3 de janeiro de 2013

Um certo Francisco de Assis - Humanista e humorista

Francisco de Assis, eis um tema que não se esgota. Um frade  espanhol, José Antonio Merino, OFM,  escreveu texto muito saboroso sobre esse nosso italiano que é do mundo inteiro, que saiu como encarte da revista espanhola Vida Nueva, n. 2663, com o título de Francisco de Assís, santo enigmático e provocador. Transcrevemos aqui apenas uns poucos parágrafos  que falam do humanista e humorista.



Ainda em vida, Francisco foi um fenômeno de massa, devido ao seu estilo evangélico. Não somente por isso, mas porque era um gênio da comunicação e da propaganda. Compreendia imediatamente as necessidades e expectativas dos que dele se acercavam. Tinha um senso inato e forte sentido do espetáculo. Era um artista. Nos tempos de sua juventude cantava pelas ruas nas serestas com seus amigos.
Depois de sua conversão exprimia-se, em suas pregações, com gestos e posturas dos jograis e dos trovadores. Se, em sua juventude tinha sonhado ser um cavaleiro, empregando a linguagem cavalheiresca da época, depois de sua conversão continuou usando um repertório de palavras e imagens muito diferente  da linguagem religiosa habitual.
 Falava de seus irmãos com sendo cavaleiros da Távola Redonda e da pobreza como se fosse sua noiva. Por vezes pregava com a linguagem das canções eróticas que estavam em voga, transformando-as e dando-lhes um sentido religioso. Conseguiu superar a dicotomia entre sagrado e profano, laical e clerical, linguagem profana e linguagem eclesiástica. Certa vez, diante de suas admiradoras do sexo feminino, reunidas em torno da nobre Clara, improvisou uma pregação somente feita de gestos.
Sua conversão ao Evangelho não significou renúncia a seu caráter jovial e festivo; ao contrário, chegou mesmo a potenciá-lo. Para ele, Deus era uma festa, e dançava quando se aproximava dele. Sua vida era um constante celebração litúrgica  pelos campos e cidades. Para ele, a natureza era  um templo visível da divindade onde se celebra espontaneamente a liturgia cósmica.

Inventou um estilo novo de encarnar o Evangelho combinando a coerência da mensagem evangélica com seu caráter jovial e festivo.  A santidade com a poesia. O humanismo com o humorismo. A religião com a estética. Trouxe alegria para o cristianismo. Seu estilo de vida tão original  foi logo captado pelas multidões de gente simples que sabem descobrir o essencial da vida. Bem cedo, Francisco se converteu num fenômeno de massas.  No capítulo  10 dos Fioretti, encontramos um  texto muito significativo. 
Frei Masseo, com uma certa duvidosa simplicidade e não pouca ironia ( para tentá-lo”, diz o texto), pergunta:
 "Por que a ti, por que a ti,  Francisco?".

Extraído de: http://www.franciscanos.org.br/

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