2 de outubro de 2012

Testemunho Incomum

Muitos irmãos vieram de Assis. Haviam chegado dos mais diferentes lugares quando souberam do estado de saúde de Francisco. Vinham dar-lhe a despedida, mas sobretudo queriam receber sua bênção. À medida que chegavam, colocavam-se perto do leito do enfermo e ali permaneciam por longo tempo. Com os olhos vendados, Francisco não os podia ver, mas ao perceber-lhe a presença, os abençoava e lhes recomendava não desfalecer em seus bons propósitos. 
Ao voltar a escutar as vozes de tantos companheiros do começo, não pode evitar que sua mente se povoasse de recordações e que por seu coração curzassem alguns relâmpagos de angústia. Então pediu ao Irmão Leão que escrevesse o que seria seu testamento para todos os irmãos. 
Começou recordando seu passado quando, segundo ele, se encontrava em pecado e quando começou a descobrir o rosto do Senhor nos rostos dos leprosos e dos mendigos. Logo, continuou afirmando que tudo o que com ele aconteceu foi unicamente obra da misericórdia de Deus, que se dignou chamá-lo e indicar-lhe que devia viver simplesmente segundo o Evangelho. Disse que depois vieram os irmãos, como um dom de Deus, e que com eles trabalhava pobremente, vivia alegremente, orava devotamente. 
Quando chegou a este ponto, o tom de Francisco mudou. Já não seguia ditando lembranças, mas começou a mandar e proibir com acentos categóricos, como se em sua alma revivesse o legislador. Ordenou que todos os irmãos aprendessem a trabalhar, e que fossem pobres de verdade, que obedecessem à Igreja e que permanecessem sempre fiéis à Regra que haviam prometido. Disse, finalmente, que quem cumprisse essas coisas seria abençoado pelo Senhor. 
Francisco terminou extenuado e os irmãos presentes, olhando-se nos rostos saíram sem dizer palavras. 

PARA REFLETIR:

Qual das partes do Testamento de São Francisco é, a teu modo de julgar, a mais importante e por que?


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