1. História da via-sacra
Já no século IV, os romeiros da Terra Santa visitavam, em Jerusalém, de maneira informal, os santos lugares onde aconteceram a paixão e morte de Jesus. Este costume gerou o exercício da via-sacra praticado hoje, especialmente, na Quaresma.
Desde o séc. XVIII são contadas quatorze estações desde a casa do julgamento até o santo sepulcro. As vias-sacras modernas acrescentam uma décima-quinta estação: Jesus ressuscitado.
Em Jerusalém, os antigos romeiros percorriam a "via dolorosa" no sentido inverso, isto é, do Santo Sepulcro ao pretório romano. Segundo tradição antiqüíssima, a Virgem Maria, mãe de Jesus, após a Ressurreição visitava diariamente o cenáculo, a casa de Anás e Caifás, o Calvário, o Santo Sepulcro, o pretório, o Getsêmani, o Horto, o Vale de Cedron e a Fortaleza de Antônia, no Sião. Esta tradição foi retomada no séc. XIII pelos franciscanos em Jerusalém, onde, na Via Dolorosa colocaram algumas capelinhas e marcos de pedra. Estas já seguiam a ordem cronológica e a via-sacra começou a encontrar sua forma atual, justamente no tempo da crescente devoção para com os sofrimentos de Jesus.
Para quem não podia ir até a Terra Santa, os mesmos franciscanos divulgaram as estações da Via Crucis substituídas por quadros pintados. As estações 13 e 14 surgiram no séc. XIV juntamente com as imagens dos sete Passos: Jesus na coluna, Ecce Homo, as imagens da Procissão do Encontro e do corpo do Senhor Morto, numa sepultura aberta.
O santo frade Leonardo de Porto Maurício (1676-1751) sozinho instalou 576 via-sacras. As orações de uma via-sacra constam no manual: "Sanctos Exercicios Quotidianos" (1773).
A mulher Santa Verônica, a três quedas de Jesus e o encontro de Jesus com sua mãe, não constam nos Evangelhos. Por isso o papa João Paulo II, em 1991, propôs algumas mudanças na via-sacra.
2. As novas práticas no Brasil
Em muitos centros de romaria, existia a via-sacra pública: em Juazeiro do Norte (CE), Bom Jesus da Lapa (BA), Canindé (CE), e em Aparecida do Norte (SP).
No Rio Grande do Sul, o termo via-sacra poderá indicar a encomendação das almas, realizada na zona rural, nas sextas-feiras da Quaresma. Ao som da matraca e após o pôr do sol, um grupo ou terno de pessoas, dirigido por um capelão, visita às casas para rezar pelas almas. Inicialmente, a casa visitada ficava em silêncio com as portas e janelas fechadas. O capelão alterna orações cantadas com o terno. Depois oferece preces para as almas dos enforcados, dos aflitos, dos acidentados, etc. que são respondidas pelos donos da casa. Após mais algumas orações, a critério do capelão, é permitida a entrada do terno, somente pela porta dos fundos. Recebem um café preto, um chimarrão ou um gole de bebida alcoólica. Terminam a visita com o canto: “Bendito louvado seja da puríssima Conceição da Virgem Maria Senhora Nossa Concebida sem pecado original”.
O grupo vai aumentando com moradores das casas já visitadas que desejam também fazer “penitência”. O canto tradicional da via-sacra é: A morrer crucificado ou, em latim, o Stabat Mater.
Na sexta-feira santa, às 4 horas da manhã em Sabará (MG), reúnem-se os devotos na igreja do Rosário, munidos de matracas e muitas velas. Para reviver os passos de Jesus até sua crucificação, fazem uma caminhada penitencial até a capela do Senhor Bom Jesus.
Com a Campanha da Fraternidade, surgiram novas formas de vias-sacras que mostram a paixão, morte e ressurreição de Jesus, misturados ao sofrimento do povo brasileiro. No ano de 1999, 3000 crianças e adolescentes, ajudados pela Pastoral do menor, realizaram uma via-sacra pelas ruas do centro de São Paulo (SP).
No mesmo ano, jovens coordenaram a via-sacra em Minas Novas (MG). As preces falavam de uma vida nova para o Vale do Jequitinhonha. O sofrimento estampado no rosto dos atores, já característico do povo do Vale, tornava mais real a encenação da crucifixão. Muitos fiéis choravam emocionados.
Em 1995 em Getúlio Vargas (RS), a 18ª Romaria da Terra encenou e rezou uma via-sacra com relatos do sofrimento do povo de hoje. Na cidade de Ponte dos Carvalhos (PE), o padre passou a celebrar com o povo uma via sacra em que figuravam o camponês, a viúva, a prostituta e até Martin Luther King.
Frei Francisco van der Poel, OFM.
