8 de junho de 2014

O Espírito Santo na mística franciscana


Pentecostes segundo o Catecismo da Igreja Católica.


37.1 Pentecostes dia da efusão do Espírito Santo

§696 O fogo. Enquanto a água significa o nascimento e a fecundidade da Vida dada no Espírito Santo o fogo simboliza a energia transformadora dos atos do Espírito Santo O profeta Elias, que “surgiu como um fogo cuja palavra queimava como uma tocha” (Eclo 48,1), por sua oração atrai o fogo do céu sobre o sacrifício do monte Carmelo, figura do fogo do Espírito Santo que transforma o que toca. João Batista, que caminha diante do Senhor com o espírito e o poder de Elias” (Lc 1,17), anuncia o Cristo como aquele que “batizará com o Espírito Santo e com o fogo” (Lc 3,16), esse Espírito do qual Jesus dirá “Vim trazer fogo à terra, e quanto desejaria que já estivesse acesso (Lc 12,49). É sob a forma de línguas “que se diriam de fogo” o Espírito Santo pousa sobre os discípulos na manhã de Pentecostes e os enche de Si. A tradição espiritual manterá este simbolismo do fogo como um dos mais expressivos da ação do Espírito Santo Não extingais o Espírito” (1Ts 5,19).

§731 No dia de Pentecostes (no fim das sete semanas pascais), a Páscoa de Cristo se realiza na efusão do Espírito Santo, que é manifestado, dado e comunicado como Pessoa Divina: de sua plenitude, Cristo, Senhor, derrama em profusão o Espírito.

§1287 Ora, esta plenitude do Espírito não devia ser apenas a do Messias; devia ser comunicada a todo o povo messiânico. Por várias vezes Cristo prometeu esta efusão do Espírito, promessa que realizou primeiramente no dia da Páscoa. e em seguida, de maneira mais marcante, no dia de Pentecostes. Repletos do Espírito Santo, os Apóstolos começam a proclamar “as maravilhas de Deus” (At 2,11), e Pedro começa a declarar que esta efusão do Espírito é o sinal dos tempos messiânicos. Os que então creram na pregação apostólica e que se fizeram batizar também receberam o dom do Espírito Santo

§2623 NO TEMPO DA IGREJA
No dia de Pentecostes, o Espírito da promessa foi derramado sobre os discípulos, “reunidos no mesmo lugar” (At 2,1), esperando-o, “todos unânimes, perseverando na oração” (At 1,14). O Espírito, que ensina a Igreja e lhe recorda tudo o que Jesus disse, vai também formá-la para a vida de oração.

P.37.2 Pentecostes dia da manifestação pública de Jesus
§767 “Terminada a obra que o Pai havia confiado ao Filho para realizará na terra, foi enviado o Espírito Santo no dia de Pentecostes para santificar a Igreja permanentemente.” Foi então que “a Igreja se manifestou publicamente diante da multidão e começou a difusão do Evangelho com a pregação”. Por ser “convocação” de todos os homens para a salvação, a Igreja é, por sua própria natureza, missionária enviada por Cristo a todos os povos para fazer deles discípulos.

§1076 A ECONOMIA SACRAMENTAL No dia de Pentecostes, pela efusão do Espírito Santo, a Igreja é manifestada ao mundo. O dom do Espírito inaugura um tempo novo na “dispensação do mistério”: o tempo da Igreja, durante o qual Cristo manifesta, toma presente e comunica sua obra de salvação pela liturgia de sua Igreja, “até que ele venha” (1 Cor 11,26). Durante este tempo da Igreja, Cristo vive e age em sua Igreja e com ela de forma nova, própria deste tempo novo. Age pelos sacramentos; é isto que a Tradição comum do Oriente e do Ocidente chama de “economia sacramental”; esta consiste na comunicação (ou “dispensação”) dos frutos do Mistério Pascal de Cristo na celebração da liturgia “sacramental” da Igreja. Por isso, importa ilustrar primeiro esta “dispensação sacramental” (Capítulo I). Assim aparecerão com mais clareza a natureza e os aspectos essenciais da celebração litúrgica (Capítulo II.).

P.37.3 Pentecostes dia da plena revelação da Trindade
§732 Nesse dia é revelada plenamente a Santíssima Trindade. A partir desse dia, o Reino anunciado por Cristo está aberto aos que crêem nele; na humildade da carne e na fé, eles participam já da comunhão da Santíssima Trindade. Por sua vinda e ela não cessa, o Espírito Santo faz o mundo entrar nos “últimos tempos”, o tempo da Igreja, o Reino já recebido em herança, mas ainda não consumado:
Vimos a verdadeira Luz, recebemos o Espírito celeste, encontramos a verdadeira fé: adoramos a Trindade indivisível, pois foi ela quem nos salvou.

