29 de abril de 2011

Meditação Diária


A razão é nossa capacidade de analisar a realidade, de perceber as situações e tomar atitude diante dos fatos. Somos nós que fazemos a vida, percorremos seus caminhos, optamos e tomamos decisão. Somos nós que decidimos pela guerra ou pela paz. Quando acontecem guerras externas, são porque elas acontecem dentro das pessoas. As guerras são uma projeção de nossos conflitos interiores.

Se você constrói um mundo de paz, equilíbrio e amor dentro de você mesmo, com certeza será capaz de propagar e vivenciar a paz com as pessoas. Faça da paz um caminho de vida. Reconcilie-se consigo mesmo. Perdoe suas fraquezas e limites. Ame-se a si mesmo e será capaz de amar as pessoas como manifestação amorosa de Deus...

Frei Paulo Sérgio de Souza, OFM

24 de abril de 2011

Queridos e amados irmãos e irmãs: na alegria da ressurreição quero cumprimentá-los e saudá-los. Que esta alegria plena esteja na alma e no coração de todos vocês!

Hoje celebramos anualmente a grande festa da Páscoa. Hoje é o dia da maior alegria dos cristãos: a vida venceu a morte! Jesus é vencedor de todo mal, de todo pecado. Jesus é o Vencedor e nos faz vencedores por Seu poder!

Como Pedro comunicou esta grande mensagem, somos também enviados a proclamar esta grande notícia: o caminho da vida descortina-se diante de nós, somos vencedores pelo poder de Jesus ressuscitado!
Páscoa á passagem da morte para a Vida. Jesus nos fez passar com Ele e agora caminha conosco. Jesus ressuscitado é o sentido maior de nossa existência. Com Ele não mais morremos, mas passaremos pela morte, para dar o grande salto para a Vida plena.

Cantemos alegremente o grande aleluia, o hino de louvor. Expressemos nossa fé erguendo nossas mãos limpas para o céu. Estendemo-las também na direção das pessoas numa grande corrente de fé, de esperança e solidariedade.

Feliz e Santa páscoa. Feliz vitória. Feliz renovação da vida. Feliz esperança. Feliz páscoa amados e amadas. Que a paz de Jesus, o ressuscitado, esteja sempre com cada um de vocês!

Frei Paulo Sérgio de Souza, OFM

22 de abril de 2011

Meditação Diária

Queridos amigos (as): que a paz de Jesus Nosso Senhor esteja sempre com vocês!

Jesus abraçou a cruz por fidelidade à missão que o Pai lhe confiou. Hoje, sexta-feira da paixão, nos unimos a Jesus, servo sofredor, e acompanhamos seus passos até o monte do Calvário. É um dia de profundo silêncio e contemplação: como Deus pode amar-nos deste jeito? Como Deus pôde dar seu próprio Filho por amor a cada um de nós?

Caros amigos (as), a fé bem sabemos, é um mistério. Ela é também um dom de Deus, dom que nos faz acreditar que somente Deus pode nos amar assim: sem limites, totalmente, eternamente... Por isso, neste dia somos convidados a meditar nesse amor apaixonado de Deus pela humanidade.

Para anunciar o reino de Deus Jesus enfrenta o poder do mal, as forças da escuridão que não querem o amor reinando no mundo. Jesus não volta atrás, não teme a própria morte: enfrenta os representantes religiosos que não queriam a libertação e a vida para o povo. Jesus enfrenta Pilatos e o poder de um império que dominava, sufocava e matava toda manifestação pela liberdade e pela vida.

Vivamos esse dia em espírito de oração e solidariedade em favor de todos os crucificados do nosso tempo: pais e mães que perdem os filhos em acidentes sem sentido, no alcoolismo e nas drogas. Estejamos em comunhão com aqueles que morrem por professar a fé no Deus da Vida! Que nosso jejum esteja em comunhão com os doentes sem atendimento, com os pobres sem alimento, com todas as dores e sofrimentos do mundo.

Com Jesus, aprendamos a amar verdadeiramente: com atitudes concretas, com gestos afetuosos, com ação transformadora. Que nossa oração seja fraterna e solidária. Que nossa oração sincera seja acolhida pelo amor do Deus da Vida!

Frei Paulo Sérgio de Souza, OFM

17 de abril de 2011

A Semana Santa

Sem dúvida, a Semana Santa é o ponto mais alto da vida da Igreja. Do domingo dos Ramos até a festa da Páscoa, vivemos momentos de profunda intimidade com o Mestre que deu a vida para os seus e ressuscitou para inaugurar um mundo novo.

Os cristãos celebram, no Domingo de Ramos, a entrada gloriosa de Jesus em Jerusalém. Todos aclamamos Cristo como nosso Rei e, com os lábios e gestos, o proclamamos o Rei bendito que deveria vir.

