Francisco viveu uma estupefação diante da beleza e de grandeza do Senhor. O jeito franciscano de viver comporta, em primeiríssimo lugar, um êxtase diante de Deus. “Amemos, pois, a Deus e adoremo-lo com o coração e espírito puros, porque isto é o que ele deseja … Dirijamos-lhe louvores e orações dia e noite… porque é preciso rezar sempre sem desfalecer” (2 Carta aos Fiéis, 19s). Nesta Carta aos Fiéis, ao traçar um itinerário espiritual, indica em primeiro lugar amar e adorar a Deus. Esta é a dimensão contemplativa da vida franciscana, sua raiz e seu objetivo último. Se o Senhor se dirige a nós cotidianamente com seu amor nada mais normal que responder à sua fala com nosso amor, e um amor que seja ardoroso e não medíocre: adoração, louvores, serviço. Francisco gosta da expressão: ter o coração voltado para o Senhor. Isto quer dizer: o que é mais central, mais profundo, mais unificador é nosso coração.
Nessa profundidade de cada um de nós é que deve ser despertado o desejo e a busca de Deus. A busca do Senhor não pode se resumir a meras palavra: um amor a Deus revestido de toda as nossas energias, uma adoração marcada pela atitude de estupefação, de extrema reverência, de prosternação interior; louvor em que o homem se maravilha diante de Deus e de sua obra, balbucia o ardor do encontro.
Esta é a oração com um coração puro. No princípio de toda oração está o Espírito do Senhor que habita os fiéis e que é o perfeito adorar do Pai e produz no coração do fiel um movimento “e santa oração e de dom de si mesmo”. Que nunca se perca o espírito da santa oração. Finalmente encontramos toda a ênfase: “Em toda parte e em qualquer lugar, a toda hora e tempo, diária e continuamente, creiamos sincera e humildemente, retenhamos no coração e amemos, sirvamos, louvemos e bendigamos, glorifiquemos e sobreexaltemos, magnifiquemos e rendamos graças aos Altíssimo e sumo Deus…(Regra não bulada 23, 32). Assim se concretiza a atitude contemplativa franciscana: fé humilde, trazer sempre no coração (meditação), amor verdadeiro, respeito profundo, exuberância no louvor e na ação de graças.
NB.: Este foi inspirado em Las grandes líneas de la espiritualidade franciscana de Thaddée Matura, OFM
Frei Almir Ribeiro Guimarães
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