25 de julho de 2013

Francisco de Assis, modelo referencial do humano - XV


FRANCISCO E O DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO

Por Frei Vitório Mazzuco Fº 

Religiões fazem mais um movimento ecumênico do que um diálogo religioso. Ecumenismo é estar entre os da mesma casa, por exemplo, a aproximação entre as igrejas cristãs; experiência inter-religiosa é dialogar com os desafios do pluralismo cultural e religioso presente em outras fronteiras. Mesmo que nos atinja em nossa acomodação da nossa profissão de fé, o paradigma do diálogo inter-religioso hoje é este: há mais verdades no conjunto das religiões do que no dogma isolado de cada uma delas. Francisco e o franciscanismo sempre foram referências desta verdade pela vivência da fraternidade. Como crer sem relacionar-se com o diferente? Em tempos de globalização, a fé também encontra um horizonte amplo de experiências. Por caminhos diferentes, todos chegamos à mesma busca de Deus. Nem sempre é possível dialogar com o dogma e a doutrina, mas é sempre possível fazer unidade na espiritualidade.

O diálogo inter-religioso não coloca em risco nenhuma identidade religiosa; a identidade cristã não corre risco se tiver que ir ao encontro do diferente de si mesma. É preciso amar apaixonadamente a sua religião, mas respeitar por demais a religião do outro. Como entender a singularidade da fé do diferente se eu não faço uma aproximação? No catolicismo temos a intercessão dos santos e das santas. É possível uma intercessão sem comunhão? Como acreditar se não conheço nada da vida do padroeiro? Tem muita gente que faz promessas a Santo Expedito, mas não sabe quem ele é. Francisco é um santo amado porque é conhecido e deixa-se conhecer. Não podemos estabelecer uma postura crítica sem um verdadeiro conhecimento. Ou será que para nós, manipulados pelos  bombardeios midiáticos e ideológicos, pelos conchavos dos senhores das armas, acreditamos que os muçulmanos  são sinônimo de terroristas? O diálogo inter-religioso repara injustiças que estão incrustradas em nossa tacanha mentalidade, que tem um horizonte muito redutivo e reza olhando para o próprio umbigo.

Crer é ter uma nova sensibilidade. Deus é maior que qualquer religião. Fé não é fechamento, mas abertura para o que a vida tem de esperança, de futuro, de utopias, de encontros e certezas.  Jesus pregou o Reino que está além das muralhas das fortes tradições. Ele não mandou o jovem rico morar na perfeita comunidade de Qunram, mas pediu que ele amasse os pobres e dividisse os seus bens, que ele aprendesse que é preciso eternizar-se defendendo a integridade da vida e do ser humano.


Continua...

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