Na quinta-feira, na Quinta-Feira do Sacerdócio, da Ceia e do Lavapés, encontramos o Mestre novamente. Na véspera de sua paixão, amando os seus até o fim, Jesus se toma servo humilde. Dá a entender que os seus serão pessoas disponíveis para o serviço de todos. Uma das grandes formas de missão em nossos dias é servir ao homem que tem seus direitos pisoteados, sua dignidade aviltada, suas chagas mais abertas do que nunca.

Quinta-feira Santa é dia do Mandamento Novo. O lavapés torna-se nosso estilo de vida. O Testamento de Jesus é que nos amemos e o amor comporta o dom do coração que se traduz no delicado e persistente serviço.

Quinta-feira Santa é dia da Eucaristia. O Senhor se entregou antecipadamente aos seus no mistério do pão e do vinho generoso. Todos os dias, a Igreja renova essa memória do Senhor que foi instituída na Quinta-feira Santa. Na liturgia, canta-se o Glória e os ministros se revestem da cor alegre que é o branco.

Na Sexta-feira Santa, comemoramos a paixão dolorida do Senhor. Preso, traído, julgado, esbofeteado, maltratado, Jesus foi levado até a colina do Calvário. Abandonado de todos, tem apenas Maria e João a seus pés. Morre de amor para a vida do mundo e para instaurar o Reino da docilidade aos desígnios do Pai.

A Liturgia deste dia é sóbria, mas majestosa. Ouve-se a Paixão segundo São João, venera-se a cruz, suplica-se por todas as necessidades e, sem missa, os fiéis comungam da Eucaristia consagrada na Quinta-feira Santa. Este é um dia de contemplação silenciosa do Amor que se faz oferenda irrestrita.

Sábado Santo é dia de espera da ressurreição. Não é Sábado de Aleluia, mas Sábado Santo. Não há sentido algum em se fazer bailes estridentes e barulhentos. Os discípulos do Senhor se recolhem durante o dia. À noite celebram eles a Solene Vigília Pascal. Cantos, fogo, círio, gritos de vitória. Cristo ressuscitou. A vitória está assegurada. Aleluia, Cristo, nossa Páscoa, ressuscitou.

Viver a Semana Santa não é participar de um espetáculo. Não significa somente ter "pena" de Jesus. É celebração que engaja a todos. Estamos todos convictos de que Jesus, por sua vida, paixão, morte e ressurreição é o centro do mundo e da história. As comunidades cristãs, conscientes do fato, vivem o mistério pascal em suas vidas.

Quando relembram os fatos salvíficos, engajam-se e comprometem-se mais profundamente no mistério de Cristo. Desejam dar sua colaboração no sentido de que essa salvação, celebrada na liturgia, atinja praticamente a todos e instale estruturas do mundo novo do Senhor na terra cansada dos homens.

Extraído Almanaque Santo Antônio, Editora Vozes.

15 de abril de 2011

Conhecendo Clara de Assis

Podemos dizer que sem Clara a experiência de Francisco é incompleta; ela é um testemunho excepcional da herança do ideal evangélico que nasce em Assis e incendeia o mundo há 800 anos. Ela é a versão feminina do ideal franciscano.

Clara e Francisco são arquétipos humanos e protótipos da encarnação do evangelho; uma rigorosa mudança pessoal, uma cordial vivência fraterna, uma conversão de ternura e cuidado, um verdadeiro encontro entre espírito e afeto.

Em Clara, Francisco encontra o seu coração de mãe; em Francisco, Clara encontra o seu coração de irmã.

O conhecimento do espírito e dos projetos do Movimento de Assis permaneceria incompleto sem Clara, ela que seguiu de perto a nova vida e as práticas do início da nossa forma de viver. "Clara assimilou profundamente o espírito de Francisco, conservando em si o estado mais puro deste espírito. O seu testemunho é digno da mais alta consideração" (K. Esser).

Até os inícios do século XX pode-se dizer que a vida de Clara era conhecida somente através de biografias cheias de devoção, baseadas sobre a sua Legenda, ora atribuída a São Boaventura ora a Tomás de Celano. Mas vamos elencar alguns momentos que alavancaram o conhecimento da nossa Mãe fundadora.

• No ano de 1912 comemorou-se os 700 anos da Vocação de Clara e a Fundação das Clarissas. Aí surgiram os estudos sobre as pesquisas de Lemp (1892) e de Lemmens (1902). Com Oliger (1912) e Lazzeri (1912-1920) crescem as novas investigações sobre Clara. Foi muito importante neste período a descoberta e a publicação do "Processo de Canonização", mérito de Lazzeri. Nos dez anos seguintes vieram os estudos críticos junto com as Fontes Clarianas, como os de Martin de Barcelona (1921) e de Fassbinder (1936).