Celebração Franciscana: “A Trindade, Francisco e a Nova Criação”.


1. Preparação do ambiente

(Bíblia, imagem de São Francisco, elemento da natureza, flores e três velas, de preferência. E, se possível, o ícone da SS. Trindade de André Rublev; este ícone foi pintado no início do século XV, em honra de São Sérgio de Radonesh, outro monge do século XIV, que tinha o seguinte lema, que pode ser colocado em um cartaz para a meditação de todos: “Vamos vencer a crueldade do mundo com a contemplação da SS. Trindade”)

2. Acolhida

(Canto à escolha)
(Dar boas vindas aos irmãos e irmãs)
(Fazer memória dos grandes fatos que fazem parte das comemorações e festividades, em especial da FFB)
Dirigente: Que alegria estarmos juntos como irmãos e irmãs. Estamos vivenciando com grande júbilo e ação de graças esta grande festividade litúrgica. Queremos celebrar a fé no Deus Trindade e comunhão de amor, que em Francisco se revelou sobremaneira e continuamente como Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo; Uno e Trino, “o mais desejável que qualquer outro bem”(Ct 50,52).
Todos: “Creiamos verdadeiramente e humildemente…/ enaltecemos e rendamos graças ao Altíssimo e Sumo Deus, Trino e Uno, Pai, Filho e Espírito Santo”(1Rg 23,27-34)
3 – Momento penitencial

Dirigente: (Deverá motivar um momento de contemplação junto ao ícone da SS. Trindade ou, caso não tenha, junto às três velas; em atitude de entrega e reconciliação por nem sempre sermos fiéis a esta comunhão de doação e amor).
Todos: “Considera, querido irmão e irmã, / a que excelência te elevou o Senhor/ criando-te/ e formando-te segundo o corpo/ à imagem do seu dileto Filho/ e, segundo o Espírito,/ à sua própria semelhança. Entretanto, as criaturas todas estão debaixo do céu,/ a seu modo,/ servem e conhecem ao seu Criador melhor do que tu” (Adm 5,1-2).

4 – Oração de louvor
Canto à escolha ou canta-se o Cântico das Criaturas, podendo-se intercalar com fatos de nossa história pessoal ou de toda a humanidade em que o nosso Deus Trindade se revela. Pode-se usar velas, para que, na medida em que se narra os fatos, cada um receba a sua vela, acesa na vela do altar que esteja junto ao ícone da Trindade, simbolizando o amor trinitário encarnado em nossa história.

5 – A Palavra de Deus Trindade para nossa vida
(Neste momento, cada irmão com sua vela acesa para a escuta da Palavra:
Sugestões: Is 42,1-4.6-7; 61, 1-3; Rm 8, 1-17; Sl 62 (61); 62 (62); Lc 4, 14-21; 3, 15-16.21-22;
Silêncio – Reflexão – Partilha – Canto a escolher)

6 – Proposta

(Propõe-se ao dirigente criar meios que ajudem os participantes a se envolverem na relação do texto. Favorecer a integração entre a proposta evangélica, a pessoa de Francisco e seu relacionamento de amor com a Trindade. Para a reflexão do mistério trinitário, recomendamos o texto de Dom Frei Valfredo Tepe, Nós somos um: retiro trinitário, Petrópolis, Vozes, 1997, p. 147)
7 – Compromisso

O que cada um levará de concreto para viver a partir do tema que refletimos e celebramos?
8 – Oração final

(Canto à escolha)
Pai Nosso….

ORAÇÃO À TRINDADE
“Eterno Deus onipotente,
justo e misericordioso,
concedei-nos a nós míseros
praticar por vossa causa
o que reconhecermos ser a vossa vontade
e querer sempre o que vos agrade,
a fim de que,
interiormente purificados, iluminados e abrasados
pelo fogo do Espírito Santo,
possamos seguir as pegadas de vosso Filho,
Nosso Senhor Jesus Cristo,
e por vossa graça unicamente
chegar até vós,
ó Altíssimo,
que em Trindade perfeita e Unidade simples
viveis e reinais na glória
como Deus onipotente
por toda a eternidade”
São Francisco de Assis – Carta a toda Ordem, 50-52

9 – Bênção de Santa Clara – Canto


Preces ao Espírito Santo.

