21 de dezembro de 2011

A Virgem Maria na Ordem Franciscana (2)

A vida espiritual e mariana de São Francisco era, como já ficou dito, concorde com a sua época, essencialmente cristocêntrica. Daí a intuição mística implícita em relação à Imaculada Conceição de Maria no pensamento de São Francisco. Por isso, ele não venerou Maria em si mesma, mas somente em relação a Jesus Cristo, seu Filho. O santo de Deus era levado a louvar e a “magnificar” as grandezas de Maria, tendo assim como testemunhas as duas belíssimas orações: Saudação à Mãe de Deus:


“Salve, ó Senhora santa, Rainha santíssima,
Mãe de Deus, ó Maria, que sois Virgem feita igreja,
eleita pelo santíssimo Pai celestial, que vos consagrou por seu santíssimo e dileto Filho e o Espírito Santo Paráclito!
Em vós residiu e reside toda a plenitude da graça e todo o bem!
Salve, ó palácio do Senhor!
Salve, ó tabernáculo do Senhor!
Salve, ó morada do Senhor!
Salve, ó manto do Senhor!
Salve, ó serva do Senhor!
Salve, ó Mãe do Senhor, e salve vós todas, ó santas virtudes derramadas, pela graça e iluminação do Espírito Santo, nos corações dos fiéis,
transformando-os de infiéis em [servos] fiéis de Deus!”



Santa Virgem Maria, (Antífona do Ofício da Paixão)

“Santa Virgem Maria, não há mulher nascida no mundo semelhante a vós, filha e serva do altíssimo Rei e Pai celestial, Mãe de nosso santíssimo Senhor Jesus Cristo, esposa do Espírito Santo: rogai por nós com São Miguel Arcanjo e todas as virtudes do céu e todos os santos junto a vosso santíssimo e dileto Filho, Nosso Senhor e Mestre”.

A relação Trinitária, da qual emerge esta antífona, não se limita a colocar na luz a ação do Pai, mas oferece a classificação da relação de Maria com cada uma das pessoas da Trindade: filha de Deus Pai, Mãe de Jesus e esposa do Espírito Santo. Faz-se importante ressaltar aqui que esta última relação com a terceira pessoa da Santíssima Trindade aparece, de forma explícita e escrita, pela primeira vez na história. Somente admitindo esta proximidade de relacionamento dela com a Trindade, é que conseguimos compreender a sua função para com a humanidade divina.

Ainda se faz necessário acentuar uma outra dimensão muito importante da espiritualidade mariana de São Francisco que, talvez, seja a mais significativa e a mais original. Trata-se da associação de Maria ao mistério da pobreza de seu filho. A beata Virgem Maria é vista, sentida, amada e ornada por São Francisco como Senhora da pobreza ou pobre Senhora.

A pobreza de Maria, que era para São Francisco a personificação da pobreza de Cristo, o impressionou profundamente e o estimulou a uma participação total, como descreve o seu biógrafo São Boaventura, que ele, muitas vezes, recordava, sem conter as lágrimas, a pobreza de Cristo e de sua Mãe. Afirmava que ela é a rainha das virtudes, porque a vemos brilhar com pleno fulgor mais do que todas as outras, no Rei dos reis e na Rainha sua Mãe.

Assim, pode-se dizer que a espiritualidade de São Francisco, expressão do amor de Cristo é, por consequência, uma espiritualidade especificamente mariana. A maternidade divina e a pobreza da Virgem constituem, de fato, as duas dimensões inseparáveis da sua devoção. T

Continua...


Por Cleiton Robson.

Extraido de: http://www.reflexoesfranciscanas.com.br/2011/12/virgem-maria-na-ordem-franciscana-2.html

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