• No ano de 1953 temos os 700 anos da morte de Clara; aí foram abundantes as publicações de todos os gêneros. Destacaram-se Hardick, Grou, Franceschini e Arnaldo Fortini. As publicações vieram com a grande ajuda do Protomonastero de Assis e com a publicação de "Santa Chiara: Studi e Cronaca". A partir de então pudemos conhecer as "Cartas para Inês de Praga" que ajudaram muito no perfil da espiritualidade e personalidade da fundadora.

• A partir de 1965 o Concílio Vaticano II determina o retorno às origens e com isso influencia o desejo de aprofundar os escritos pessoais de Clara para colher aí seus ideais em toda a sua autenticidade, como base de renovação do rosto feminino do franciscanismo e a descoberta de uma verdadeira, original e própria espiritualidade.

• No ano de 1994 celebramos o 8º Centenário do nascimento de nossa mãe, irmã e mestra. Novas publicações marcaram a família franciscana e clareana. Aqui no Brasil destacamos a publicação das "Fontes Clarianas", com tradução e comentários de Frei José Carlos Pedroso e "Clara de Assis, A primeira mulher franciscana", de Anton Rotzetter, Vozes-FFB. Frei Clarêncio Neotti coordenou a comissão central do 8º Centenário que nos legou os excelentes fascículos: "Recomeçar com Clara e Francisco", "Caminhar com Clara e Francisco", "Para celebrar Santa Clara", "Para Rezar com Clara e Francisco".

• E finalmente estamos celebrando os 750 anos da morte de Santa Clara. Ano Clariano! Não podemos deixar de ler a excelente Carta do Ministro Geral Frei Giacomo Bini, OFM, "Clara de Assis: um hino de louvor" , na qual ele lembra que "também uma carta pode tornar-se lugar de comunhão, de diálogo fraterno, para descobrir aquele algo novo a respeito do Senhor que Clara pedia a Junípero e que nossos tempos e nossas gerações ainda esperam de nós com urgência".

Graças a estes momentos celebrativos, muitos valores da grande fundadora chegam até nós. A presença e a mensagem de Clara são parte integrante e imprescindível da espiritu-alidade franciscana. Não se pode falar de Francisco sem Clara de Assis.


Por Frei Vitório Mazzuco Filho


13 de abril de 2011

Meditação Diária


A todos os que sofrem e estão sós, dai sempre um sorriso de alegria. Não lhes proporciones apenas os vossos cuidados, mas também o vosso coração. Aprenda a partilhar os dons que Deus te concedeu: a alegria é uma grande dom é ser repartido com as pessoas. Por isso, dai sempre de ti àqueles (as) que encontrares necessitado...

O segredo da felicidade é encontrar a nossa alegria na alegria dos outros. E isso só pode ser atingindo quando vencermos em nós o orgulho, a arrogância e o desejo de superioridade. A alegria sincera estabelece-se em laços de confiança que manifestam-se em proteção e cuidado (zêlo). Na alegria está uma maneira de amar livremente as pessoas e a própria vida!

Frei Paulo Sérgio de Souza, OFM

12 de abril de 2011

Clara cavalheiresca

Certamente, essas duas palavras do título sintetizam bem a mãe do movimento de Assis. Quando falamos em Clara, relacionamos a palavra com frágil, alva, feminina; quando falamos em cavalheiro, logo pensamos no homem, projetado, viril, poderoso.

Santa Clara integrou as qualidades masculinas sem perder de vista o seu feminino resplandecente. Ela representa a força da quietude da mulher que, de dentro do seu lar, gera o cavaleiro, antes de tudo, aquele ser que vai à luta, à caça, para prover e conquistar.

É do interior que ela prepara a saída de todos aqueles que deixam a sua casa para enfrentar o mundo. A mulher é responsável pela bem-aventurança daqueles que nos rodeiam. Por isso existe o dito popular: atrás de um grande homem, há sempre um feminino de ternura e vigor.

Assim é que no eremitério de Clara não há reclusão do mundo, porque ela sabia trazer o mundo inteiro para dentro de seu eremitério, explorando cada detalhe da natureza, seus ciclos e viços, motivando as virtudes daqueles que participavam de seu cotidiano.

Antes de qualquer coisa, ela era inteira, inteligente; porém, sua inteligência passava pelo coração. Vivia e experimentava a dimensão da mente e do coração, era uma mulher transparente, porque as pessoas equilibradas são muito claras e são claras porque vão na essência de tudo, e não se apegam no pequeno eu do outro, nem no seu próprio.

Por isso tudo, podemos nomear a mulher como embaixatriz de sua família, ainda que permaneça no interior de sua casa. Muito além das fronteiras dela, nós podemos observar, pelos frutos, a qualidade de mulher que se encontra lá dentro.

Clara confia, e confiar é "fiar-com". Ela está presente em tudo o que faz, e somente estando presente é possível fiar com alguém, só presente você constrói e transforma. Alguém é capaz de respirar no passado? Respirar no futuro? - O sopro é o instante. E o instante é sempre inteiro. Porém ficar inteira, desperta, é um longo aprendizado.

