Todos
decidiram que o melhor lugar para hospedar o pobre de Assis era o
Palácio do Bispo. Ali, poderia ser o melhor atendido e ficaria mais
seguro.
Ao
chegar a esse lugar trouxeram-lhe outro médico, um amigo seu de Arezzo,
chamado Bom João. A hidropisia, o novo mal de Francisco, estava
avançando progressivamente. Não só já tinha inchações nos pés como
também começava a inchar-se o estômago. Em tom muito cordial, quase
jocoso, Francisco perguntou-lhe por sua enfermidade e pediu-lhe que
dissesse a verdade sobre as consequências da mesma.
"Morrerás logo! - disse-lhe o médico - pois tua doença não tem cura".
A
reação do doente não se fez esperar. Levantou-se os braços, exclamou
com gozo. "Bem vinda irmã morte!" Depois mandou chamar os cantores para
entoar com ele a nova estrofe que havia composto:
"Louvado
sejas, meu Senhor, por nossa irmã a morte corporal, da qual nenhum
homem vivente pode escapar. Ai daqueles que morrerem em pecado mortal!
Bem-aventurados os que encontras cumprindo tua santíssima vontade, pois a
segunda morte não lhes fará mal".
Várias vezes, entoavam o Hino das Criaturas junto ao leito do enfermo.
Francisco, com sua voz apagada, os seguia muito alegre. Nem a todos os
irmãos parecia certo que um santo cantasse em seu leito de morte; isso o
afastava dos esquemas da santidade. As pessoas das vizinhanças já
começavam a dar-se conta e poderiam escandalizar-se. Por isso pediram ao
Irmão Elias que ele, como ministro que era, o fizesse calar. "Deixe-me
por favor, irmão - pediu-lhe humildemente Francisco - pois com o canto
aguento muitas dores e celebro a chegada do meu Deus".
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