2 de janeiro de 2015

“Quando Cristo ‘passeia’ na alma”


Logo no dia 2 de janeiro de 2015 ocorre a primeira sexta-feira do ano novo. Os discípulos de Jesus, certamente, por esta ocasião, haverão de consagrar esse tempo novo ao Cristo Jesus, vivo e ressuscitado, que com os diamantes de suas chagas brilhantes de ressuscitado se faz presente no tempo de nossa vida. Haverão de comtemplar, nesta primeira sexta-feira, o lado aberto do Redentor. Normal que a ele consagrem os dias do ano novo.

Toda vez que começamos um novo ano, mesmo aqueles que já fizeram boa parte da caminhada, experimentamos uma força nova, diferente. Estamos, de fato, proibidos de envelhecer. Ora, precisamente esse Cristo vivo e ressuscitado é que nos renova. Somos proibidos de dizer que tudo está feito. Muito foi desfeito. Muito precisa ser refeito. Cristo vivo nos proíbe de envelhecer. Ele não pode faltar nesse dias que estamos para viver.

São Macário, bispo do século IV, em bela homilia, descreve o interior do homem, de um lado habitado por Cristo, de outro, vazio e sem o hospede que nos rejuvenesce, um interior com ervas daninhas.

“Se uma casa não for habitada pelo dono, ficará sepultada na escuridão, desonra, desprezo, repleta de toda espécie de imundícia. Também a alma, sem a presença de seu Deus, que nela jubilava com seus anjos, cobre-se das trevas do pecado, de sentimentos vergonhosos e de completa infâmia (…) Ai da alma, se nela não passeia Deus, afugentando com sua voz as feras espirituais da maldade. Ai da casa não habitada por seu dono! Ai da terra sem o lavrador que a cultiva! Ai do navio se lhe falta o piloto; sacudido pelas ondas e tempestades do mar, soçobrará! Ai da alma que não tiver em si o verdadeiro piloto, o Cristo! porque lançada na escuridão de mar impiedoso e sacudida pelas ondas das paixões, jogadas pelos maus espíritos, como em tempestade de inverno, encontrará afinal a morte”.

Conhecemos o drama de nossa vida em que, muitas vezes, fazemos que tudo gire em torno de nós mesmos, uma vida que, aos poucos, foi aceitando uma postura de indiferença diante dos outros, sobretudo dos mais abandonados. Por vezes temos a impressão que nossa vida é como uma barco sem piloto, sem rumo. Vamos de um lado para o outro. Não há bússola. Tudo segue a esmo. Há vidas que não são habitadas pelo sopro do Espírito.

São Macário continua: “O agricultor indo lavrar a terra, deve pegar os instrumentos e vestir a roupa apropriada para o trabalho: assim também o Cristo, o rei celeste e verdadeira agricultor, ao vir à humanidade, deserta pelo vício, assumiu um corpo, e carregou como instrumento, a cruz. Lavrou a alma desamparada, arrancou-lhe os espinhos e abrolhos dos maus espíritos, extirpou a cizânia do pecado e lançou fogo a toda erva de suas culpas. Tendo-a assim lavrado com o lenho da cruz, nela plantou o maravilhoso jardim do Espírito, que produz toda espécie de frutos deliciosos e agradáveis a Deus, seu Senhor”.

Cristãos que somos, não cessamos de contemplar o Cristo que veio morar em nossa terra e que anda sempre empurrando as portas de nosso coração para se instalar lá. A alma em que Deus habita é um jardim que exala o perfume do Cristo vivo e ressuscitado. 

Ser devoto do Coração do Senhor é preparar nossa intimidade para a acolher o Senhor e ouvir a brisa da paz.

Frei Almir Ribeiro Guimarães 

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