FRANCISCO E A MÍSTICA
Por Frei Vitório Mazzuco Fº
Mística é a introdução nos mistérios do sagrado e da vida, é estar
imerso na vida com as motivações mais profundas. Francisco, ao dispor-se
à vida, ao buscar o que ele mesmo não sabia, deixou-se conduzir pelo
Senhor, deixou-se conduzir pelos confrontos e foi conduzido ao que
procurava. Diz ele em seu Testamento: “Foi assim que o Senhor concedeu a
mim, Frei Francisco, começar a fazer penitência: como eu estivesse em
pecados, parecia-me sobremaneira amargo ver leprosos. E o próprio Senhor
me conduziu entre eles, e fiz misericórdia com eles. E afastando-me
deles, aquilo que me parecia amargo se me converteu em doçura de alma e
de corpo”. Mística também significa guardar um segredo, recolher-se
para colher o melhor; entrar na intimidade de Deus, de si mesmo, da
vida. Francisco, quando olha de um modo intenso para si mesmo, é porque
primeiro olhou para Deus; saiu do rumor da cidade e recolheu-se nas
cavernas, florestas e eremos; para ele, os eremitérios não eram lugares
para ficar, mas para sair. Chegar ali, abastecer-se de silêncio, prece e
recolhimento e sair. O eremo não acentuava um isolamento, uma
alienação, uma fuga da convivência, um individualismo, mas um
preparar-se para a fraternidade, para a comunidade. Hoje, muita gente
fracassa socialmente porque não tem o recolhimento da profundidade
pessoal.
Mística é o húmus que faz desabrochar, o oculto que desvela a intimidade
que transparece. É beber na fonte de toda inspiração, ter as mais
fortes convicções. A sua vontade bem trabalhada é o fio condutor de sua
vida e que coloca a sua vida em movimento; a sua mística é a energia de
amor e fé que passa por dentro deste fio; é uma energia divina que
acende e faz com que o mundo inteiro se ilumine com a presença de Deus
em Francisco.
Continua...
Extraído de: http://carismafranciscano.blogspot.com.br/
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