27 de setembro de 2013

A MÍSTICA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS - Introdução


Por Frei Vitório Mazzuco, OFM

INTRODUÇÃO AO TEMA

Estamos vivendo um grande momento de visualização da proclamação da sede do divino. Seria uma reação contra o esvaziamento religioso-espiritual da passagem dos tempos modernos? Uma revanche do sagrado sobre a cultura profana? O certo é que estamos vivendo um forte momento de um movimento psico-místico-paracientífico-espiritual-terapêutico. Alguns falam da necessidade de uma cura interior. Outros sonham com a volta da garantia aos filhos da terra, de um lugar privilegiado sob o olhar misterioso da Divindade.

Estamos vivendo também um tempo de uma onda mística que reflete forte dose compensatória de carência existencial. Mas a mística não é uma experiência espiritual que pertence a uma elite espiritual, mas é uma experiência aplicável à toda humanidade no seu dia a dia.

A MÍSTICA É A UNIÃO AMOROSA COM O MISTÉRIO ATRAVÉS DA CONTEMPLAÇÃO DO MISTÉRIO.

1- O mistério como objeto da mística
2- A contemplação como método da mística
3- A união amorosa como finalidade da mística

O curso em questão tem como tema A MÍSTICA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS (1181/1182-1226), uma testemunha eloquente que viveu uma PROFUNDA MÍSTICA DE DEUS. Sem dúvida, o Santos de Assis, é um dos grandes místicos da história do cristianismo. Contudo, não deixou nenhum escrito sistemático sobre a sua experiência mística, a sua visão sobre a mística e contemplação, ou o conteúdo e método da sua experiência. Mas isto não impede a possibilidade de buscar a identidade de tal experiência. Cada experiência originária do mistério divino não depende da reflexão verbalizada. São Francisco deixou uma rica fonte de escritos, e a maior parte destes escritos sugiram desta experiência originária do mistério divino.

O Santo de Assis no século XII e nós, hoje no século XXI, precisamos nos encontrar na força iniciática; na busca incessante do mistério divino em todos os detalhes da existência. Há no ar uma convocação para fechar a boca num silêncio que fala; a atitude de recolhimento para colher o essencial; o nascivo do contexto religioso extremo bem ligado ao mistério; a experiência mais interna; a realidade mais transcendente; a vivência de uma causa pela qual vale a pena entregar a própria vida. Uma escuta da voz interior; um ser totalmente envolvido por um projeto; um fenômeno interno do espírito; uma comunhão com o mundo do divino.

O sagrado atrai a criatura
A criatura deixa-se atrair
“Seduziste-me, Senhor, e deixei-me seduzir!” (Jr 20,7)

Mística... não vamos nos preocupar se temos ou não temos, mas desde já, abrir o nosso coração para encontrar-se com ela. Que o caminho deste Curso seja de entusiasmo, isto é, daqueles que tem um Deus dentro. Sempre quando somos entusiasmados, somos divinos.

Esta é a força contagiante de São Francisco de Assis: ele é naturalmente uma mística fontal em sua natureza mais íntima; e aqui está a sua eterna magia e seu poder de atração.

É preciso ter o faro místico espiritual para sentir o cheiro de Deus que passa. Ter mais perfume na vida.

Continua...

Texto extraído do blog: http://carismafranciscano.blogspot.com.br/

NOVOS DESAFIOS PARA UM VELHO TEMA: A FORMAÇÃO FRANCISCANA - CONCLUSÃO


Por Frei Vitório Mazzuco Fº

Na Formação Franciscana é preciso viver um CAMINHO como um PROCESSO. Não é viver de programas e normas estáticas, mas uma NOVIDADE CRIATIVA. A Vida tem que se transformar no ALGO MAIS do Seguimento. Formação é sempre um salto qualitativo no ideal que abraçamos. No final de cada etapa perguntar: eu mudei? Eu cresci como pessoa?

Faz parte do Caminho dos Convertidos. Não há conversão pronta, pontual, acabada, mas sim um processo de RE-ORIENTAÇÃO DA VIDA!

