Não duvidamos. Francisco de Assis compreendeu a importância fundamental do Evangelho. Uma primorosa “biografia” de São Francisco foi escrita pelo irmãozinho de Jesus Carlo Carreto (Paulinas, 1981).
Ele faz Francisco dizer o seguinte: “Vocês podem até me censurar, censurem-me, mas o que eu via no Evangelho era o ir além: ir além de todas as culturas, de todas as construções humanas, de todas as civilizações.
O Evangelho eu sentia como algo eterno, ao passo que a cultura e a política eu as sentia no quadro da época, inclusive a cultura cristã. Eu sempre fui feito para ir além da minha época. Para buscar a justiça e a igualdade humana bastava o Antigo Testamento, bastava ler o Deuteronômio, o Livro dos Reis, o Levítico.
Neles aprendemos a construir o Estado, segundo as normas do bom senso e da velha mentalidade teocrática.
Neles aprendemos a fazer a guerra, a prender os maus, a dividir a presa, a matar, a torturar, às vezes, até mesmo em nome de Deus, como se tem feito algumas vezes também entre nós.. Mas o Evangelho é algo diferente.
O Evangelho é a loucura de um Deus que perde sempre e se faz crucificar para salvar o homem. O Evangelho é a loucura de homens que clamam pelas bem-aventuranças mesmo em meio ao pranto, à indigência, à perseguição. Isso eu havia compreendido.
E o compreendera justamente porque os homens sábios e equilibrados me teriam destruído – e eu invocava a loucura para salvar-me. E estava contente por ter encontrado a verdadeira loucura que salva: o Evangelho” (p. 61-62).
Frei Almir Ribeiro Guimarães
Texto extraído de: http://www.franciscanos.org.br/?p=52687
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