25 de agosto de 2013
Francisco de Assis, modelo referencial do humano – XXI
Por Frei Vitório Mazzuco Fº
Francisco de Assis nos ensina que viver é despojar-se de qualquer sofisticação e beber mais do puro aberto do natural. Ir mais aos detalhes da vida e ver seus muitos gestos de doação e acreditar numa novidade originária. Ele é o homem que voltou ao Paraíso. Que ele nos dê novamente esta imensa saudade do Paraíso do qual nós mesmos nos expulsamos. Ele é a Poesia da Vida e a Poesia do Humano. E o humano que anda leve no movimento sem pressa do caminho, percebendo ritmo e o verso do próprio passo. Franciscanismo e Poesia não se separam porque estiveram sempre juntos na percepção da sua identidade, mergulhados no Natural. E por falar em Poesia, vamos encerrar este ponto com o grande Drumond, poeta de Itabira, de Minas, do Rio e do Mundo:
“Francisco operário madrugador na construção de igrejas,
(não de edifícios de renda, longe disso).
Tantas coisas pra lhe contar, daqui de baixo!
Mas você não cansou, em sete séculos e meio,
de ouvir a eterna queixa, o monocórdio estribilho
de nossa falta de humildade cortesia ternura nudez?
Veja por exemplo os bichos (só a eles me refiro
porque não falam por si). Arvoro-me em secretário
do mico-estrela, da tartaruga, da baleia,
de todos, todos. Dos mais espetaculares aos mínimos,
tão míseros.
De irmãos você os chamava. Repare: aterrorizados.
fogem de nós, com muita razão e longos medos.
E um e outro, isolados, gostamos.
Coisa nossa, brinquedo. É gosto sem gostar,
feito de posse-domínio.
Veja as infinitas coleções
de animais que padecem em todos os chãos e águas da Terra
e não podem dizer que padecem, e por isso padecem duas vezes,
sem o suporte da santidade.
Pior, Francisco: o padecimento deles
é de responsabilidade nossa, humana? Desumana.
Nós os torturamos e matamos
por hábito de torturar e de matar
e de tornar a fazê-lo, esporte,
com halalis, campeonatos, medalhas, manchetes,
pólvora cheirando festa,
ouro pingando sangue...
Continua...
Fonte: http://carismafranciscano.blogspot.com.br/
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