25 de dezembro de 2011

NATAL DE JESUS

“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós e nós vimos a sua glória…” (Jo 1,14).

A encarnação do Verbo de Deus assinala o início dos “últimos tempos”, isto é, a redenção da humanidade por parte de Deus. Cega e afastada de Deus, a humanidade viu nascer a luz que mudou o rumo da sua história. O nascimento de Jesus é um fato real que marca a participação direta do ser humano na vida divina. Esta comemoração é a demonstração maior do amor misericordioso de Deus sobre cada um de nós, pois concedeu-nos a alegria de compartilhar com ele a encarnação de seu Filho Jesus, que se tornou um entre nós. Ele veio mostrar o caminho, a verdade e a vida, e vida eterna. A simbologia da festa do Natal é o nascimento do Menino-Deus.

No início, o nascimento de Jesus era festejado em 6 de janeiro, especialmente no Oriente, com o nome de Epifania, ou seja, manifestação. Os cristãos comemoravam o natalício de Jesus junto com a chegada dos reis magos, mas sabiam que nessa data o Cristo já havia nascido havia alguns dias. Isso porque a data exata é um dado que não existe no Evangelho, que indica com precisão apenas o lugar do acontecimento, a cidade de Belém, na Palestina. Assim, aquele dia da Epifania também era o mais provável em conformidade com os acontecimentos bíblicos e por razões tradicionais do povo cristão dos primeiros tempos.

Entretanto, antes de Cristo, em Roma, a partir do imperador Júlio César, o 25 de dezembro era destinado aos pagãos para as comemorações do solstício de inverno, o “dia do sol invencível”, como atestam antigos documentos. Era uma festa tradicional para celebrar o nascimento do Sol após a noite mais longa do ano no hemisfério Norte. Para eles, o sol era o deus do tempo e o seu nascimento nesse dia significava ter vencido a deusa das trevas, que era a noite.

Era, também, um dia de descanso para os escravos, quando os senhores se sentavam às mesas com eles e lhes davam presentes. Tudo para agradar o deus sol.

No século IV da era cristã, com a conversão do imperador Constantino, a celebração da vitória do sol sobre as trevas não fazia sentido. O único acontecimento importante que merecia ser recordado como a maior festividade era o nascimento do Filho de Deus, cerne da nossa redenção. Mas os cristãos já vinham, ao longo dos anos, aproveitando o dia da festa do “sol invencível” para celebrar o nascimento do único e verdadeiro sol dos cristãos: Jesus Cristo. De tal modo que, em 354, o papa Libério decretou, por lei eclesiástica, a data de 25 de dezembro como o Natal de Jesus Cristo.

A transferência da celebração motivou duas festas distintas para o povo cristão, a do nascimento de Jesus e a da Epifania. Com a mudança, veio, também, a tradição de presentear as crianças no Natal cristão, uma alusão às oferendas dos reis magos ao Menino Jesus na gruta de Belém. Aos poucos, o Oriente passou a comemorar o Natal também em 25 de dezembro.

No Natal de 1223, três anos antes de morrer, São Francisco de Assis quis apresentar ao vivo a cena do presépio. Apresentação que devia logo repetir-se na história da Igreja mediante a sugestiva iniciativa do presépio.

São Boaventura na vida de São Francisco escreve: “Três anos antes de sua morte, na região de Greccio, Francisco quis fazer algo com a maior solenidade possível para reviver a devota memória do nascimento do Menino Jesus”.

A tradição atribui a São Francisco de Assis a introdução do Presépio no amplo ciclo das tradições natalinas. Como narrou São Boaventura, na noite de Natal de 1223 em Greccio, Francisco teria construído uma manjedoura com a palha, com o boi e o asno, e celebrou a Santa Missa, diante de uma multidão proveniente de toda a região.

Na realidade, em Greccio não estavam representados os personagens da Natividade de Belém, nem havia atores encenando a Virgem, São José e o Menino; portanto, mais do que um Presépio, a representação de Greccio deve ser interpretada como uma evolução do cerimonial litúrgico natalino, evocando os mistérios e dramas sacros como eventos comuns, baseados em episódios do Antigo e do Novo Testamento, expressões da religiosidade laica das Confraternidades, muito comuns naquele período, especialmente nas regiões da Umbria e Toscana.

Nas encenações sacras, a partir do século XIV cada vez mais luxuosas, eram constantes os personagens móveis, considerados por alguns como antenados das estátuas atuais.

A progressiva degeneração do drama litúrgico em formas pagãs, quase vulgares, levou a Igreja a condená-lo no Concilio de Treviri, e ao contrário, a favorecer a representação estática da Natividade e do Presépio, contribuindo assim para a sua sucessiva difusão.

Passados mais de dois milênios, a Noite de Natal é mais que uma festa cristã, é um símbolo universal celebrado por todas as famílias do mundo, até as não-cristãs. A humanidade fica tomada pelo supremo sentimento de amor ao próximo e a Terra fica impregnada do espírito sereno da paz de Cristo, que só existe entre os seres humanos de boa vontade. Portanto, hoje é dia de alegria, nasceu o Menino-Deus, nasceu o Salvador.

Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola

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