PONTOS DETERMINANTES:
1. A experiência que está na base de qualquer sistema. O pensamento dos mestres franciscanos articulou-se a partir de uma experiência prévia, pessoal e comunitária. A teoria é resultado de uma práxis condicionante.
2. A experiência instalada em uma situação. Contexto histórico social. O fundacional, o originário, o tempo, as circunstâncias da Idade Média.
3. O suporte vital do pensamento franciscano não são as ideias do pensamento grego, mas as verdades reveladas do cristianismo. É uma filosofia na fé.
4. O horizonte é importante para a compreensão de um texto, de um sistema, da realidade. Colocar-se e compreender a partir dele. O horizonte do franciscanismo consiste em ter vivo o sentido da presença gratuita de Deus e de todo ser criado que é interpretado como linguagem divina. Este sentido de presencialidade gratuita em Francisco e nos pensadores de sua Família lhes dá um modo peculiar de ver, de sentir, de participar, de celebrar a própria vida e de elaborar um sistema filosófico com grande atenção e respeito às diversas realidades que resistem a ser interpretadas a partir dos grandes princípios.
5. Tudo isto dá um empenho especial: a vida como um modo de ser espiritual, psicológico e existencial que se traduz num estilo concreto e específico de viver, pensar e de construir um universo mental articulado em sistema filosófico. O humano pode conhecer o mundo, a natureza e todos os seres que há nela, mas tudo isso serviria muito pouco, se ele não descobrir na natureza o vestigium Dei, isto é, as pegadas de Deus, e em si mesmo a imago Dei e o ser capax Dei in homine, se ele não percebe a ação divina no mundo e a capacidade de infinito no ser humano.
6. Um campo inteligível : o modo próprio e original de focalizar os grandes temas de Deus, do humano e do mundo. Um sentido prático de estudo. A reflexão pensada a partir do cotidiano, a partir da própria vida em toda a sua problemática humana, social, ética e política. É um pensar inquieto que constantemente busca. Aberto ao que acontece na vida, todos os seres são interlocutores válidos aos quais se deve escutar. O intelectual franciscano tem mais vontade de escuta do que de suspeita. Não só buscar a razão das coisas, mas a verdade das coisas. Esta verdade só se encontra na humildade e na atitude de escuta e acolhida. No franciscanismo, os grandes problemas ontológicos, antropológicos, religiosos, éticos, epistemológicos e cosmológicos nunca estão definitivamente possuídos, mas convidam a novas “posses” e interpretações. O pensamento franciscano que brota da vida e da experiência inacabada, é sempre um ´pensamento inaugural que vai além da palavra falada e escrita para converter-se em palavra falante.
Continua...
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