Quase nunca estamos presentes nas coisas que vamos fazendo em nosso cotidiano, nem mesmo quando comemos. Estamos mastigando ainda um alimento e já vamos preparando no prato a próxima garfada. É preciso abrir a escuta para o presente, a atenção, o estar ereto. Pode ser complexo, mas não é nada difícil.

Era justamente com sua presença que Clara animava com gentileza - isto é muito feminino. Animava o Cristo Bonito (masculino e feminino do Cristo) e sua grande contribuição foi trazer ao Deus masculino da época, suas qualidades femininas.

E é bom lembrar aqui que nós nascemos com o feminino e o masculino em nossa natureza humana, mas eles só podem ser potencializados no encontro, nas pessoas que passam pela nossa vida. É assim que o masculino nos faz mais femininos, integrando o Espelho e o Vigor: "Feliz é você que olha dentro desse espelho todos os dias, rainha, livre na sua vida, e espelha nele, sem cessar, o seu rosto, para enfeitar-se toda, interior e exteriormente, vestida e cingida de variedade, ou seja, ornada de flores e perfume, mas resplandecente em suas roupas de virtudes, esposa caríssima do Sumo Rei. Pois nesse espelho é preciso olhar-se inteira. Preste atenção, considere a humildade e a inefável caridade, O próprio espelho adverte, só nele, inteira, você vai poder contemplar com a graça de Deus!"

Assim Clara vê no espelho o Cristo Total (pai e mãe) e se vê nesse mesmo espelho. Precisamos, também nós, olharmos no nosso espelho interior, assumir o que somos, não podemos fugir do nosso Eu Sou, porque infalivelmente, vamos sempre terminar em frente ao espelho.

Clara sabia quem ela era, qual era o seu desejo, e ela só pôde ser livre porque sabia quem era. Ela tinha o espelho interiorizado nela, não era peça de adorno do seu toucador. Porém, para descobrir-se é preciso questionar-se, pois mesmo Deus não é uma resposta pronta para a nossa pergunta. Deus é uma pergunta constante para as nossas respostas. Por isso Ele é infinito.

Quando oramos demais, talvez não deixemos espaço para essas perguntas, espaço para o vazio que é fecundo, para o vazio onde Deus faz-se obra em nós. E isso Clara entendeu bem. Ela abriu espaço para Deus em sua vida, tirou as quinquilharias, envolveu-se com a história de seu povo e envolver-se é estar dentro das situações, dos sentimentos que envolvem essas situações, é fiar com as pessoas que experimentam conosco essas situações. É não estarmos alienados, confinados em nossas crenças, transbordados de palavras repetitivas que nem entendemos direito!

Por isso é preciso dar um passo a mais... buscar nossos piores defeitos e usar essa força para que nos conduza aos nossos mais nobres dons, sem preconceitos como "o homem não chora". Por que não chora? Se a lágrima lava, limpa, alivia, porque é transparente, é clara, espelho da nossa emoção. Se a lágrima está ali, por que represá-la? Reprimi-la? É preciso fazer do preconceito uma pergunta: Por que homem não chora? Se aquele que chora é maior que o homem!

Para finalizar, vamos falar da anima e do ânimus de Jung. O lado psicológico, na maioria das vezes, é entendido como o lado da análise, mas a análise pode ser um método de redução, que tenta explicar o todo por uma parte. A análise trata muito do negativo, da sombra em nós, mas nem sempre nos orienta claramente a transformar nossa sombra em luz.

Por outro lado, a religião fala muito do divino, olha muito para o divino, lá no alto de sua luz, mas nem sempre nos orienta a assumir nossa sombra para poder integrá-la e superá-la de vez. No entanto, desde Clara e Francisco, seres ecológicos, femininos e masculinos, nós sentimos que há uma criança sendo parida - é a convocação para a plenitude - a criança plena, embora ainda criança, mas plena.

Clara e Francisco nos chamam a que sejamos terapeutas, porque essa é a tarefa de cada um de nós, facilitar o parto dessa criança plena. Inspirados pelo ideal de que 1+1 nunca seja 2, porém 3. Eu - Você e o Amor. Francisco - Clara e Você... no Espelho! Paz e Bem!

P.S.l - Houve uma dinâmica em que as pessoas se olharam em um espelho que levava Francisco de um lado e Clara de outro, deixando o meio livre para que o espelho refletisse a imagem de quem se olhava.

P.S.2
- Síntese de uma reflexão elaborada por leigos no 27° Encontro de Espiritualidade Franciscana, realizado de 19 a 22 de junho de 2003, no Seminário de Agudos, com grupo que há 13 anos caminha com Frei Vitorio Mazzuco, buscando iluminação das práticas através da mística de Clara e Francisco. Esta síntese foi elaborada por Maria Letícia Martins.

