No título desta reflexão o chamamos como ele é mundialmente e carinhosamente conhecido, IL Poverello, pois é o santo da pobreza e dos pobres. Mas que pobreza é esta? Não é o conceito dos que estão fora da categoria econômico-financeira, mas sim a coragem de colocar tudo em comum. Isto mesmo! Ser pobre no sentido do Evangelho é compartilhar. É se afastar de toda forma de egoísmo para dividir o eu, as ideias e o bolso. A renúncia de si mesmo para a conquista de uma liberdade interior que o faz livre, leve, solto, mão aberta e matinal. Francisco filtra a vida cristã a seu modo e a modo do Mestre Jesus, que na pobreza material do dar e receber; e na pobreza interior que é ser desapropriado, humilde e simples, vão gerando o Reino. Pobreza é a não posse; é aquela ousadia de abandonar a casa de Pedro Bernardone com toda sua segurança para confiar-se à Fraternidade. Pobreza não é renúncia forçada das coisas, mas restituição voluntária de tudo ao Único Dono. Francisco nos ensinou que pobreza é encontrar a verdade de nós mesmos e, com isso, possuir a Única Riqueza que satisfaz o coração humano: Amar e ser Feliz!
Ele é o Penitente. O que é penitência no sentido medieval? Não é castigo, condenação ou gesto externo de mortificação, abstinência, jejum, dieta, vigílias, privação do agradável, infligir dor corporal. Penitência verdadeira é eliminar excessos: de egoísmo, ostentação, comida, apegos materiais, palavras banais, ansiedade, impaciência, intolerância. O verdadeiro penitente é aquele que cada dia pergunta: que está exagerado em mim? E vai aparando as arestas do que tem de sobra, do que tem de mais negativo, para chegar à medida exata do coração. E qual é a medida exta do coração? Teologicamente é voltar cada dia aos caminhos do Senhor; eticamente é fugir de qualquer possibilidade do mal; afetivamente é amar intensamente, incondicionalmente e fazer continuamente o bem sem importar a quem. Ele é uma moderação contida, uma sensibilidade equilibrada, um espectador atento do belo espetáculo da vida. A penitência de Francisco não era sair fazendo exageros, mas estar ao lado dos que sofriam, comer o que o povo come.
Quando afirmamos que ele é o Arquétipo da Síntese é porque a sua mística é simples: ele é um homem encarnado até o pescoço no infinito; em sua vida o finito evoca o infinito. Nele a alteridade é assim: ser fraterno sempre! Francisco e seu grupo primitivo de frades não fizeram fraternidade através da simpatia ou empatia pessoal; fizeram da fraternidade uma escuta comum da vontade do outro e uma convocação exigente para viver a beleza, a dignidade, as diferenças e os limites do outro. O feminino emergiu nele porque Maria, a Mãe Divina, e Clara de Assis o inspiraram a pensar assim: “Francisco, se você quer ser a sabedoria de um pobre, viva no vigor do Espírito, na Sensibilidade Vital da percepção que penetra através da superfície da realidade e acolhe a vida com admiração, reverência, coração, ternura e amor”. O diálogo inter-religioso é sua ida ao Oriente, conversar com o sultão no diferente da crença e no igual da mesma fome e sede de fé. O princípio ecológico de Francisco é a capacidade de maravilhar-se diante da grandeza das obras da Criação e a atuação do Divino Criador nos detalhes de tudo.
Ele é um itinerário espiritual e um humano evoluído, uma convocação para um tipo melhor de humanidade a qual todos somos chamados. Sua atração nos tempos de hoje é que ele, cada vez mais, lido, conhecido, reverenciado e buscado contribui para o ressurgimento de um novo tipo de ser humano.
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