8 de abril de 2015
08/04 - Bem-aventurado Juliano de S. Agostinho
Religioso da Primeira Ordem (1553-1606). Beatificado por Leão XII no dia 23 de maio de 1825.
O Beato Juliano Martinet, que descendia de uma longa linhagem de cavalheiros franceses, nasceu na cidade castelhana de Medinaceli, onde sua família vivia reduzida a um tal estado de pobreza, que para ela foi motivo de alegria poder colocá-lo como aprendiz de alfaiate durante a vida infantil.
Mas, ainda muito jovem, pediu para ser admitido no convento franciscano de sua cidade natal, onde lhe permitiram provar sua vocação. Os exercícios devocionais extraordinários e as estranhas austeridades a que se submetia foram olhados com desconfiança por seus superiores que, julgando-o mentalmente desequilibrado, despediram-no como inadaptado. De Medinaceli ele foi para Santorcaz, onde exerceu sua profissão até travar conhecimento com o Pe. Frei Francisco Torrez, um franciscano que realizava uma missão naquela região. O frade reconheceu as capacidades do jovem alfaiate e o convidou para o ajudar.
Durante o resto da missão, Juliano percorria as ruas de cima abaixo, tocando uma sineta e convidando os habitantes a irem escutar o pregador. Graças à influência do Pe. Torrez, o jovem foi recebido em outra casa franciscana, o convento de Nossa Senhora de Salceda. Aqui, a história se repetiu: as práticas penitenciais de Juliano fizeram pensar que ele era maluco, e, consequentemente, foi mandado embora. Decepcionado, mas com intrepidez, construiu para si um eremitério e viveu sua vida austera na solidão, saindo ocasionalmente para ir, com outros mendigos, pedir um pouco de alimento no convento.
Finalmente a santidade e a crescente reputação do eremita levaram os superiores franciscanos a recebê-lo de volta em sua casa. Após um ano de noviciado, professou como Frei Juliano de S. Agostinho, mas nunca procurou o sacerdócio. Foi-lhe deixada plena liberdade de se entregar às mortificações escolhidas por ele mesmo, e ele dilacerava seu corpo com toda espécie de instrumento de tortura que pudesse imaginar. Passava as poucas horas de descanso ao ar livre ou encostado em alguma parede ou em um dos confessionários da igreja.
De tempos em tempos o Pe. Frei Torrez requisitava sua ajuda em suas viagens missionárias, oportunidade em que se via o irmão leigo possuído de uma eloquência que ia direto aos corações e às consciências de seus ouvintes. Sua fama se espalhou rapidamente, e a rainha Margarida, mãe de Filipe IV, expressou o desejo de vê-lo. Com muita relutância Juliano foi à corte por ordem de seus superiores, mas, quando se encontrou ali, ficou tão embaraçado, que foi incapaz de pronunciar uma só palavra. Em 1606 adoeceu gravemente na estrada, a duas léguas de Alcalá de Henares. Recusando qualquer oferta para transportá-lo, ele conseguiu arrastar-se até o convento de S. Diogo, onde morreu. Imediatamente foi honrado como santo, mas seu processo de beatificação só foi concluído formalmente em 1825.
Os documentos impressos no processo de beatificação constituem a fonte mais segura de informação, e foi dela que o Pe. José Vidal compilou, em 1825, uma vida popular do Beato Juliano, em italiano. Vejam-se também Léon, Auréole séraphique (trad. para o inglês), vol. II, p. 47-59, e Mazzara, Leggendario Francescano, vol. I (676), p. 518-520.
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