11 de abril de 2011

Meditação Diária


A esperança se adquire, se conquista. Chega-se à esperança através da verdade, pagando o preço de repetidos esforços, de erros e de uma longa paciência. Para encontrar a esperança é necessário ir além do desespero. Quando chegamos ao fim da noite, encontramos a aurora, a luz que vem nos visitar, nos quecer e nos alegrar.

Todos os dias Deus nos dá um momento em que é possível mudar tudo que nos deixa infelizes. O instante mágico é o momento em que um "sim" ou um "não" pode mudar toda a nossa existência. Busque, pois, com um SIM à vida estar nessa abertura à luz, à alegria, ao prazer... à VIDA!

Frei Paulo Sérgio de Souza, OFM

9 de abril de 2011

Meditação Diária


O perdão não é um processo mágico, mas psicológico. Não é apagar a lembrança, mas reeditar a memória. O que a grande maioria de nós procura fazer é tentar esquecer os inimigos, desviar a atenção de quem nos frustrou, tentar apagar nossos arquivos. Essa é a melhor maneira de preservar nossos conflitos, porém não é o caminho da cura interior.

A com-paixão nos ensina a entrar no sofrimento do outro, perceber sua fragilidade disfarçada de agressividade. Ganhamos a pessoa quando a fazemos perceber e sentir que ela pode ser melhor, que existe outro caminho que não seja do mal ou da agressão. Porém, não devemos esquecer que precisamos demonstrar com-paixão por nós mesmos. Precisamos também de auto-perdão. Nossa consciência muitas vezes sofre muito, necessitada de escutar um sincero perdão que vem de nossa própria alma.

Frei Paulo Sérgio de Souza, OFM

8 de abril de 2011

Meditação Diária


Na escola da vida podemos aprender muitas coisas, inclusive a sermos bons. É isso mesmo: bondade também se aprende! Qualificamos nossa busca nesse espírito de bondade quando estamos em contato com nossa ética interior (com nossa alma). Tudo está em nós, tudo depende de nós. Basta querer, abrir-se ao novo, experimentar, fazer...

Por que cultivar a bondade, a delicadeza, o respeito, o amor? Porque tudo isso nos faz mais amáveis e felizes. Esse modo de ser alegra nossa alma e nos faz ser bem-aventurados na construção de um mundo melhor..

Frei Paulo Sérgio de Souza, OFM

7 de abril de 2011

Especial - Santa Clara de Assis 800 anos -ACONTECIMENTOS E EVENTOS EM SÃO DAMIÃO


Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM

Mês após mês, com a ajuda de Chiara di Assisi, texto sólido de Chiara Giovanna Cremaschi (Ed. Porziuncola, Assisi) estamos acompanhando a história de Clara e de suas irmãs, nos seus começos, dentro da singeleza de São Damiao. O subtítulo da obra diz bem: Un silenzio che grida. Hoje nos ocuparemos de pequenos e grandes eventos que iam acontecendo antes de 1220 (p. 72-75).

1. Na época do surgimento da vida das irmãs pobres de São Damião, lideradas pela figura de Clara de Assis, houve uma proliferação de movimentos religiosos femininos que se inseriam na corrente pauperistica, ou seja, num desejo bastante difundido de se viver mais profundamente a pobreza evangélica como virtude e prática. No começo dos anos 1000 até início de 1200 vão aparecendo grupos de mulheres que se sentem chamadas a uma vida de contemplação caracterizada por forte acentuação na pobreza, não apenas pessoalmente, como eremita, mas também através de vida comum. Normalmente, esses movimentos giravam em torno de uma mulher, que com dons especiais, reunia em sua própria casa as que quisessem optar por tal gênero de vida. O fenômeno se manifesta de modo muito particular na Itália setentrional e central. Não se pode dizer com certeza até que ponto o movimento recebeu influência de Francisco, de seu movimento e seguidores. Cada grupo desses tinha sua própria história. É possível que, eventualmente, frades tenham encontrado mulheres de tais grupamentos e que tivessem exercido influência sobre tais grupos.

2. O fenômeno é particularmente intenso no período da história que estamos traçando com relação a São Damião. No clima espiritual que vivia a Igreja vão aparecendo esses grupos que querem viver sem posses. São Damião, em torno de 1218, começa a crescer e vai assumindo as características de um mosteiro. O Papa Honório III delega o Cardeal Hugolino de Segni como “cuidador” desses novos mosteiros femininos de pobres que iam surgindo. Ele tentará colocar ordem na espontaneidade e nas diferenças. O escrito do Papa o autoriza a aceitar, em nome da Santa Sé apostólica, edifícios e terrenos onde vivem estas mulheres. Fala-se em mulheres pobres dos vales de Espoleto e da Toscana, caracterizando-as com elementos específicos: opção pela pobreza em comum, sem nada possuir sob o céu; privilégio de isenção, isto é, não dependência dos bispos, não precisando pagar impostos, pedágios, dízimos e outras taxas semelhantes devido à pobreza. Esses novos grupos deveriam se reger pela Regra de São Bento. No fundo, desejava-se colocar ordem na casa.