DOM DO ESPÍRITO

Pai que dás o Espírito,
jamais recusas o Espírito Santo aos que te pedem;
porque és o primeiro a desejar que o recebamos.
Concede-nos este dom que resume e contém todos os outros,
este dom em que encerras todos os segredos
de teu amor, toda a generosidade de teus benefícios.
Este dom que é o próprio dom
de teu coração paternal, no qual te entregas a nós.
Este dom que nos traz tua vida mais íntima
para nos fazer viver dela,
este dom destinado a ampliar nosso coração
nas dimensões universais do teu,
este dom capaz de nos transformar de ponta a ponta,
de nos curar de nossas fraquezas e de nos divinizar.
Este dom de tua energia onipotente, indispensável
ao cumprimento da missão que nos confias,
este dom de tua felicidade, no fervor de amar,
pois que no Espírito nos vem ao mesmo tempo
o dom da alegria e a alegria da doação.
Senhor, que difundes o Espírito,
de teu seio correm fontes de água viva,
efusão do Espírito.
A glória da tua Ressurreição
é a irradiação do Espírito Santo
que se apoderou de toda a tua natureza humana,
e a glória da tua Ascensão é o poder que tens
de difundir o Espírito Santo no universo
para dele fazer teu Reino.
Todo o fruto de teu sacrifício redentor
consiste no dom do Espírito, que nos traz
o perdão dos pecados e a graça da filiação divina.
Cumula-nos deste Espírito para nos comunicar
toda a força de tua santidade e de teu amor.
Faze-o penetrar no íntimo de nós mesmos,
para que ele possa purificar-nos, espiritualizar-nos
e inflamar-nos.
Por teu Espírito, imprime em nossa alma
tua semelhança e forma-nos em tua mentalidade.
Por teu Espírito, comunica-nos tua doutrina
e faze-nos viver a totalidade do Evangelho.
Difunde teu Espírito com abundância
para que ele possa envolver-nos,
tomar-nos totalmente na sua caridade.

ESPÍRITO SANTO
Contemplar-te, é mergulhar o olhar no invisível,
em pleno mistério de Deus.
Não tens um semblante de Evangelho como o
Cristo, nem uma face de Pai; mesmo renunciando
a te imaginar um rosto, queremos aderir a ti
com todas as nossas forças.
Não tens um semblante porque és o fogo do amor
que reúne os semblantes do Pai e do Filho,
para não formar senão um só numa sublime fusão.
Vives nos semblantes de outrem,
como sua vida mais secreta,
e és tu que nos revelas o autêntico semblante do
Salvador, bem como o do Pai Celeste.
És abismo de profundidade, recôndito inexpugnável
e inexprimível, impossível de se representar
em traços delimitados.
Tu és o sopro que emana do Pai e do Filho
e que vem animar nosso espírito,
formar-nos uma feição espiritual.
Tu és a respiração de nossa alma,
o pensamento de nosso pensamento,
o impulso de nossa vontade, a força de nosso amor.
Tu és a vida divina que vem nos fazer viver o Cristo,
que invade nosso ser para transfigurá-lo.
Tu nos ultrapassas infinitamente e no entanto,
és tão íntimo a nós;
não resides num longínquo abstrato,
mas no concreto palpitante de nossa existência.
Contemplar-te, é deixar-nos tomar pela torrente
de um amor que transborda e se apossa de toda
a nossa pessoa humana.

VIRGEM MARIA, TEMPLO DO ESPÍRITO SANTO
Tu acolheste o Espírito Santo
com a alma plenamente aberta;
tu o acolheste pela fé,
crendo na sua maravilhosa ação em teu seio;
tu o acolheste pelo abandono de teu ser,
entregando-te ao seu poder de amor;
tu o acolheste por uma colaboração ativa com ele
no amor da Encarnação redentora:
tu jamais deixaste de acolhê-lo durante tua vida,
escutando sua voz misteriosa
e seguindo suas sugestões.
Ensina-nos a recebê-lo com a mesma disposição
com que tu o acolheste.
Ajuda-nos a escutá-lo no segredo de nosso coração,
a acolher suas indicações e seus conselhos.
Mostra-nos o caminho da docilidade
a seu ensinamento, da cooperação na sua obra.
Como tu, quereríamos receber a plenitude do
Espírito Santo, nada perder de sua vinda a nós.
Estimula nosso desejo de aceitar tudo o que ele
nos quer dar, e comunica-nos tua alegria
em tudo deixar tomar pelo Espírito Santo,
de tudo deixar invadir pelo seu amor.