 Que seja uma Formação Franciscana que cresça sempre perguntando: Onde estamos? Para onde queremos ir? Onde queremos chegar como Fraternidade? Que Fraternidade queremos? Como liberar o dinamismo adormecido nas Fraternidades? Não podemos ajuntar as experiências, trocar mais idéias sobre a FF? Que modelos temos nas Entidades, nos Grupos, nas Fraternidades? Que passos damos do real para o ideal? Que meios e recursos usamos para chegar à uma boa Formação Franciscana? Com estes questionamentos podemos chegar a uma iluminação de nossas práticas formadoras. Um consenso partilhado. Avaliar sempre!

Precisamos ouvir e perceber mais os fenômenos internos, os modelos vivos que temos em nossa caminhada.

Descobrir mais PRIORIDADES na formação e investir aí, prioridades de compromissos. Fazer algo mais; fazer algo melhor.

 Aplicar sempre a Formação Franciscana à Vida!

 Trabalhar uma Pedagogia Franciscana. Sabemos a meta, mas não sabemos o como. Mais do que ensinar temos que aprender elaborar pensamentos, conteúdos, questionamentos e respostas. Nós não somos só uma grande bagagem de documentos e livros. Somos um grupo humano que enfrenta o desafio de ser forte e autêntico.

 Formar não é empurrar algo para dentro, mas sim trazer para fora uma identidade que soa em nossa intimidade

 A Formação Franciscana é um caminho para toda a vida. Temos que ter uma disponibilidade ativa e inteligente de quem se deixa formar pela Vida Franciscana e para a Vida em geral, deixando-se moldar por Jesus Cristo, pelo Evangelho, por São Francisco, Santa Clara e pela grande e imensa convivência fraterna. Estes são os verdadeiros autores da Formação! Esta é uma tarefa sempre pendente. Nunca tem fim!

Vamos dar um peso formativo ao nosso dia a dia!

    PAZ E BEM!


Frei Vitório Mazzuco, OFM

Extraído de : http://carismafranciscano.blogspot.com.br/

NOVOS DESAFIOS PARA UM VELHO TEMA: A FORMAÇÃO FRANCISCANA - 4


Por Frei Vitório Mazzuco Fº

 RESISTÊNCIAS A UMA FORMAÇÃO INSTITUCIONALIZADA
  
>> Sempre vemos a Formação Franciscana a partir do ponto de vista do outro (a). Formadores (as) marcam a nossa vida para sempre, positivamente ou negativamente. Alguns são feridos do sofrimento do passado. Pode tornar-se uma relação de amor e ódio. Não estou de acordo com suas ideias, mas qual é o meu conceito de formação? Não estou de acordo com sua ideia, mas sou seu irmão (ã).

>> Uns são lógicos, outros são críticos, alguns proféticos, muitos santos. Uns atualizam-se outros não têm abertura para mudanças ou para escutar o diferente.

>> Somos acostumados a medir o sucesso. Na escola, isto é mais fácil; mas como medir o sucesso quando a Formação Franciscana é um processo para toda a vida? Não precisamos medir sucesso, temos é que ser fiéis.

>> Medo de perder a segurança do velho sistema e organização (perder o controle, o poder, o status). Não querer mudar o modo de pensar. Não querer envolver-se como pessoa para não mostrar a própria vulnerabilidade.

>> “Isto eu já sei!”; “Isto eu já conheço!”. Viver num plano superior; já sabe de tudo, vive no andar de cima sem querer conhecer o andar de baixo; sabe muito, mas não consegue entender o que é a Pobreza.

>> A nossa Formação Franciscana corre o risco de ser muito espiritual, muito abstrata. Em São Francisco não era assim, o humano e o mundo emergem com naturalidade. Ele tinha um modo interdisciplinar, isto é, uma visão mais holística da vida; uma FF que leve a um modo amplo de viver. Se o Franciscanismo é a religião da Encarnação (cfr. CBCMF), a Encarnação é holística.

