 885, p. 11, set/2009).


A Bíblia é luz para nossos pés, ilumina e clareia nosso caminhar, por isso, que cada um de nós possa ter diante dos olhos do coração esta Palavra que acalenta nosso viver. T


* Irmã Neli Manfio é religiosa paulina e contribuiu, com outros religiosos, para a implantação do Mês da Bíblia.

6 de setembro de 2010

Opção de fé, opção radical!

O ato de fé em Jesus se realiza e se torna concreto abrangendo a realidade do homem em todas as suas dimensões, tanto as do corpo como as sociais e históricas. A adesão à sua pessoa, que se vive na nova comunidade, tem exigências radicais e comporta rupturas e o sacrifício de certas realidades e certos valores. A renúncia que se faz a certas realidades e certos valores ou é um ato de desespero e demissão ante o sentido da existência, ou a abertura da ordem terrena à realidade de Deus que vem do alto como graça.

A renúncia ao mundo é um gesto que só se torna possível pela graça da fé no fato de que, em Jesus, Deus se dá gratuitamente ao mundo e que essa graça não pode ser arrancada nem pelo uso do mundo e o compromisso com ele nem pela simples fuga. Aliás, só quem tem com o mundo uma relação positiva pode abandoná-lo como valor positivo.” (Karl Rahner).

Se no evangelho, como no trecho de ontem, Jesus multiplica os apelos à renúncia, se convida a carregar a própria cruz e segui-lo, não é para que o homem fuja do mundo, mas sim para que o assuma e seja radicalmente ( = firmado como as raízes das plantas) fiel à condição humana.

Enquanto o homem pecador procura ser feliz, tratando de evitar tudo o que faz sofrer e como que eliminar a morte, e se apoiando unicamente naquilo que a vida presente pode oferecer, o cristão é convidado pela fé a enfrentar esta vida com o máximo realismo. Através do sofrimento, e mesmo da morte, ele dá sua contribuição insubstituível ao êxito da aventura humana. Se lhe acontece ter tristezas enquanto o mundo se alegra, sua tristeza, na realidade, é fecundidade de vida. Sabe que a morte é o caminho para a vida. Mas só obterá isso seguindo Jesus sob o impulso do seu Espírito e seu santo modo de operar.

Impregnado de amor de Deus, está o homem entregue às tarefas deste mundo, que ele executa não superficialmente ou apoiando-se nos próprios recursos humanos. As duas breves parábolas de São Lucas são uma severa advertência contra qualquer compromisso superficial. Antes de empreender uma construção é necessário sentar-se e fazer os cálculos, como igualmente antes de enfrentar uma guerra. A fé é algo de radical e precisamos interrogar-nos se estamos prontos para tudo! É a opção de um homem maduro, que avalia atentamente o que lhe propõe a mensagem cristã. Não é fé de conveniência nem fácil romantismo nem desejo de pertença sociológica! Uma opção “madura” de fé exige, particularmente, autonomia e dedicação, valores inseparáveis. A autonomia, pela qual alguém é ele mesmo, inclui a aceitação de si mesmo, a aceitação dos outros aos quais se pertence na convivência, a aceitação do outro no amor e no matrimônio, a aceitação do sentido da existência. Além disso, a autonomia implica um plano de realização de si que leve em conta esse contexto ambiental e uma tomada de posição pessoal que se torna abertura à dedicação. Dedicação significa capacidade de estreitar laços com as pessoas ou com as coisas, desinteressadamente, respeitando o valor das pessoas e das coisas, respeitando a própria dignidade.

A educação para a fé, especialmente nos jovens, deverá levar em conta essas observações. Se não se forma uma personalidade autônoma nas relações consigo mesmo, com o próximo e com Deus através da “experiência”, corre-se o risco de comprometer o crescimento. Educação para a fé é educação integral; parte da recusa da simples aprendizagem mnemônica, da cultura livresca, enciclopédica, e procura inserir o jovem na comunidade como lugar de experiência do encontro com Deus.