ESPÍRITO SANTO, NOSSO GUIA
Guia íntimo, tu não nos indicas somente
o exterior da vontade divina;
tu a traduzes para nós em um esclarecimento interior;
Ajuda-nos a acolher plenamente tuas diretivas.
Guia vigilante, tu nos inspiras a cada instante
o que devemos pensar e fazer: ensina-nos a responder
dócil e alegremente a todas as tuas sugestões.
Guia clarividente, tu nos conduzes segundo
o grandioso desígnio de Deus,
e organizas os detalhes de nossa existência
em função de largos horizontes: faze-nos aceitar
ser ultrapassados por tua sabedoria
e seguir simplesmente o caminho que nos traças.
Guia seguro e infalível, tu não podes errar
e nos engajas sempre numa rota ideal:
estimula nossa confiança em abandonar-nos
serenamente às tuas orientações.
Guia benévolo, consideras nossas fraquezas e
procuras fazer-nos reparar os nossos passos em
falso: faze-nos retomar coragem nos fracassos
apoiando-nos sobre tua solicitude amorosa.
Guia respeitador da nossa pessoa,
queres promover todas as nossas qualidades
pessoais e desabrochá-las:
incessantemente apelas para nossa liberdade
e responsabilidade: torna-nos mais dignos
da confiança que nos testemunhas.
Guia audacioso, desejas para nós uma vida maior
feita à medida de Deus: faze-nos entrar na tua
audácia para um desabrochamento do divino em nós.

ESPÍRITO DE UNIDADE
Tu em quem o Pai e o Filho são um,
faze que sejamos um como eles e neles.
Tu que exprimes a unidade da família divina,
vem assegurar a unidade da comunidade humana.
Desenvolve em todos os homens,
e mais especialmente entre os cristãos,
o desejo da unidade, e torna este desejo mais eficaz.
Reúne cada vez mais a humanidade na unidade
da verdade por uma melhor acolhida da Revelação
e pelo desenvolvimento de uma mesma fé.
Une os homens numa caridade mais sincera,
num respeito mútuo e numa colaboração mais generosa.
Afirma em nós a vontade de superar as desavenças,
e evitar a violência, os conflitos,
a opressão ou a exploração dos fracos.
Multiplica os contatos entre aqueles que
são separados pelo muro do ódio e da
desconfiança, e favorece uma estima recíproca
onde dominam o desacato e o desprezo.
Dispõe-nos a grandes esforços pessoais
em vista da unidade;
arranca-nos a nossos preconceitos malévolos
e abre-nos mais largamente à compreensão do outro.
Faze-nos descobrir mais claramente
as possibilidades e meios de união;
incita-nos a estimular as aproximações e as amizades.
Ajuda-nos a consentir em todos os sacrifícios
para uma unidade mais profunda de pensamentos
e de corações em torno de nós.

Do Livro “Preces ao Espírito Santo”, de J. Galot, S.J., Edições Paulinas/1981

ORAÇÃO À TRINDADE
“Eterno Deus onipotente,
justo e misericordioso,
concedei-nos a nós míseros
praticar por vossa causa
o que reconhecermos ser a vossa vontade
e querer sempre o que vos agrade,
a fim de que,
interiormente purificados, iluminados e abrasados
pelo fogo do Espírito Santo,
possamos seguir as pegadas de vosso Filho,
Nosso Senhor Jesus Cristo,
e por vossa graça unicamente
chegar até vós,
ó Altíssimo,
que em Trindade perfeita e Unidade simples
viveis e reinais na glória
como Deus onipotente
por toda a eternidade”

São Francisco de Assis – Carta a toda Ordem, 50-52


O Espírito, plenitude de todos os seres

Para o Espírito Santo se voltam
Aqueles que têm necessidade de santificação.
Para Ele se eleva o desejo
Dos que vivem procurando o bem
E estão como que refrescados pelo Seu sopro.
Ele é capaz de levar os homens à plenitude,
Pois ele próprio é plenitude.
Ele está em toda a parte,
Ele nos ilumina para descobrirmos a verdade.
Inacessível por natureza,
Ele se deixa compreender pela bondade.
Ele tudo enche,
está totalmente presente em cada ser.
Para Ele se elevam os corações,
os fracos são levados pela mão,
os que caminham ficam repletos.
É Ele que ilumina.

Basílio de Cesaréia, Século V

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