A decisão do Tribunal Superior Eleitoral, de que o projeto Ficha Limpa vai valer para as eleições deste ano, é sem dúvida resultado da movimentação da iniciativa popular, que apresentou o projeto com mais de um milhão e trezentas mil assinaturas. A alteração do texto original, feito pela Câmara e pelo Senado, não mudou a essência do projeto, que é impedir a candidatura de pessoas julgadas e condenadas pela Justiça.
Tenho a certeza que este projeto favorecerá uma mudança na postura dos partidos políticos, que a partir de agora vão escolher com mais critérios os seus candidatos. O impedimento de políticos condenados em segunda instância de serem candidatos, fortalece a fidelidade partidária e mais ainda o desejo da sociedade brasileira de eleger para o Congresso Nacional – Senado e Câmara dos Deputados – pessoas que tenham um histórico de prestação de serviço à sociedade e não que olhem somente para os seus interesses pessoais. Vale ressaltar, que esta lei vai valer também para escolha dos candidatos ao Governo do Estado e para eleições municipais, para escolha do prefeito e vereadores.
Quero parabenizar os petropolitanos que apoiaram o projeto e participaram da campanha de assinaturas, contribuindo para que nossa Diocese apresentasse mais de 20 mil assinaturas. O nosso trabalho não terminou com o projeto transformado em lei, mas começa agora com a fiscalização sobre os candidatos, acompanhando o processo político de escolha dos candidatos. Este acompanhamento pela Igreja será feito através da Pastoral dos Católicos com atuação na Política. Não somente no período eleitoral, mais durante o exercício do mandato.
A Igreja Católica não tem candidato, mas, temos a obrigação de orientar o povo, apontando os critérios para escolha dos candidatos, que devem defender a vida em todas as suas dimensões, desde a concepção até o seu fim natural, a família, o bem comum e outros pontos importantes e definidos pela Doutrina Social da Igreja.
Sobre este ponto, lembro a passagem do livro do profeta Isaías (Is 10,1-2): “Ai dos que decretam leis injustas e editam escritos de opressão, para afastar os humildes do julgamento e privar do direito os pobres do meu povo, para fazer das viúvas suas presas e roubar os órfãos”.
O sucesso do projeto Ficha limpa é um passo muito importante para que a população possa escolher seus representantes dignos para que editem leis a fim de garantir na sociedade o bem comum de todos. Por fim, volto a afirmar o nosso compromisso como Igreja, como pastor, de ajudar a sociedade, as pessoas mais carentes e serem respeitadas em seus direitos. Vamos continuar atuando, seguindo a orientação da Doutrina Social da Igreja, para que possamos criar uma sociedade justa e fraterna, que encontre o Cristo, e a partir deste encontro possa viver plenamente a sua humanidade.
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