Frei Atílio Abati
Ao falar da paixão e morte do Senhor Jesus, por nos ter dado sua própria vida, São Francisco de Assis chegava às lágrimas. Daí sua exclamação de júbilo: “Que felicidade ter um tal irmão” (2CFi 56)!
Em 1224, no Monte Alveme, Francisco recebe os estigmas da paixão do Senhor, provavelmente, no dia de São Miguel Arcanjo, 29 de setembro.
A impressão das chagas, em seu corpo, não foi senão a coroação de toda uma vida. Desde o início de sua conversão, ele se deslumbrava ao contemplar o Cristo de São Damião, tão humano, tão despojado, tão pobre e crucificado. Por isso, este Cristo ocupa o lugar central de toda sua vida: “Não quero gloriar-me a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo” (Gal 6,14).
Foi ante este Cristo, que compungido rezou: “Iluminai as trevas de meu espírito, concedei-me uma fé íntegra, uma esperança firme e um amor perfeito” (OrCr). E continua: “Nele está todo perdão, toda graça e toda glória, de todos os penitentes e justos” (RegNB 30).
A cruz, fonte de vida
Assim compreende-se porque na alma deste servo de Deus as chagas já estavam impressas desde o início de seu projeto de vida.
Assim compreende-se porque na alma deste servo de Deus as chagas já estavam impressas desde o início de seu projeto de vida.
Francisco teve a sensibilidade de descobrir a face do Cristo Sofredor nos conflitos sociais, nos leprosos e nos marginalizados. Vê no Cristo Crucificado o servo perfeito, que aceita viver, sofrer e morrer para nos salvar.
Francisco passou por momentos de crise, mas não perdeu a chama da esperança e da confiança. Apesar das provações, sentiu-se cativado pelo Cristo. Ele sabia que o caminho para a glória passa pelo sofrimento. Sua opção de vida foi pelo caminho da renúncia, da doação e da cruz. Todavia, assumiu sua missão até as últimas conseqüências, porque o caminho da cruz é fonte de vida.
Francisco passou por momentos de crise, mas não perdeu a chama da esperança e da confiança. Apesar das provações, sentiu-se cativado pelo Cristo. Ele sabia que o caminho para a glória passa pelo sofrimento. Sua opção de vida foi pelo caminho da renúncia, da doação e da cruz. Todavia, assumiu sua missão até as últimas conseqüências, porque o caminho da cruz é fonte de vida.
Francisco captou o profundo sentido da cruz e, por isso, sentiu-se envolvido pelo amor do Mestre que salva, que liberta e que impulsiona para a Ressurreição.
Francisco e o Cristo
Francisco vivia fascinado pelo Cristo, que veio para realizar a vontade do Pai e se fez obediente até morte, e morte de cruz. Aqui está a explicação por que Francisco usava o Tau. Este lhe lembrava a cruz, sinal de salvação, símbolo da vitória sobre o mal. Mais, a cruz torna-se símbolo e sinal da bondade e da misericórdia divinas.
Francisco ora ao Pai, pedindo provar no seu corpo as dores do Senhor Jesus e sentir tão grande amor pelo Crucificado como Ele sentiu por nós. As chagas em seu corpo não são senão a aprovação divina e a resposta ao seu ardente desejo de sentir em sua carne os sofrimentos do Crucificado. E de fato aconteceu. Francisco, assim, é açoitado cruelmente pelo sofrimento.
A recompensa do Pai
No Cristo crucificado, Francisco encontra toda vitalidade que lhe abrasava o coração, a ponto de transformar- se no Cristo estigmatizado. O Cristo pobre e sofredor, estava em seu projeto de vida. Seria Ele como uma auto-estrada a conduzi-lo, mais e mais, a uma profunda união com Deus, a ponto de, exteriormente, pelas cinco chagas, gravadas em seu corpo, assemelhar-se ao Cristo crucificado.
Sabemos, outrossim, que na alma deste santo, as chagas do Senhor já estavam impressas. E como Cristo foi recompensado pelo Pai, ressuscitando-o e vencendo a morte, Francisco, no Monte Alverne, também recompensado por Deus, em seu corpo, pela impressão dos estigmas de seu Filho Jesus Cristo. Isto é fruto de sua vida de fidelidade e de seguimento irrestrito ao Senhor.
Esta transformação interior e exterior, identlficando-se ao Cristo, fazia-o exclamar: “Pois para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro” (Fil 1,21).
Fazer a vontade de Pai
Em todas as situações, consoladoras ou dolorosas, Francisco procurava fazer a vontade do Pai: “Concede-nos que façamos aquilo que sabemos ser de tua vontade e queiramos aquilo que te agrada. E assim purificados e, interiormente abrasados pelo fogo do Espírito Santo, sermos capazes de seguir os passos de teu Filho Jesus Cristo e chegar a ti, ó Altíssimo” (COrd 50-52).
Gostaríamos de lembrar que, desde a Porciúncula, igrejinha de Nossa Senhora dos Anjos, berço da Ordem Franciscana, local de início de sua conversão concluída no Monte Alverne, Francisco fez uma caminhada lenta e progressiva, até sua total configuração com o Crucificado.
Para reflexão
01. Como justificar os estigmas de Francisco?
02. Os sofrimentos ligam-nos aos sofrimentos, à Cruz do Cristo. Como então aceitar a nossa cruz e os nossos sofrimentos?
03. Diante do Cristo crucificado, Francisco chegava às lágrimas. Que mensagem o Cristo da Cruz lhe deLva?
02. Os sofrimentos ligam-nos aos sofrimentos, à Cruz do Cristo. Como então aceitar a nossa cruz e os nossos sofrimentos?
03. Diante do Cristo crucificado, Francisco chegava às lágrimas. Que mensagem o Cristo da Cruz lhe deLva?
Texto para meditação (CFI5)
“E agora, anuncio-vos uma grande alegria e um milagre extraordinário. Não se ouviu no mundo falar de tal portento, exceto quanto ao Filho de Deus, que é o Cristo Senhor. Algum tempo antes de sua morte, nosso irmão e pai apareceu crucificado, trazendo gravadas em seu corpo as cinco chagas, que são verdadeiramente os estigmas de Cristo. Suas mãos e seus pés estavam traspassa- dos, apresentando uma ferida como de prego, em ambos os lados, e havia cicatrizes da cor escura dos pregos. O seu lado parecia traspassado por uma lança e muitas vezes saíam gotas de sangue”.
Do livro, “Francisco, um Encanto de Vida”, de Frei Atílio Abati, ofm, editora Vozes, 2002.
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