24 de fevereiro de 2014

Um coração voltado para Deus


Francisco viveu uma estupefação diante da beleza e de grandeza do Senhor.  O jeito franciscano de viver comporta, em primeiríssimo lugar,  um êxtase diante de Deus.  “Amemos, pois, a Deus e adoremo-lo com o coração  e espírito puros,  porque isto é o que ele deseja … Dirijamos-lhe louvores e orações dia e noite… porque é preciso rezar sempre sem desfalecer” (2 Carta aos Fiéis, 19s).  Nesta Carta aos Fiéis, ao  traçar  um itinerário espiritual, indica em primeiro lugar  amar e adorar a Deus. Esta é a dimensão contemplativa da vida franciscana, sua raiz e seu objetivo último. Se o Senhor se dirige a nós cotidianamente com seu amor nada mais normal que  responder à sua fala com nosso amor, e um amor que seja ardoroso e não medíocre: adoração, louvores,  serviço. Francisco gosta da expressão:  ter o coração voltado para o Senhor. Isto quer dizer:  o que é mais central, mais profundo, mais unificador  é nosso coração.

Nessa profundidade de cada um de nós é que deve ser despertado o desejo e a busca de Deus.  A busca do Senhor não pode se resumir a meras palavra: um amor a Deus revestido de toda as nossas energias,  uma adoração marcada pela atitude de estupefação, de extrema reverência, de prosternação interior;  louvor  em que o  homem se maravilha diante de Deus e de sua obra, balbucia o ardor do encontro.  

Esta é a oração com um coração puro.  No princípio de toda oração está o Espírito do Senhor  que habita os fiéis e que é o perfeito adorar do Pai e produz no coração do fiel um movimento “e santa oração e de  dom de si mesmo”. Que nunca se perca o espírito da santa oração.  Finalmente encontramos toda a ênfase: “Em toda  parte e em qualquer lugar, a toda hora e tempo, diária e continuamente, creiamos sincera e humildemente, retenhamos no coração e amemos, sirvamos, louvemos e bendigamos, glorifiquemos e sobreexaltemos, magnifiquemos e  rendamos graças aos Altíssimo  e sumo Deus…(Regra não bulada 23, 32).  Assim se concretiza a atitude contemplativa franciscana:  fé humilde,  trazer sempre no coração (meditação), amor verdadeiro, respeito profundo, exuberância no louvor e na ação de graças.

NB.:  Este foi inspirado em  Las grandes líneas de la espiritualidade  franciscana de  Thaddée Matura, OFM

Frei Almir Ribeiro Guimarães


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