3. Em 1219, Hugolino escreve uma Forma vivendi para São Damiao, para aquela que ele considerava a sua Ordem. Apoiava-se na Regra de São Bento e acrescentava outros elementos com caraterísticas de uma verdadeira Regra. Como Clara se situa diante desta novidade? Ela tinha o escrito de Francisco como sua forma de viver. Não conhecemos sua reação. Podemos intuir que ele tenha decidido dar tempo ao tempo para ver como seu instituto evoluiria. São Damião parecia muito diferente comparado com outros mosteiros de mulheres pobres.

4. Em torno de 1220 ou um pouco antes, ingressam na sororidade (fraternidade de irmãs) algumas vocações enviadas por Francisco, que cuida da vida daquela casa mandando novas plantinhas. Nesta circunstância, manifesta-se a personalidade da mãe das irmãs pobres (esta parece ter sido a designação mais primitiva das irmãs de Santa Clara) e sua profunda liberdade interior, mesmo com relação a Francisco. Ele manda cinco jovens. Tudo indica que não o fez uma vez só, ou seja, que de quando em vez mostrava a jovens o caminho que levava a São Damião. Desta vez, Clara recebe quatro, não achando idônea a quinta. A testemunha que conta o episódio fala do espirito de profecia da madre (mãe). Talvez não se tratasse tanto de espirito de profecia, mas de sensibilidade para o discernimento, dom humano que resulta da docilidade ao Espírito. Vale transcrever o depoimento da Irma Cecilia, filha de Messer Gualtieri Cacciaguera de Spello: ”Também disse que dona Clara tinha espirito de profecia. Num dia em que São Francisco mandou cinco mulheres para serem recebidas no mosteiro, ela se levantou e recebeu quatro, dizendo que não ia aceitar a quinta porque não perseveraria no mosteiro... depois acabou recebendo-a pelo muito que importunou, mas mulher ficou só meio ano” (Processo 6,15)

5. Este episódio mostra algo a respeito de problemas concretos de uma comunidade nos seus inícios, manifesta a atenção de Clara ao valor fundamental de uma vocação ou chamamento: a divina inspiração que considerava requisito essencial para abraçar a Forma de vita. Em maio deste ano entra em São Damião Irmã Cristiana de Messer Bernardo de Suppo de Assis que conhecia Clara quando mocinha, porque morava na sua casa. Dando seu testemunho no Processo, ela contará pormenores da fuga que certamente só ele conhecia (13,1). No ano seguinte chega uma outra concidadã: irmã Inês de Oportulo, molto mammola, ou seja, ainda criança. Contará quanto ficou impressionada no primeiro período do mosteiro: lembrava-se do cilício feito de pelos de cavalo trançados que Clara usava. A nova irmã tentou usá-lo por três dias, mas não aguentou. Tudo isso denota o clima de família que respirava a sororidade (fraternidade de irmãs).

6. Nesse interim, O cardeal Hugolino deseja conhecer Clara. Sua fama tinha chegado até ele. Na Páscoa de 1220, ele se encontra em Assis e se dirige a São Damião. Fica fascinado com a personalidade desta jovem que conversa com ele com toda simplicidade. Clara, nesta altura, está com 27 anos. Quando conversam a respeito do Corpo de Cristo, o prelado experimenta uma profunda alegria quando se dá conta de que tudo o que Clara diz vem de uma íntima fonte de vida interior vivida com o Senhor na qualidade de amado e amada. Voltando depois ao lugar de trabalho sente saudades desse encontro. Escrevendo a Clara designa-a de mãe de sua salvação, confiando-lhe sua alma e seu espírito. Em seu Escrito, Hugolino exprime um sentido profundo da missão da mulher consagrada, que entregando-se sem reserva, com Cristo, gera irmãos para a vida da graça. Clara crescerá nesta consciência, vivendo sua vocação numa dimensão materna e mariana, como colaboradora de Deus e aquela que soergue os membros frágeis do Corpo inefável de Cristo.

7. Os anos que se seguiram á visita de Hugolino são caracterizados pela tentativa de fazer com que os mosteiros que viessem a surgir se caracterizassem por uma pobreza radical, naquilo que Clara chamava de sua Ordem. As comunidades que começam a nascer olham para a sororidade (fraternidade de irmãs) como ponto de referência, desejando adotar o mesmo estilo de vida. Alguns mosteiros buscam assumir a Forma vivendi dada por Francisco. Pode ser que neste momento irmãs que tinham vivido em São Damião tenham saído para novas fundações. Começaria, assim, a difusão do espírito de São Damião.

