Hoje, comemoramos a festa de Santo Antão, tido como pai da vida monacal em particular e, de modo mais amplo, da vida religiosa.
Desde sempre na comunidade dos que seguem a Jesus houve um desejo de viver séria e radicalmente as exigências do Evangelho. Houve momentos de desafio e que pediam coragem dos seguidores de Cristo.
Pensamos aqui no tempo das perseguições. Os cristãos se escondiam ou eram levados às arenas. Nesses momentos, a fé ganha vigor e força. Terminado o tempo das perseguições, alguns dos seguidores de Cristo sentiram que os cristãos se tornavam fragilizados, mais do que isso, medíocres. Por isso, alguns, como Antão, resolveram afastar-se do burburinho e refugiar-se no deserto. Nascia, assim, a vida religiosa consagrada que deverá existir sempre na Igreja como um constante convite a que os cristãos vivam no mundo como se não fossem do mundo.
Antão, com efeito, vai para o deserto. Vende tudo o que possui. Vive modestamente e, devido à sua alta estatura espiritual, atraía pessoas que queriam viver o Evangelho sem dobras e pela metade. Saía de um mundo e criava um mundo novo.
Fazia cestos de vime, ganhava o necessário para viver e antecipava o futuro com sua vida e com os votos que professava: pobreza, penitência, jejuns, castidade. Ele e seus primeiros companheiros traziam para o hoje o fim dos tempos quando ninguém mais se casa, onde Deus é tudo em todos.
Vida consagrada, vida religiosa! Um cristão se sente chamado a deixar tudo o que o prende às penúltimas coisas. Quer viver aqui e agora aquilo que vivem os santos da glória. Normalmente, a vida religiosa consagrada consiste no seguimento mais radical possível de Cristo.
Os religiosos se expropriam de bens e de seus interesses. São pessoas livres de apegos. Buscam uma tal intimidade como Cristo esposo que, sem desprezar a santa instituição do casamento, vivem no amplexo radical com Cristo esposo. Tendo-se expropriado de si são ouvintes atentos dos desejos do Senhor. Vivem, as mais das vezes, em fraternidades ou comunidades que são espaços de atenções mútuas. Boa parte de seu tempo é dedicada ao colóquio com o Senhor e à contemplação. E todos, mesmo os contemplativos, sentem-se enviados. São ardorosos missionários.
A Igreja em nossos dias necessita de cristãos que tenham a alegre ousadia de viver uma pobreza que seja pobreza, que comece no coração, homens e mulheres livres para ouvir e realizar a vontade de Deus em suas vidas e no mundo, homens e mulheres livres que amem de verdade o Senhor, com um amor esponsal e puro, transparente e fecundo, homens e mulheres que vivem buscando um tesouro do evangelho nos campos da vida.
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