2 de maio de 2014

“Jesus: de subida em subida”


Frei Almir Ribeiro Guimarães

Nestes dias de maio estamos vivendo as alegrias do tempo pascal. Nos meados do mês passado,  de modo especial  durante os dias da Semana Santa, tivemos ocasião de nos debruçar sobre o tema do amor de Cristo, amor crucificado que nos levou a viver as alegrias do tempo pascal.

Retomamos aqui a preces das Laudes da quarta-feira santa. Elas nos ajudam a unir a dor da calvário às alegrias da ressurreição.  Estas súplicas são dirigidas ao Senhor Jesus.

●Vós que subistes a Jerusalém para sofrer a Paixão, e assim entrar na glória, conduzi a vossa Igreja  à  Páscoa da eternidade.

Ele estava  em Betânia  em casa de seus amigos, tentando aquecer o coração antes da grande provação. Saiu de Betfagé para entrar  na cidade santa. Os primeiros momentos foram de júbilo com o povo homenageando o Messias com hinos e cânticos e atapetando o caminho com ramos de palmeiras e oliveiras. Um deslocamento geográfico  rumo à cidade santa que ficava em posição geográfica mais alta do que a baixada de Betfagé.  A prece  em questão fala da paixão cruel que leve  à páscoa da eternidade. Somos caminhantes e viandantes.  Temos a convicção de que a paixão do Senhor,  vivida também pelos de seu corpo na doença, na perseguição e  em toda sorte de tribulação leva à glória.  Somos aspirantes da glória que já vivemos aqui e agora no lusco-fusco da fé.

● Vós, que elevado na cruz, deixaste a lança do soldado vos traspassar, curai as nossas feridas.

O mundo precisa da cura.  Somos todos portadores de feridas que dificilmente cicatrizam sem auxílio  de fora.  Há essa dureza de coração, a indiferença para com os outros,  a superficialidade de vida,  o seguimento do Senhor de maneira irregular e claudicante,  os momentos em que temos vergonha de anunciar e proclamar nossa fé.  Há esse prejuízo que causamos aos outros por meio de palavras duras,  de coisas ditas sem pensar,  do sofrimento físico e das desilusões que causamos.  Jesus, que havia subido a Jerusalém, no calvário, é elevado, seu corpo é levantado e fica entre o céu e a terra.  Ele sobe. Nessa suplica pedimos ao que foi levantado da terra  que cure nossas feridas, que coloque sobre elas óleo de seu perdão, o lenitivo de sua misericórdia. O grande alívio se faz com o perdão a nós concedido por parte daquele que foi levantado. Aqui contemplamos mistério do coração traspassado pela lança.

● Vós que transformastes o madeiro da cruz em árvore da vida  concedei de seus frutos aos que renasceram pelo batismo.

Houve aquela árvore do Éden. Nossos pais comeram fruto que não era para ser comido. Há a lenha de uma outra árvore, a árvore da cruz, que substitui a primeira.  Esta última era a árvore da perdição.  A cruz passou a ser a árvore da redenção.  Agora, simples instrumento de suplício, a árvore da cruz  teve como fruto  Jesus,  nosso irmão e  Filho eterno do Pai, a dar a vida pelos seus. Aos que renascemos  pelo batismo  nos são prometidos frutos do renascimento, certeza da amizade com o Senhor,  nossa deificação. Um Deus que morre de amor  cumula os seus de todos os bens.  Esse que na cruz, que tem o peito dilacerado sobe para a glória.

Quando celebramos a primeira sexta-feira de cada mês não esquecemos o alto preço de nossa redenção.  Nesse tempo pascal, lembramo-nos daquele que, curando nossas feridas,  fez com que tivéssemos nossos olhos fitos nele que penetrou na glória com seu corpo  transfigurado e com o peito aberto transformado em asilo glorioso para que ainda caminham no vale das lágrimas.

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