5 de abril de 2011

Campanha da Fraternidade 2011 - "Fraternidade e Vida no Planeta"

Quaresma é tempo de escuta da Palavra, de oração, de jejum e da prática da caridade como caminho de conversão, tendo como horizonte a celebração do Mistério Pascal de nosso Senhor Jesus Cristo. E somos convidados a aproveitar esse tempo de graça, valorizando os canais pelos quais esta se comunica: a oração, a participação nos sacramentos da penitência e da eucaristia, as práticas devocionais deste período, de modo especial a Via Sacra e o Santo Rosário.

No mundo em que vivemos, somos diariamente interpelados por tantos rostos sofredores, que clamam por nossa solidariedade. A Igreja samaritana não pode passar adiante, na presença de tantos irmãos e irmãs que dela esperam acolhida fraterna, ombro amigo, mãos generosas, que os ajude em sua caminhada para o Pai.

A Campanha da Fraternidade é um excelente auxílio para bem vivermos a Quaresma. Com sua metodologia característica do Ver - Julgar - Agir, baseada, a cada ano, num Tema e num Lema, a Campanha da Fraternidade nos oferece uma ótima oportunidade para superarmos qualquer dicotomia entre fé e vida.

Este ano, a CNBB propõe que todas as pessoas de boa vontade olhem para a natureza e percebam como as mãos humanas estão contribuindo para o fenômeno do aquecimento global e as mudanças climáticas, com sérias ameaças para a vida em geral, e a vida humana em especial, sobretudo a dos mais pobres e vulneráveis.

É nesse contexto que a CNBB propõe para 2011, a Campanha da Fraternidade com o tema "Fraternidade e a vida no planeta", e como lema "A criação geme em dores de parto (Rm 8,22)".

Na medida em que cada cristão ou cristã for capaz de vivenciar seriamente o próprio batismo, sua conversão diária não será mais mera questão de retórica, mas será uma dimensão permanente em sua vida.

Que o Senhor da Vida nos abençoe a todos em nossa caminhada quaresmal, e mais ainda, em nossa marcha diuturna, na direção do Reino que nos foi preparado antes da fundação do mundo (cf. Ef 1). Associados à morte de Cristo pelo Batismo, nós o seremos, também, na sua ressurreição. E Deus será tudo em todos.

Objetivos da CF 2011

Para a Campanha da Fraternidade de 2011, a Igreja no Brasil propõe, como Objetivo Geral: contribuir para a conscientização das comunidades cristãs e pessoas de boa vontade sobre a gravidade do aquecimento global e das mudanças climáticas, e motivá-las a participar dos debates e ações que visam enfrentar o problema e preservar as condições de vida no planeta.

Para atingir este objetivo, são propostos os seguintes objetivos específicos:

>> Viabilizar meios para a formação da consciência ambiental em relação ao problema do aquecimento global e identificar responsabilidades e implicações éticas;

>> Promover a discussão sobre os problemas ambientais com foco no aquecimento global;

>> Mostrar a gravidade e a urgência dos problemas ambientais provocados pelo aquecimento global e articular a realidade local e regional com o contexto nacional e planetário;

>> Trocar experiências e propor caminhos para a superação dos problemas ambientais relacionados ao aquecimento global.

Serão adotadas as seguintes estratégias:

>> Mobilizar pessoas, comunidades, Igrejas, religiões e sociedade para assumirem o protagonismo na construção de alternativas para a superação dos problemas socioambientais decorrentes do aquecimento global.

>> Propor atitudes, comportamentos e práticas fundamentados em valores que tenham a vida como referência no relacionamento com o meio ambiente;

>> Denunciar situações e apontar responsabilidades no que diz respeito aos problemas ambientais decorrentes do aquecimento global.

4 de abril de 2011

Meditação Diária


O amor é a ocasião única de amadurecer, de tomar forma, de nos tornarmos um mundo para o ser amado. É uma alta exigência, uma ambição sem limites, que faz daquele que ama um eleito solicitado pelos mais vastos horizontes. O amor é a ocasião perfeita para que sejamos educados para uma vida de compromisso e de solidariedade.

Coloque força de vontade em tuas ações. Seja gentil com as pessoas e demonstre prazer e alegria por aquilo que fazes. Na delicadeza firme de ser aquilo que és, transparecerá sempre o amor, o zelo e o cuidado pela vida...