>> Não ter medo da riqueza do grupo, do peso da responsabilidade, da Formação Franciscana imposta, mas ter a coragem de questionar quando a FF é apenas intelectual e cerebral e não vem do coração. Não pode ser teórica informativa, tem que ser experiencial formativa.

* O método tem que envolver toda a pessoa.
* Há muito improviso.
* Falta desejo e sonho.
* Distanciamento entre programa e vida.
* Não se abraça como um dever para toda a vida.
* Interroga-se mais os métodos do que os conteúdos.

* A FF não pode ser apenas o que está na cabeça do Formador (a).


NOVOS DESAFIOS PARA UM VELHO TEMA: A FORMAÇÃO FRANCISCANA

>> Que ela leve a um confronto com a vida pessoal e comum e não apenas a um confronto com os  textos.

>> A fragmentação pós moderna também atingiu a Formação Franciscana. Cresce o valor da Espiritualidade, mas a multiplicidade de escolhas de outras espiritualidades pode tirar, de certa forma, o foco da espiritualidade escolhida como Forma de Vida.

>> Nas diversas entidades (Ordem, Províncias, Congregações, OFS), a formação tem um programa, nas Fraternidades Locais não.

>> É preciso ter mais consciências que encontros, cursos e retiros são grandes momentos privilegiados da Formação Franciscana. Tudo é Formação Franciscana... mas,  busca-se outras atividades.

>> Que a Formação Franciscana seja um processo de transformação da pessoa. A raiz de toda Formação Franciscana é a transformação. Até então, o centro da Formação Franciscana era (e continuará sendo) o Seguimento; a partir da convocação dos tempos de hoje, a ideia de pessoa muda o conceito da Formação. A modernidade usa a Liberdade como caminho de busca da pessoa. Liberdade é entender-se e realizar-se como pessoa.

>> A Liberdade de não estar tão preso a leis, normas, conceitos e autoridade.

>> A Liberdade para optar por uma escolha grandiosa. A liberdade de confrontar-se com valores que dão consistência à existência. Uma responsabilidade de converter-se em pessoas livres para comprometer-se com valores.

>> A liberdade de sentir-se finito, limitado, pequeno... mas... livre!


Continua...

Extraído de: http://carismafranciscano.blogspot.com.br/

26 de setembro de 2013

Reflexão - Motivação


“Habilidade é o que você é capaz de fazer. Motivação determina o que você faz. Atitude determina o quão bem você faz” (Lou Holtz). 

Motivação é a arte de fazer as pessoas fazerem o que você quer que elas façam porque elas o querem fazer. Aí está um grande segredo: proporcionar alegria e bem estar para as pessoas da sua equipe, de maneira que todos se empenhem numa meta, num objetivo comum. Lembre-se: “Espíritos fortes são motivados por propósitos dinâmicos” (Kenneth Hildebrand).

Motivação e comunicação estão intrinsecamente ligadas. Então seja um excelente comunicador dentro da sua equipe. Procure dar “feedback” e não deixe de responder aquilo que se faz necessário. Quando você se importa com as pessoas, você, na verdade, está demonstrando amor por elas e por aquilo que fazem…

Frei Paulo Sérgio, ofm

25 de setembro de 2013

25/09 - Bem-aventurada Lucia de Caltagirone


Virgem religiosa da Terceira Ordem Regular (1360-1400). Leão X concedeu ofício e missa em sua honra no dia 4 de junho de 1514.

Lúcia nasceu em Caltagirone, na Sicília, por volta de 1360. Seus pais a educaram na piedade e ela sabia maravilhosamente corresponder às suas expectativas. Eles eram devotos de São Nicolau de Bari e experimentaram várias vezes sua proteção. Um dia, Lucia subiu a uma figueira para colher frutas e foi pega de surpresa por uma forte tempestade com granizos e relâmpagos. Um raio atingiu a árvore onde Lúcia estava, derrubando-a ao chão quase morta. Em sua mente, ela viu a figura de um santo ancião, São Nicolau de Bari, que a tomou pela mão e a entregou de volta para a família.