Mas sendo a fé primariamente dedicação pessoal, resposta a um amor que se manifesta a nós, até a educação para a dedicação humana se torna importante, porque nos faz capazes de nos dedicarmos a Deus. A família é o lugar ideal para uma educação da fé. O amor é a dedicação entre pai e mãe, a doação de todas as suas energias aos filhos possibilitam a compreensão do amor de Deus por nós e estimulam a corresponder mais concretamente. T

3 de setembro de 2010

1ª SEXTA-FEIRA DO MÊS

NAS ALTURAS DO ROCHEDO
Descanso para o discípulo

Conduzi-me às alturas
do rochedo, e deixai-me descansar neste lugar.
Porque sois o meu refúgio e fortaleza, torre forte na presença do inimigo
(Sl 60,3-4)

1. Nunca cessamos de contemplar tudo o que aconteceu na cruz do Redentor. Ficamos pasmos! O amor não podia inventar gestos mais lindos e mais generosos. Há essa entrega de Jesus, depois de horas de tormentosa agonia, de solidão terrível, de vontade de ver-se livre de pregos e amarras e assim poder correr até o fim do mundo. A loucura do coração humano, o pecado que mora em nós levaram Jesus ao extremo de uma tal morte. Ladrões que reclamam, soldados ao pé da cruz, solidão... sensação de que tudo fora perdido. E, quando tudo já havia terminado, um soldado faz uma cavidade no lado do Senhor. Há um espaço novo no peito de Jesus. É lugar de refúgio.

2. Os passarinhos, as andorinhas gostam de viver perto de um rio, de um espelho de água. Muitas vezes elas procuram fazer seus ninhos nas alturas dos rochedos, às margens dos rios. Pai e mãe voam e voltam a essa cavidade levando comida para os filhotes e exprimindo a alegria com chilreios encantadores. Os pássaros se sentem em segurança com a casa que fazem na altura do rochedo.

3. Nas alturas do rochedo do peito de Cristo, os discípulos buscam alimento e proteção. Misticamente sabem que podem refugiar-se naquela sala de amor. Assim, podemos aplicar os versículos do salmo transcritos ao Coração do Redentor.

  • Aí descansamos. Há a vida cristã, exigente, há a família, há os empenhos de todos os dias. Os discípulos de Jesus descansam, ficam em silêncio, segregam salmos, passam um tempo de graça descansando na casa do rochedo das alturas, rochedo transformado em casa no alto da cruz.
  • Buscamos refúgio. É duro ser fiel ao Evangelho, duro viver a fraternidade, duro acolher as contradições da vida, duro ter consciência do pecado. O coração de Jesus é refúgio.
  • Somos fortalecidos. Todos fazemos a experiência de nossa fragilidade. Um casamento parece ruir, uma vida de consagração a Deus parece perder seu élan. Cambaleamos. Posso bem imaginar que os que comungam diariamente, com sinceridade, estão se fortalecendo. O coração do Redentor é lugar de fortaleza.
  • Um Deus morrendo de amor! Esse que tem o peito aberto afugenta o inimigo. “Torre forte na presença do inimigo”.

4. “Desejo, Senhor, que se grave em mim esta ferida. Feliz a alma que assim foi ferida pela caridade; esta busca a fonte, esta bebe e, no entanto, sempre tem sede bebendo e sempre haure desejando aquele que sempre bebe sedenta. Assim, sempre busca amando aquela que se cura ferindo. Que Deus e nosso Senhor Jesus Cristo, o bom médico eficaz, se digne ferir com a chaga da salvação o íntimo de nossa alma” (Instruções de São Columbano Abade, século VII, Liturgia das Horas IV, p. 148).

Quem me dera morar sempre em vossa casa e abrigar-me à proteção de vossas asas! (Sl 60, 5)

1 de setembro de 2010

Reflexão

O humano é uma totalidade corpo-alma-espírito e qualquer divisão só pode acontecer em nível didático. Por corpo devemos entender o aspecto humano-finito; por alma, o aspecto psíquico; por espírito, sua dimensão infinita, divina, eterna. Por saúde do corpo entendemos o equilíbrio entre as dimensões somáticas (referente ao aspecto físico) e psíquicas: equilíbrio entre matéria e energia.

No espírito vislumbramos nossa dimensão divina, transcendente. O espírito busca e deseja conhecer a sabedoria que o conduz outra vez à sua origem divina. Em síntese, pode-se dizer que o humano na sua totalidade busca o equilíbrio entre terra e céu, entre sua realidade histórica e seu destino eterno. Portanto, não somos uma parte que perfaz um todo; somos um todo que se revela em dimensões ou partes que só têm sentido se compreendidas no TODO...

Frei Paulo Sérgio de Souza, OFM