30 de junho de 2012

OS ÍCONES E AS IMAGENS (2ª parte)

Frei Vitório Mazzuco Fº

OS ÍCONES E AS IMAGENS III

Os Ícones revelam a espiritualização da matéria como reflexo da Encarnação, o revelar-se de Deus no Universo. Usavam material natural porque acreditavam que tinham dentro de si bem combinadas as energias divinas e terrenas que influenciavam as substâncias vegetais e minerais. Pintar um Ícone era efetuar uma transformação da matéria, é recuperar uma visão sacramental do mundo.

Não é uma mera arte ou tarefa ligar cores, mas sim criar a irradiação do reino divino, cujo símbolo maior, no mundo físico é a Luz. A luz e suas cores simbolizam o princípio da unidade dentro da multiplicidade. Por exemplo, nos Ícones a veste que toca o corpo venerável irradia energia e luz.
Há, também, no Ícone a sutil geometria das formas puras: curvas (círculo), verticais e horizontais (quadrado) e diagonais (triângulos). Elas estão entrelaçadas em um conjunto harmonioso. É a linguagem da geometria sagrada.

Aparece o nome da pessoa sagrada. A palavra faz parte integrante do desenho e parte essencial da linguagem visual.

Os dedos e mãos também tem significado especial: abençoam, rezam e apontam para Deus. Os rostos não são retratos comuns, mas descrevem a presença divina no ser humano. As cabeças nunca são pintadas de perfil, pois a Palavra de Deus deve ser recebida face a face. O alto da cabeça tem forma aproximada de um círculo, que é o símbolo da perfeição, concórdia, totalidade do que é santo, Deus.

A arcada superciliar forma uma ponte sobre o topo do nariz, e os olhos são moldados com cuidado para se harmonizarem com os contornos da cavidade ocular. A linha do septo nasal termina em uma ponta oval e é contínua com as narinas. A parte inferior da orelha está sempre descoberta, pois a pessoa está ouvindo.

OS ÍCONES E AS IMAGENS IV

Numa figura santa que representa a pessoa iluminada, os cinco sentidos são simbolicamente representados e se interrelacionam. Os ouvidos ouvem a Palavra de Deus, o nariz sente seu perfume, a boca a louva, as mãos apontam para a sua Beleza, Bondade e Verdade e os olhos contemplam o mistério.

O Ícone mostra uma versão cósmica de eventos vistos na eternidade e, portanto, é indiferente à transitoriedade do tempo. O espaço é concebido como uma série de níveis metafóricos no mundo do espírito.

A Iconografia é uma arte teológica que consiste na visão e no conhecimento de Deus. Deve ser fiel ao mundo visível e também a Deus, que não pode ser reduzido à representação. Nem a arte nem a teologia podem criar um Ícone sem a dupla responsabilidade: ser fiel ao mundo visível e também fiel a Deus, que não pode ser reduzido à representação. O Ícone é o resultado de uma longa tradição de meditação e elaboração de aperfeiçoamento de técnicas de pintura e possui rica teologia de formas e cores estreitamente relacionada com outras formas de teologia. Os temas vêm das verdades da fé e não podem ser sujeitos à especulação intelectual. O Ícone revela a realidade espiritual que está além de toda expressão verbal.

Neste mundo absorto em si mesmo, o Ícone ensina a receptividade do outro mundo como segredo da felicidade e nos convida a criar uma visão interior; muitos Ícones usam cumes de montanha como símbolo de elevação e proximidade de Deus e a porta como lembrete de revelação. Ele mostra diversos níveis da existência. Expressam o progresso da alma.

EXTRAÍDO DE: http://carismafranciscano.blogspot.com.br/

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