8 de março de 2014

Francisco e o Evangelho que queimava


Em seu itinerário de querer encontrar o Senhor,  Francisco, o Poverello, vai ser um buscador da fé, da luminosidade da fé. É como se ele estivesse buscando um poço no deserto, como que remexendo a terra para encontrar um tesouro.  Nunca se esquecerá desses começos e daqueles que com ele estavam. Não se esquecerá esta primeira etapa de sua vida na busca do evangelho que costuma dilacerar.  Era como um homem acocorado e que agora se levantava e tinha vontade de dançar.

Como acolher a gratuidade dos dons de Deus sem, ao mesmo tempo, deixar cair por terras nossas pseudo-riquezas?  Nossas ideias feitas, nossas teimosias, nossos cacarecos.  Os primeiros da  mudança de Francisco foram decisivos. O Evangelho não era alguma coisa sonolenta.  Segundo  Michel Hubaut  era como o bisturi de um cirurgião. A homilia de domingo que ele escutava meio sonolentamente foi se convertendo num evangelho de fogo.  O contrário do medo é a fé. Ter a coragem de tudo arriscar. 

Renunciar ao desejo de manejar ou manipular a própria vida, de se abandonar nas mãos do Senhor  para acolher o seu projeto a nosso respeito.  Nada se compreende da mudança se Francisco se não se entende que foi precisamente o desejo de abrir-se ao desejo de Deus.

“Nada, pois, desejemos, nada queiramos, nada nos agrade e deleite, a não ser nosso Criador e Redentor e Salvador, verdadeiro  e único Deus, que é todo o bem… Portanto, nada nos impeça, nada nos afaste, nada nos estorve. Em todo lugar, em toda hora, em todo o tempo… creiamos, abracemos e amemos e honremos, adoremos, sirvamos, bendigamos e louvemos, engrandeçamos e rendamos graças ao Altíssimo, sumo e eterno Deus… deleitável…desejável pelos séculos dos séculos” (Regra não bulada, 23).

Frei Almir Ribeiro Guimarães

Extraído de:  http://www.franciscanos.org.br/

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