Já no século IV, os romeiros da Terra Santa visitavam, em Jerusalém, de maneira informal, os santos lugares onde aconteceram a paixão e morte de Jesus. Este costume gerou o exercício da via-sacra praticado hoje, especialmente, na Quaresma.
Desde o séc. XVIII são contadas quatorze estações desde a casa do julgamento até o santo sepulcro. As vias-sacras modernas acrescentam uma décima-quinta estação: Jesus ressuscitado.
Em Jerusalém, os antigos romeiros percorriam a "via dolorosa" no sentido inverso, isto é, do Santo Sepulcro ao pretório romano. Segundo tradição antiqüíssima, a Virgem Maria, mãe de Jesus, após a Ressurreição visitava diariamente o cenáculo, a casa de Anás e Caifás, o Calvário, o Santo Sepulcro, o pretório, o Getsêmani, o Horto, o Vale de Cedron e a Fortaleza de Antônia, no Sião. Esta tradição foi retomada no séc. XIII pelos franciscanos em Jerusalém, onde, na Via Dolorosa colocaram algumas capelinhas e marcos de pedra. Estas já seguiam a ordem cronológica e a via-sacra começou a encontrar sua forma atual, justamente no tempo da crescente devoção para com os sofrimentos de Jesus.
Para quem não podia ir até a Terra Santa, os mesmos franciscanos divulgaram as estações da Via Crucis substituídas por quadros pintados. As estações 13 e 14 surgiram no séc. XIV juntamente com as imagens dos sete Passos: Jesus na coluna, Ecce Homo, as imagens da Procissão do Encontro e do corpo do Senhor Morto, numa sepultura aberta.
O santo frade Leonardo de Porto Maurício (1676-1751) sozinho instalou 576 via-sacras. As orações de uma via-sacra constam no manual: "Sanctos Exercicios Quotidianos" (1773).
A mulher Santa Verônica, a três quedas de Jesus e o encontro de Jesus com sua mãe, não constam nos Evangelhos. Por isso o papa João Paulo II, em 1991, propôs algumas mudanças na via-sacra.
2. As novas práticas no Brasil
Em muitos centros de romaria, existia a via-sacra pública: em Juazeiro do Norte (CE), Bom Jesus da Lapa (BA), Canindé (CE), e em Aparecida do Norte (SP).
No Rio Grande do Sul, o termo via-sacra poderá indicar a encomendação das almas, realizada na zona rural, nas sextas-feiras da Quaresma. Ao som da matraca e após o pôr do sol, um grupo ou terno de pessoas, dirigido por um capelão, visita às casas para rezar pelas almas. Inicialmente, a casa visitada ficava em silêncio com as portas e janelas fechadas. O capelão alterna orações cantadas com o terno. Depois oferece preces para as almas dos enforcados, dos aflitos, dos acidentados, etc. que são respondidas pelos donos da casa. Após mais algumas orações, a critério do capelão, é permitida a entrada do terno, somente pela porta dos fundos. Recebem um café preto, um chimarrão ou um gole de bebida alcoólica. Terminam a visita com o canto: “Bendito louvado seja da puríssima Conceição da Virgem Maria Senhora Nossa Concebida sem pecado original”.
O grupo vai aumentando com moradores das casas já visitadas que desejam também fazer “penitência”. O canto tradicional da via-sacra é: A morrer crucificado ou, em latim, o Stabat Mater.
Na sexta-feira santa, às 4 horas da manhã em Sabará (MG), reúnem-se os devotos na igreja do Rosário, munidos de matracas e muitas velas. Para reviver os passos de Jesus até sua crucificação, fazem uma caminhada penitencial até a capela do Senhor Bom Jesus.
Com a Campanha da Fraternidade, surgiram novas formas de vias-sacras que mostram a paixão, morte e ressurreição de Jesus, misturados ao sofrimento do povo brasileiro. No ano de 1999, 3000 crianças e adolescentes, ajudados pela Pastoral do menor, realizaram uma via-sacra pelas ruas do centro de São Paulo (SP).
No mesmo ano, jovens coordenaram a via-sacra em Minas Novas (MG). As preces falavam de uma vida nova para o Vale do Jequitinhonha. O sofrimento estampado no rosto dos atores, já característico do povo do Vale, tornava mais real a encenação da crucifixão. Muitos fiéis choravam emocionados.
Em 1995 em Getúlio Vargas (RS), a 18ª Romaria da Terra encenou e rezou uma via-sacra com relatos do sofrimento do povo de hoje. Na cidade de Ponte dos Carvalhos (PE), o padre passou a celebrar com o povo uma via sacra em que figuravam o camponês, a viúva, a prostituta e até Martin Luther King.
Frei Francisco van der Poel, OFM.
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