25 de julho de 2011

Páginas Franciscanas

O VOTO DE POBREZA

Nossa Página Franciscana é da autoria de Frei Giacomo Bini. Ele escreve sobre o voto de pobreza (A Ordem hoje. Reflexões e perspectivas, p. 35-37)

Portanto, nada de vós retenhais para vós, para que totalmente vos acolha aquele que totalmente a vós se oferece (Carta a toda a Ordem, 29).

    1. O voto de pobreza nos liberta da avidez do acúmulo, da sede insaciável de ter o mais possível, o melhor e logo, porque encontramos nossa “suficiente riqueza” (EV 4). Protege-nos contra qualquer tipo de posse e, por isso, não absolutizamos a casa em que vivemos nem o trabalho que fazemos nem as compensações que “merecemos”, sejam elas materiais ou psicológicas. “Quem não renuncia a tudo o que tiver...”: o Senhor não exige renúncia de alguma coisa, mas de tudo, para tornar-se o tudo do homem. “Os frades não se apropriem de nada, nem de casa nem de lugar nem de qualquer outra coisa” (RegB 6,1). Não se trata de ascese egocêntrica, mas de uma caminhada de justiça, solidariedade, amor pelos outros e com os outros; de uma caminhada de liberdade pessoal e comunitária, que tornará mais fidedigno o nosso anúncio missionário.

    2. O Mestre e Senhor da messe e da vinha nos enviou a evangelizar como peregrinos, sem apropriar-nos de “nosso” trabalho, de “nossa” gente ou de “nossos” resultados. Certamente devemos trabalhar com generosidade e seriedade, fazendo frutificar as qualidades e os dons que o Senhor nos deu, mas o sucesso não é o único critério de medida a ser considerado: devemos sempre confrontar-nos com o projeto evangélico e comunitário de vida para que se torne testemunho e sinal que pertencemos ao Senhor e não ao “nosso” trabalho de forma a estarmos prontos, como Abraão, os apóstolos e Francisco, a “deixar a nossa terra” para buscarmos horizontes desconhecidos. Com frequência, nossas relações fraternas são perturbadas pela falta de liberdade em relação ao dinheiro e às coisas. Algumas vezes, já não conseguimos distinguir o necessário, do útil e do supérfluo. Facilmente nos deixamos prender pela lógica consumista do mundo, pecando por injustiça ou por falta de solidariedade em relação aos que não têm o necessário, esquecemos de “restituir” tudo a Deus, como quer Francisco (RegNB 17,17) e negligenciando a dependência dos outros no uso do dinheiro.

    3. Alguns irmãos (não são muitos) têm dificuldades em pôr em comum a recompensa recebida por seu trabalho (muitas vezes desejado e procurado porque rentável!) ou qualquer doação tornando-se, assim administradores diretos de “seus bens”: isso não é conforme a Regra e pode destruir a vida fraterna. Quantos abusos com o dinheiro; quantos irmãos sacrificados por estruturas pouco evangélicas e sem vida: que Deus nos perdoe!

    4. A liberdade na pobreza, facilmente, nos torna homens de comunhão, de solidariedade, de partilha e nos ajuda a sermos criadores de relações novas, alegres e proféticas no meio dos homens de nosso tempo.

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