3 de junho de 2011

ENTRONIZAÇÃO DO CORAÇÃO DE JESUS

ENTRONIZAÇÃO DO CORAÇÃO DE JESUS

1. Todo cristão, discípulo de Jesus, sabe postar-se diante do Coração aberto do Cristo Jesus no alto da cruz. Não se trata de uma devoção qualquer, mas de um preito de gratidão ao Filho de Deus que se tornou abjeto e desprezado e que, depois de morto, mostrou sua intimidade através da fenda aberta pelo soldado no seu lado, no seu coração. Sabemos que o sacramento da Igreja nasceu desse lado fissurado, dessa fonte de sangue e de água. Não se trata de devoção açucarada, mas de reconhecimento perene de quanto fomos e somos amados.

2. Muitos de nós conhecemos um costume que aos poucos foi desaparecendo do elenco das preocupações dos homens e das mulheres e da famílias católicas. Refiro-me à entronização da imagem ou de um quadro do Coração de Jesus em nossas residências. Há não muito tempo estive hospedado em uma casa de conhecidos. Eles tinham na sala, colocado sobre a parede, um belo quadro do coração de Jesus e sobre um cantoneira um jarro com rosas vermelhas. Sentei-me diante da imagem, quando não havia ninguém em casa e confesso, que vivi momentos de interiorização diante daquele Jesus que é sentido da minha vida e para o qual batalho e luto enquanto força tiver em meu peito. Sim, creio que nossas famílias, sem saudosismos tolos, precisariam voltar a este costume da consagração da casa e da família ao Coração de Jesus. Por vezes, tem-se a impressão de que nossas casas se tornaram escrupulosas em terem sinais da fé cristã á vista. Tudo é feito meio às escondidas. Não se tem coragem de anunciar as cores. Para não chocar a uns e outros e por mero respeito humano não temos mais “sinais” cristãos em nossas casas. Não há que se ter vergonha de se dizer cristão.

3. Um pai, uma mãe, esposo e esposa com seus filhos querem que seu lar seja de Cristo. Querem oferecer, no interior das paredes de sua casa, lugar a Cristo, sobretudo no coração dos membros dessa família. Por isso chamam um ministro da Igreja para fazer a entronização da imagem do Coração chagado e iluminado de Cristo Jesus. Abençoando a imagem poderia ele dizer estas palavras: “Senhor Deus, invocamos a vossa bênção sobre esta imagem do coração de vosso Filho Jesus Cristo. Em vossos planos e desígnios eternos quisestes vos revelar a todos os homens através da humanidade do vosso Filho Jesus, nascido entre nós do ventre alvíssimo de Maria. Nós vos damos graças por todos os benefícios e graças e dons que vieram até nós por Cristo Jesus. Sabemos que seu lado aberto no alto da cruz brotaram rios de água e de sangue que nos lavaram, purificaram e nos alimentaram, Que a vossa bênção continue a iluminar as trevas de nossos corações. Que todos possamos vos mostrar gratidão por vosso amor. Dignai-vos, pois, Senhor, abençoar a imagem do Coração de Jesus, vosso Filho e nosso irmão”.

4. Podemos, pois, compreender que a imagem ou o quadro do Coração de Jesus lembre aos membros de uma família o amor de Deus por eles e que, em suas tarefas e empreendimentos, trabalhos e preocupações, sabem que podem contar com o olhar do Coração do Cristo ressuscitado. Há famílias que, de quando em vez, se consagraram a esse imenso Coração. Podemos nos servir de uma oração como esta: “Sagrado Coração de Jesus, queremos nos consagrar a ti e ao teu Coração. Esta casa é tua e esperamos que teu olhar nos acompanhe durante o tempo da vida. Escolhemos a ti para ser rei e centro de nossos corações, a quem só queremos amar, honrar e servir. Ao teu coração entregamos todas as nossas esperanças e consolações, todas as aflições, necessidades e misérias. Digna-te presidir nossas reuniões, abençoar nossos empreendimentos, presidir a mesa de nossa refeição, afastar de nós toda dureza de coração, aliviar nossas penas e os sofrimentos dos mais pobres da terra. E quando chegar o momento da partida de um de nossos que tu sejas força e consolo. Enquanto houver força em nosso peito, Coração do Redentor, que sejamos anunciadores das graças e de teu amor”.

5. Bento XVI, dirigindo uma carta ao preposto dos jesuítas, a 15 de maio de 2006, escrevia: “Já que o amor de Deus encontrou sua expressão mais profunda no dom que Cristo fez por nós de sua vida no alto da cruz, é sobretudo contemplando seu sofrimento e sua morte que podemos compreender de maneira mais clara o amor sem limites que Deus tem por nós”.

6. Arde no coração do discípulo o desejo de tornar amado o Mestre. Quando o fiel se dá conta que os ensinamentos do Senhor Jesus e seu projeto não são levados em consideração, quando percebe que o amor do Senhor é tratado com desdém, toma a decisão de fazer de sua vida uma vida de evangelização e de reparação. Oferece ao Senhor o lamento de ver que seu amor não é acolhido e torna-se missionário do Amor que precisa ser amado.

7. Felizes as famílias que, através da devoção ao Coração do Redentor, colocam fé vivida no coração dos seus membros.

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