21 de agosto de 2009

800 Anos de Missão Franciscana

Os desafios dos Franciscanos no mundo de hoje


1. MISSÃO DO FRANCISCANO

Você veio ao mundo para fazer a diferença e cumprir uma tarefa para a qual foi chamado. Jesus disse:“Eu te chamo pelo nome, porque és precioso a meus olhos, porque eu te aprecio e te amo” Isaias (43-1:4).

Sua missão é servir ao Senhor com toda sua capacidade e força, contribuir para o aperfeiçoamento da comunicação e o relacionamento entre as pessoas, promovendo a paz e fazendo o bem de forma alegre, por ter recebido uma grande graça como dizia Francisco “e o Senhor me deu Irmãos,” o Irmão na vida do Franciscano Secular é um presente que Deus lhe deu, e nós só precisamos agradecer essa dádiva de poder ter irmãos se vivemos em fraternidade.

Essa tarefa pode ser executada através da vocação ou da profissão.

1.1.VOCAÇÃO vem do latim “vocare”: chamar. É chamamento que desafia. É convite à realização plena das potencialidades e das capacidades existentes em cada pessoa. É orientar-se para o verdadeiro ser. Abrir-se aos apelos da vida. Como sujeito da própria história: única, original, intransferível. É a tendência interna de ser cada vez melhor. É transmitir as próprias riquezas interiores: ser livre, para responder autenticamente, o chamado de Deus. Esta vocação implica estar a serviço do outro, formando uma fraternidade.

1.2. PROFISSÃO vem do latim “professio”: significa professar. É abraçar um gênero de vida que seja adequado, isto é, possível e desejado ao sujeito. Na Ordem Franciscana Secular, professar significa tornar-se profissional do evangelho. A possibilidade é dada pelas aptidões intrínsecas da pessoa e pelas circunstâncias condicionantes de sua formação, é um compromisso que será por toda a vida. Se a vocação está mais na linha do ser franciscano, a profissão está mais na linha do agir com dedicação e compromisso. É a maneira concreta de cada pessoa colaborar na construção e para a transformação da sociedade, assumindo um serviço numa dimensão peculiar, com plena responsabilidade às próprias inclinações. Através da profissão na Ordem Franciscana Secular, o irmão serve com mais eficiência a Fraternidade e a Igreja. Quando, os irmãos se encontrarem em dificuldade, a Regra recomenda que recorram ao Conselho para buscar auxílio.

2. OS TRAÇOS DO ROSTO FRANCISCANO

Nós temos um rosto conhecido, com traços acentuadamente evangélicos, traços admiráveis em si e no meio do mundo. É o nosso rosto franciscano? Sentimo-nos felizes com o rosto teológico-espiritual-existencial que temos? Este rosto tem muita história, vem lá do fundo dos tempos, e teve um primeiro escultor: Como franciscanos, qual é a nossa vocação? Nossa razão de ser na Igreja e no mundo, é seguir Jesus Cristo, vivendo encantados por ele, como fraternidades evangelizadoras. Na base deste encantamento vocacional, já não existem, em verdade, perguntas para uma definição, mas tão-somente tentativas de respostas para uma adesão mais superlativa. Para nós, viver é Cristo. Cristo é a nossa vida é o ar que respiramos, é o chão que queremos pisar. A qualquer franciscano, pede-se apenas que saiba ler o evangelho vivo que é Jesus, porque Jesus é a palavra que devemos entender e a vida que mais prezamos e desejamos partilhar com todos os irmãos. Nenhum outro projeto pode, por conseguinte, tomar o lugar de Cristo. Cristo é a forma maior, o projeto matriz da nossa forma de vida. Francisco e Clara nos mostram o caminho que devemos trilhar para chegarmos a Jesus. Ele é o tesouro onde deve estar nosso coração. Para os irmãos da OFS, a Fraternidade é seu lar e o mundo é seu convento. A evangelização é sua própria razão de ser franciscano.

Esta é a nossa missão em sentido amplo. Num sentido restrito, nossa missão tem um endereço certo e obedece a uma inequívoca opção: a vida e a casa dos pobres. Estes são, como desde o início foram para São Francisco, os novos e privilegiados da missão franciscana. Como Cristo, os pobres são o tesouro do nosso coração evangelizador. Mas para bem evangelizar, primeiro, temos que evangelizar as nossas pobrezas, mudando e curando as raízes do nosso eu. Isto inclui evangelizar nossos medos e aversões, evangelizar nosso modo pecador de ser.

3. IDENTIDADE FRANCISCANA

Colocadas estas duas premissas – missão e vocação, podemos nos voltar para a identidade e elencar os valores do nosso modo de vivenciar e operar. Podemos perguntar-nos:

De onde nasceu a inspiração franciscana para nosso viver e agir? As Fontes testemunham que o modo de ser e de agir de Francisco lhe veio, em verdade, de dois exemplos: o de Cristo crucificado, fora dos muros de Jerusalém, e o dos leprosos execrados, fora das muralhas de Assis.