Frei Paulo Sérgio de Souza, OFM

1 de abril de 2011

1ª sexta-feira do mês -DO CORAÇÃO DE CRISTO EMANA UMA BEBIDA ESPIRITUAL

A palavra de Deus é a árvore da vida a oferecer-te por todos os lados o fruto abençoado, à semelhança do rochedo fendido no deserto que, por todo o lado, jorrou a bebida espiritual. Comiam, diz o Apóstolo, do alimento espiritual e bebiam da bebida espiritual (Santo Efrém, Liturgia das Horas III, p. 173).
1. Efrém, o diácono, poeta e músico, descreve a palavra de Deus. Tenta defini-la. A palavra de Deus é a arvore da vida. Poderíamos esperar outras metáforas: semente, comunicação interior, sussurro, segredo revelado ao coração. Mas ele diz que ela é árvore da vida. Quando fala em Palavra de Deus pensa na Sagrada Escritura, cujos escritos são precisamente considerados como palavra de Deus. Efrém diz que a palavra é uma árvore frondosa, que oferece frutos de todos os lados. Sim, podemos entender. Ao longo do tempo, nas estações da vida, estendemos as mãos e colhemos aqui e ali um fruto que nos alimenta. As inspirações do Senhor chegam até nós como forte alimento.
2. Hoje se fala muito em leitura orante da Bíblia, lectio divina que não consiste apenas numa leitura pragmática e interesseira da Bíblia. Cuidado com as ilusões. Não basta reunir meia dúzia de pessoas, ler alguma coisa da Bíblia e dizer que fomos alimentados. Há muitos cuidados a serem tomados para que se possa dizer que determinada leitura da Bíblia seja orante, seja alimento e bebida. Fica claro: assim como os frutos da árvore alimentam, da mesma forma a palavra nutre espiritualmente.
3. Árvore lembra a cruz, o lenho da cruz, a cruz cheia de vida, a árvore que produziu o mais substancioso e vigoroso fruto chamado Jesus oferta, Jesus que ama até o fim. Um fruto sem acidez, sem gosto amargo. Dizer que a Palavra é a árvore da vida quer dizer que Deus fala pela cruz e sobretudo por aquele que ali está pendurado e morre. Cirilo de Jerusalém diz: “A salvação sempre veio do madeiro. Com efeito, no tempo de Noé a vida foi conservada pela arca de madeira. No tempo de Moisés, ao ver o seu bastão, o mar intimidou-se diante daquele que o golpeava. Teve, então, tanto poder o bastão de Moisés e será ineficaz a cruz do Salvador?” (Lecionário Monástico, II, p. 473).
4. Efrém fala de uma árvore que oferece vida por todos os lados, como o rochedo fendido no deserto que dessedentava a garganta ardente do povo. O lenho da cruz é “rompido” e esparge água viva. No lenho da cruz está o Cristo. O soldado abre-lhe o lado e esparge o amor. É o tema do Coração do Senhor que aparece no peito aberto. Continua Cirilo: “O madeiro, no tempo de Moisés, abrandou a água. E do lado de Cristo, a água correu sobre o madeiro. A água e o sangue constituíram o primeiro dos sinais de Moisés; o mesmo ocorreu no último sinal de Jesus. Primeiro Moisés mudou o rio em sangue; Jesus, no fim, deixou correr de seu lado água e sangue” (Idem, ibidem).
5. No alto da cruz está a síntese da Palavra de Deus, da comunicação de Deus, da força do amor-palavra. No madeiro, na árvore está a vida que vem de Deus. Não existe maior amor do que na solidão e na dor entregar-se no amor a todos. Contemplando o peito aberto de Cristo os verdadeiros e sinceros discípulos sempre viram a maior comunicação do amor do Altíssimo. Não cultivamos uma devoção melosa e sentimental. Temos um desejo de plenitude que é colocado em nós por aquele que nos plenifica, o Senhor. Bebendo da água do amor estaremos caminhando para tal plenitude. Essa fonte é tão generosa que nunca seca. Somos seres insaciáveis de vigor, de vida, de plenitude. Por isso, Efrém continua: “O sedento enche-se de gozo ao beber e não se aborrece por não poder esgotar a fonte. Vença a fonte a tua sede, mas não vença a tua sede a fonte. Pois se a tua sede se sacia sem que a fonte se esgote, quando estiveres novamente sedente dela poderás beber. Se, porém, saciada tua sede também se secasse a fonte, tua vitória redundaria em mal” (Idem, ibidem).
6. É João Crisóstomo que fala belamente dos frutos da árvore. Fala que do lado do Senhor saiu sangue e água. “Não quero, querido ouvinte, que trates com superficialidade o segredo de tão grande mistério. Falta-me ainda explicar-te outro significado místico e profundo. Disse que esta água e este sangue são símbolos do batismo e da eucaristia. Foi desses sacramentos que nasceu a santa Igreja, pelo banho da regeneração e pela renovação do Espírito Santo, pelo batismo e pela eucaristia que brotaram do lado de Cristo. Pois Cristo formou a Igreja de seu lado traspassado, assim como do lado de Adão foi formada Eva, sua esposa” (Lecionário Monástico, II, p. 580).
O sedento enche-se de gozo ao beber e não se aborrece por não poder esgotar a fonte. Vença a fonte a tua sede, mas não vença a tua sede a fonte. Pois, se a tua sede se sacia sem que a fonte se esgote, quando estiveres novamente sedento, dela poderás beber. Se, porém, saciada tua sede também secasse a fonte, tua vitória redundaria em mal (Santo Efrém, idem, p. 174).