Francisco pede dor e amor. Na medida em que ia mergulhando na Paixão de Cristo, diz-nos o relato antigo, "todo ele se transformava em Jesus pelo amor e pela com-paixão".
Nisso, desce do céu o próprio Cristo em forma de Serafim, na imagem de um homem crucificado. Inefável encontro! Francisco quase morre de alegria pela visão do Amado e de dor pelas chagas do Crucificado. lntuiu que devia se identificar totalmente com Cristo. A dor iria rimar com o amor. O Gólgota e o Calvário se encarnariam em seu corpo.
A montanha inteira se acendeu, se inflamou e iluminou os montes e vales vizinhos, como se houvesse sol sobre a terra.
O calor da ardentíssima Paixão de Jesus se transforma em fogo de amor nos membros de Francisco. Mãos com mãos, pés com pés, lado aberto com lado a se abrir. Irrompem sangrando no corpo do beato Francisco os estigmas do santíssimo Salvador. O alter Christus está pronto. Deu-se uma identificação entre redimido e Redentor como jamais na história. Francisco se transformou na estampa de Cristo: "Despi Francisco e vereis Cristo; vesti Cristo e vereis Francisco"!
Nasceu da cruz e das chagas o homem novo. Agora ele pode cantar o hino da confraternização universal, porque não há mais inimigos, todos se fizeram irmãos e irmãs. Amém. Aleluia!
Do livro "Francisco de Assis, o homem do Paraíso", 1999, Leonardo Boff, Vozes.
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