Aos 13 anos, ela deixou sua cidade natal, na Sicília, para seguir a uma piedosa terceira franciscana em Salerno. Logo depois que esta guia espiritual morreu, Lúcia entrou para um convento das irmãs de Salerno, que seguiam a Regra franciscana.

Ali se distinguiu pela fiel prática de suas funções e em especial pelo amor à penitência, que havia se comprometido para expiar os pecados da humanidade e, sobretudo, por uma participação mais íntima nos sofrimentos de Cristo. Por algum tempo, ela exerceu o cargo de mestra de noviças. A fama de suas virtudes se espalhou. Muitos recorreram a ela para pedir orações e conselhos. Ela passou muito tempo em oração, meditação e contemplação nas coisas celestiais.

Muitas vezes, a terra nua serviu como uma cama, um pouco de pão e água era o seu sustento. Os nobres vinham a ela, e ela consolava os aflitos, chamava à penitência os pecadores, edificava os piedosos. Deus confirmou com prodígios sua santidade.

Tinha alcançado 40 anos e estava pronta para o céu. Sua vida austera, sofrimentos prolongados e dolorosos minaram sua saúde. A convite do noivo celestial, a sua alma alegre voou para o céu em 1400. Após sua morte, operou muitos prodígios. O culto e a veneração a ela sempre cresceram não só em meio ao povo salernitano, mas nas regiões vizinhas até que o Papa Leão X, em 4 de junho de 1514, em sua homenagem, concedeu ofício e missa.

23 de setembro de 2013

NOVOS DESAFIOS PARA UM VELHO TEMA: A FORMAÇÃO FRANCISCANA - 3


Por Frei Vitório Mazzuco Fº

>> A Formação Franciscana não é uma atividade em nossa vida; mas é a nossa vida iluminando as nossas atividades. A partir da Formação Franciscana temos que oferecer  um impulso importante.

>> O assunto sempre é atual e sempre retorna quando falamos de Educação, Formação, Animação, Acompanhamento, e nos últimos tempos está surgindo a ideia da Formação Personalizada.

>> Ensinamento e Aprendizado. Passar do Ensinamento (os documentos dizem, os livros dizem, as Fontes dizem, a tradição diz, os estudos dizem, a minha antiga mestra ou mestre disse) para a Aprendizagem (o Discipulado, isto é, não basta ter uma perspectiva religiosa para a vida, escolhi seguir um caminho franciscano e clariano e isto faz a diferença). A passagem do Ensinamento para o Discipulado não é um fácil. Há muita resistência em formar-se. É sentir e assumir uma sabedoria de vida, um conhecimento de um determinado tipo de vida. É permear a vida pelo Evangelho e não apenas passar uma informação técnica. É trabalhar a vida de um modo pleno.

>> O que muita gente hoje chama, por exemplo de Vida Religiosa, é apenas trabalho religioso. Há uma força do fazer e do como fazer, mas nem sempre é nítido o porquê se faz.

>> A Formação Franciscana é um contínuo caminho de Discernimento; uma educação adulta para adultos; que ela possa oferecer elementos de uma pedagogia com valores claramente franciscanos e que ajude a animar a vida cotidiana pessoal e comunitária.


Continua no tema "RESISTÊNCIAS A UMA FORMAÇÃO INSTITUCIONALIZADA"

Extraído de: http://carismafranciscano.blogspot.com.br/

19 de setembro de 2013

NOVOS DESAFIOS PARA UM VELHO TEMA: A FORMAÇÃO FRANCISCANA - 2


A FORMAÇÃO FRANCISCANA PRECISA INDICAR NOVOS CAMINHOS DE FIDELIDADE CRIATIVA.

Por Frei Vitório Mazzuco Fº

   A Formação Franciscana precisa espaço suficiente a todos os caminhos feitos até agora e falar a partir de uma forte experiência. O que ela nos legou foi uma boa biblioteca de documentos. O que mais existe são Documentos dobre a Formação, e mesmo assim, precisamos de uma maior vibração. Corremos o risco de que Mestres (as) da Formação nos preparem para uma vida que não existe.

