FRANCISCO E A QUESTÃO AMBIENTAL
Por Frei Vitório Mazzuco Fº
Francisco é aquele, que ao receber a convocação para reconstruir a casa, de um modo imediato põe-se em ação. A Idade Média nos legou este seu modelo vivo e grandioso, um humano enamorado pela vida e pelo Deus da vida. E os dias de hoje o que tem para nos oferecer? Certamente, existem muitas pessoas envolvidas com o cuidado da nossa casa, o belo planeta terra; por outro lado, se hoje vivemos a assim chamada crise ecológica é porque existe muita gente que não sabe estar em casa. Há uma crise de relação entre o humano e a natureza, e isso afeta valores e identidade. Aqui, também, entra a provocação de Francisco. Ele está lá onde floresce a verdade, a formação de um humano total, onde viceja a fraternidade, amor, ternura, comunhão com tudo e com todos.
Ecologia é o discurso sobre a casa, seu cuidado e preservação. Nunca se falou tanto em defender, promover, valorizar e estar ao lado da vida. Se existe esta fala e as ações em função das questões ambientais, é porque há evidências e consequências de que a nossa Irmã e Mãe Terra, como chamava Francisco, está agredida, usada, ameaçada, explorada de um modo desenfreado e desumano. A questão ambiental é o grande tema do momento e gera grandes congressos, fóruns, cúpulas, debates e preocupações. Ocupa as razões da ética e a argumentação holística, traz a reflexão mais aguçada para a totalidade humana. Teria sentido uma ecologia que esqueça a antropologia? O paradigmático Salmo 8 proclama: “Senhor, nosso soberano, como é grandioso teu nome em toda terra! Quando contemplo o céu, obra de teus dedos, a lua e as estrelas que fixaste, o que é o homem, para que te lembres dele, o ser humano, para que com ele te ocupes?”
Francisco de Assis pregou e viveu a fraternidade como uma relação e não deixou a parte o relacionamento de todo ser vivente. Viver a fraternidade universal é dar condições de vida a tudo o que vive, é sentir-se irmanado com animais, minerais, vegetais, macrocosmo e microorganismos. Relacionar-se para cuidar e transformar para o melhor, equilibrar o potencial da vida. “São Francisco de Assis, uma tão elevada personalidade, mostrou ao mundo o que significa exercer uma subjetividade integrada e solidária com os seres e suas fragilidades, sem restringir o acolhimento a quem quer que seja, celebrando a profunda vibração da vida que está no recôndito da existência. Acima das ideias e ideologias, medos e apegos, estava ali a receptividade, simplicidade e equilíbrio dinâmico do humano no mundo”.
Continua...
Texto extraído de: http://carismafranciscano.blogspot.com.br/
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