Estes dois encontros abriram-lhe a alma para os grandes valores de nossa espiritualidade: a providência de Deus e o amor pela Senhora e Dona Pobreza: o relacionamento casto com Clara e com todas as mulheres; a convivência benévola com os irmãos. Exortava os irmãos a que pregassem a Paz e ensinava-lhes que a única tristeza possível seria a do pecado. Rezava e queria que rezassem. Ele mesmo foi feito uma sarça ardente de oração, porque não só se ajoelhava diante de Deus, como reverenciava até mesmo os indignos ministros, porque eles tinham a missão de consagrar o corpo e sangue do Senhor, pedia sempre a seus irmãos, que respeitassem os sacerdotes, pois eles eram o representante do Senhor aqui na terra.

A identidade franciscana tem as seguintes características que lhe dão um rosto inconfundível:

q casta e livre;

q serviço e companhia;

q misericordiosa e universal;

q alegria e paz.

Por isso, "seu modo de vida o transformou radicalmente nas idéias e sentimentos, nas vestes e no comportamento" (LM 2,1). Como arauto do Grande Rei, morreu deixando para a história a imagem de um crucificado e colocando nas mãos de seus seguidores a bandeira da Paz e do Bem!

4. A UTOPIA FRANCISCANA

Dentro do mundo capitalista, medos e discriminações, classes e guetos, São Francisco entendeu que a mais radical mensagem evangélica vinha do céu, mas tinha que ser construída, aqui, na terra. Cristo trouxe a morte dos exclusivismos, decretou o fim dos privilégios e abriu as portas do banquete para todos, indistintamente.

4.1. SER IRMÃO é o maior e o único título de honra dentro da espiritualidade franciscana. Não só Deus lhe deu irmãos, mas quis que os frades, como irmãos, fossem pais e mães uns dos outros. Seremos franciscanos, quando irmãos em espírito e vida fraterna. Professar na OFS é formá-lo para ser irmão. Trabalhar como Franciscano Secular é servir como irmão. Viver como franciscano é viver, teimosamente, como irmão. Podemos não ter outras virtudes, mas só a falta de fraternismo adulteraria nossa identidade e nos excomungaria da utopia franciscana. Santos seremos e nos santificaremos junto com os outros na cruz da convivência fraterna. O nosso maior pecado, o pecado mortal de nossas vidas, por isso, serão da falta de amor fraterno. Entre nós, quem não for irmão será um estranho no ninho. O maior elogio que podemos dar a uma pessoa é o de chamá-lo de irmão. Esta é a nossa utopia, a utopia franciscana para a qual devemos, como Fraternidade na Ordem Franciscana Secular, somar alma e coração em prol do Reino de Deus. O Franciscano Secular tem que entender que ao dar seu sim de forma comprometida o faz um agente de transformação, não só em sua própria vida, mas na comunidade onde está inserido.

4.2.VIDA EM FRATERNIDADE significa viver como irmãos, o Reino de Deus se vive, se anuncia, se constrói e se celebra na fraternidade, a qual é o lugar privilegiado tanto para conseguir o desenvolvimento pessoal como para lutar por um mundo melhor.

Segundo o artigo 21 da Regra e Vida da OFS “Nos diversos níveis, cada fraternidade é animada e dirigida por um Conselho e um Ministro, que são eleitos pelos professos, de acordo com as Constituições”. Seu serviço, que é temporário, é um cargo de disponibilidade e de responsabilidade em favor de cada irmão e da fraternidade com o um todo.

4.3. EVANGELHO

No artigo 4 da Regra “A Regra e vida dos franciscanos seculares é esta: observar o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo o exemplo de São Francisco de Assis que fez do Cristo o inspirador e o centro de sua vida com Deus e com os homens.”

4.4.ORAÇÃO

No Artigo 8 da Regra “Participem da vida sacramental da Igreja, principalmente da Eucaristia e se associem à oração litúrgica”. O Franciscano Secular, deve rezar pelo menos o Ofício dos 12 pai-nosso meditado todos os dias.

O Evangelho mostra-nos um Jesus que, apesar de desenvolver intensa atividade, sempre encontrou tempo para relacionar-se com o Pai através da oração.

Francisco viveu sua fé com exemplar e alegre gratuidade. Sua contínua oração de louvor é um sinal claro de seu alegre desinteresse. Sempre perguntava “Senhor, que queres que eu faça?”

O Prólogo da Regra da Ordem Franciscana Secular traz-nos uma exortação à Penitência. Penitência para Francisco significava fazer a vida acontecer, converter-se diária e continuamente, mudar para uma vida cristocêntrica.

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