  Temos belos documentos, mas cada um (a) faz o que quer. A Formação Franciscana está apenas nos cursos e nas cabeças; quando sabemos que a nossa vida muda a partir do coração e do sentimento. Documentos cansam; o repasse verdadeiro de uma experiência atrai.

  Sem a Formação Franciscana não podemos saciar a sede de plenitude, para motivar as diversas etapas de nossa vida. Somente a sede saciada pode ser comunicada. Não podemos anunciar aquilo que as nossas mentes, mãos e corações não possuem e não tocam.

  Temos uma bagagem formativa extraordinária e não podemos ser bloqueados e rígidos; não podemos ocultar as nossas forças, mas libertar as energias do espírito que nos une.

1. ALGUMAS AFIRMAÇÕES SOBRE A FF

  A Formação Franciscana tem que ser boa notícia. Ela é a garantia do modo como vivemos o Evangelho e se não vivermos a radicalidade do Evangelho não seremos boa notícia e não teremos espaço no mundo.

  O Evangelho e a Formação são nossas prioridades. Quero apresentar aqui alguns desafios para a nossa prática formadora. Trabalhei trinta anos na Formação Franciscana, porém, não me sinto um especialista, busco apenas as experiências, e a partir delas quero tecer este bloco de idéias para a nossa reflexão:

Continua...

Extraído de: http://carismafranciscano.blogspot.com.br/

11 de setembro de 2013

NOVOS DESAFIOS PARA UM VELHO TEMA: A FORMAÇÃO FRANCISCANA


Por Frei Vitório Mazzuco Fº

INTRODUÇÃO

Entra ano e sai ano, quando o assunto e a prática é a Formação Franciscana, vemos sempre os mesmos atuando. Mestres (as) permanecem anos em sua função. Isto é preocupante. Por que a FF não atrai? Por que encontramos formadores (as) às vezes cansados e tristes, ou não querendo mais aceitar a função ou dar uma certa continuidade a um Plano de Formação?

A Formação é de todos. A fidelidade ao Carisma é de todos. A criatividade de Francisco e Clara e das Fontes Franciscanas e Clarianas são de todos. Todos participamos desta profecia para o futuro, deste motor de esperança para o futuro. Um apelo para situar nosso Carisma em tempos delicados e desafiadores que estamos vivendo; uma docilidade à Inspiração e Discernimento; uma entrega de tantas vidas que vão construindo uma missão no mundo... Dar a vida é atualizar o Carisma... e porque nem sempre a Formação consegue passar esta força?

Continua...


Extraído de:  http://carismafranciscano.blogspot.com.br/

9 de setembro de 2013

Reflexão - Caminho


“Nossa vida é um caminho, quando paramos, não vamos para frente” (Papa Francisco). 

A vida das pessoas é uma grande teia de caminhos emaranhados que se cruzam a todo e qualquer momento, mais de uma vez até, ou não, mas sempre estarão interligados. Nossos caminhos devem nos conduzir ao ideal, à meta, à ponte que possibilita a travessia sobre o abismo da desesperança. A vida, meu caro, é travessia, é transcendência, é passagem para algo maior e mais pleno…

Procure traçar e seguir o seu caminho, pois ele é único. Por mais que os caminhos das outras pessoas possam entrecruzar com o seu e até estar muito próximo, o seu caminho é único. Então, siga-o! Você poderá experimentar momentos de solidão, mas o amor de Deus e daqueles que te amam será sempre a energia e a luz a te consolar e a te guiar…

Tenha uma ótima, abençoada e produtiva semana!

