Frei Almir Guimarães
Espetáculo dolorido de ser contemplado é aquele em que temos diante de nossos olhos pessoas com graves ferimentos: um assaltante com arma branca ou de fogo abre o corpo do assaltado expondo suas vísceras no combate das guerras, vemos corpos quase dilacerados feitos uma só ferida. Temos sempre diante de nossos olhos a delicada parábola do bom samaritano contada por Jesus.
Um homem jogado à beira do caminho. O samaritano passa, coloca o homem ferido em sua montaria, deita óleo em suas chagas, conduz o quase moribundo até uma hospedaria. É profundamente tocado pelas feridas e abandono do homem que tinha caído nas mãos de assaltantes. Mostra humanidade e bondade.
Conhecemos nossas feridas. Há, é claro, a fragilidade de nosso corpo. Há também essas feridas do interior: negação do amor, o voltar os olhos em direção oposta ao amor e ao dom de nós mesmos, essa insistência em buscar nossos interesses em detrimento do outro e dos outros. Nosso pecado, nossa omissão. Somos fragilidade. Conhecemos as feridas interiores.
Jesus é o samaritano que se dobra e nos olha e nos leva até a hospedaria para descansarmos. Ele nos mostra suas feridas e chagas, sinais patentes de seu amor benevolente. Suas feridas nos curam.
Conduz-nos até a hospedaria de sua intimidade, de seu coração. Hoje nos mostra suas chagas preciosas tais quais rubis. Há, sobretudo, a chaga do coração, que é a porta da hospedaria de seu amor. Ali nos refugiamos e confiantes levantamos de nossas quedas.
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