OS ÍCONES E AS IMAGENS I
Frei Vitório Mazzuco Fº
“Eu vi, escreveu São João Damasceno, a imagem humana de Deus e minha alma está salva”
Imagem: São Lucas, ícone russo do século 18
A arte é essencialmente forma; para que uma obra de arte seja qualificada de arte sagrada não basta que seus temas derivem de uma verdade espiritual; é necessário que sua linguagem testemunhe e manifeste a sua origem. Toda forma transmite uma qualidade de ser. Os ícones querem ser um instrumento de oração e contemplação.Ícone (do grego eikon) quer dizer imagem. O mundo da arte entende como figura artística. O mundo religioso compreende como pintura religiosa, quase sempre em retábulos de madeira, de origem bizantina, grega ou russa. Grandes ou pequenos os ícones, na liturgia oriental desempenham um papel mais significativo e forte do que as imagens do rito romano do ocidente. Assim como se acredita que os santos exercem poderes benéficos para o que crê, assim também os Ícones governam todos os acontecimentos importantes da vida humana e são considerados poderosos instrumentos de graça.
Uma antiga tradição descreve São Lucas como o primeiro pintor de Ícones. São atribuídos a ele vários Ícones primitivos da Virgem e o Menino. Há Ícones que o descrevem em frente ao cavalete com um Anjo guiando-lhe a mão. Esta tradição revela que os Ícones são contemporâneos aos Evangelhos.
Os Ícones mais antigos são do século I a.C ao Século II d.C, são retábulos remanescentes do período Greco-romano; em sua maioria encontrados no povoado de Fayum, no delta do Nilo, no Egito. E estes Ícones já vão caracterizando um estilo: cabeças do tamanho natural, pinturas naturalistas, expressão vigorosa do rosto para idealizar espiritualmente.
Os Ícones mais antigos que chegaram até nós vêm do mosteiro de Santa Catarina, no monte Sinai, e de outras localidades do Egito. São dos séculos V e VI. São pinturas feitas com têmpera de ovo e cera para ligar as cores. Pinturas feitas por pessoas profundamente religiosas sob a direção de um mestre. Havia um ritual de bênção para se iniciar o trabalho, pois estava presente a consciência que seria um objeto de veneração especial dos fiéis. Ao serem levados para o templo, os Ícones também recebiam uma bênção especial, o que lhe conferem o direito de ter um lugar apropriado no santuário. Na liturgia oriental os Ícones são incensados, levado em procissão e venerados pelos fiéis. Nos lares ocupam lugares especiais.
OS ÍCONES E AS IMAGENS II
Houve um excesso de veneração que fez surgir a grande controvérsia Iconoclasta que agitou o oriente de 725 a 843. O que era o Iconoclasmo ou os Iconoclastas. Os que quebravam imagens. Em 726, os imperadores Leão III e Leão V proibiram o uso de imagens e ordenaram que fossem retiradas de lugares públicos e que fossem destruídas. O motivo era que as imagens se transformavam em ídolos e qualquer representação de Cristo em particular separava sua humanidade e sua divindade.
É de São João Damasceno (625-749) em sua obra: “Primeira Apologia contra os que atacam as imagens divinas”, que vem a afirmação que os Ícones nos relatam em figuras o que os Evangelhos nos contam em palavras. É uma teologia visual ou as Sagradas Escrituras em quadros.
O Ícone nunca pode ser uma pintura subjetiva, pois deve identificar-se e estar ligado com uma tradição. Pintar é uma disciplina de dedicação e humildade. Os que o faziam jejuavam e faziam exercícios espirituais em preparação para o trabalho. Iconógrafo significa alguém que escreve, não pinta Ícones. A técnica do desenho assemelha-se à da caligrafia. A imagem precisa ser moldada por meio de configurações sutis e padrões geométricos.
Imagem: Ícone da Virgem de Vladimir - Séc. XII
EXTRAÍDO DE: http://carismafranciscano.blogspot.com.br/
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