Frei Paulo Sérgio, ofm

6 de setembro de 2013

“O lado divino do Senhor”

Cruxifixo Sobre esta árvore o Senhor, como um valente guerreiro, ferido diante combate em suas mãos, nos pés e em seu lado divino, curou as chagas de nossos pecados, isto é, curou a nossa natureza ferida pela serpente venenosa (Teodoro Estudita, Liturgia das Horas  II, p. 610)

1. O valente guerreiro caminhou a passos decididos rumo a Jerusalém onde haveriam de se dar os acontecimentos últimos de sua trajetória. Abandonado por todos, aparentemente até mesmo pelo próprio Pai,  Jesus experimenta o frio da solidão.  Houve feridas em seu interior:  a incompreensão dos religiosos de seu povo, a indiferença de tantos, a negação dos próximos mais próximos. Houve a cruz e as feridas de seus membros:  mãos, pés e a ferida do seu lado divino. Os místicos sempre ficaram fascinados com essa ferida do lado divino.

2. Triste o espetáculo dos feridos, de tantos feridos. Nos campos de guerra, nos combates na grande cidade, em assaltos e  acidentes encontramos muitos feridos. Corpos despedaçados, sangue misturado da lama e vida se esvaindo… A dor das feridas é indescritível. Aquele serzinho sonhado pelos pais, educado com amor, pessoa que foi crescendo, agora é adulto.  Foi ele enviado com colegas, como soldado,  para defender a pátria em campos de guerra.  E na vastidão de um campo ou no meio de pântanos alguns morrem e muitos outros saem feridos.  Uns sem braços, outros com as vísceras expostas, outros com chagas purulentas…Esses tantos feridos.

3. O filho de Maria tem seu corpo cheio de chagas.  Sofre nas mãos e nos pés.  Sofre de solidão. Teodoro Estudita (sec. IX) se extasia diante do tema da cruz, do lenho da cruz, da árvore nova. Nela foi alçado Jesus, árvore que tem como fruto, o mais belo de  todos os filhos dos homens e ao mesmo aquele mais parecia com verme. A árvore do paraíso levou à morte.  Esta nova árvore,  a árvore do homem das chagas, do valente guerreiro, é  a árvore da vida. “É uma árvore que não  gera a morte, mas a vida, que não difunde as trevas, mas a luz; que não expulsa do Paraíso, mas nele introduz.  A esta árvore subiu Cristo, como um rei que sobe num carro triunfal, e venceu o demônio, detentor  do poder da morte, para libertar o gênero humano da escravidão do tirano” (p. 610).

4. Há esses seres humanos  jogados nos campos de guerra depois de uma batalha, derrotados, mortos, recolhidos para serem sepultados. Antes que ele, o mais belo de todos os filhos dos homens, desfigurado por sua paixão, fosse tirado da cruz e levado para o sepulcro, seu lado foi aberto, saíram sangue e água, frutos que saboreamos na mesa da eucaristia e na piscina do batismo. Somos seres fortalecidos e criaturas límpidas e tudo devemos ao lado divino de Jesus.

5. Na história da salvação muitos personagens já haviam prenunciado a cruz do lado aberto. Noé escapara da morte numa frágil arca de madeira. Moisés destrói as serpentes venenosas com sua vara. Abraão prenunciou o cruz quando colocou seu filho amarrado sobre um feixe de lenha. Sobre a cruz, o lado divino de Jesus nos curou da morte e nos levou rumo à vida:  “Pela cruz a morte foi destruída e Adão recuperou a vida. Pela cruz todos os apóstolos foram glorificados, todos os mártires coroados e  todos os que creem, santificados.  Pela Cruz fomos revestidos de Cristo, ao nos despojarmos do homem velho. Pela cruz, nós ovelhas de Cristo, fomos reunidos num só rebanho e destinados às moradas celestes” (p. 611).

6. “Senhor Jesus, vivo e ressuscitado. No mistério da fé, vejo uma claridade em teu lado, lado aberto e transfigurado, lado reluzente, lado do valente guerreiro que morreu de amor para o amor fosse derramado em nossos corações. Tu nos deste a alegria de viver”.

Frei Almir Ribeiro Guimarães

Fonte: http://www.franciscanos.org.br/