12 de julho de 2012

OS ÍCONES E AS IMAGENS (4ª parte)

Frei Vitório Mazzuco Fº


OS ÍCONES E AS IMAGENS VII

Pietà, de Michelangelo
Imagens são representações do Ser e da Luz Divina. Não podem ser objetos de idolatria. Sua função é didática sacramental. Ela representa seu original que é o Transcendente. Ela representa uma porta que se abre para mais além, para o reino de Deus. Nela os extremos se tocam.

As imagens são canais indispensáveis para a comunicação e a atualização do espiritual. Volta a questão do Belo e do Bom. A Beleza é exterior e a Bondade é interior. Elas representam uma inteligência contemplativa.

O ser humano não cessa, a cada instante de sua existência, de interpretar e transpor a experiência imediata que ele faz de todas as coisas. Desta forma, ele dá um sentido aos fenômenos que verifica nos acontecimentos que vivem; essa interpretação se torna para ele a própria expressão da realidade. Tem a capacidade de ir além da aparência material das coisas, impregnando-as de uma significação especial.

A Imagem é uma experiência mística e espiritual. Ela é a comunicação desta experiência. Cada vez que o ser humano quer exprimir a natureza das suas relações que o unem ao divino, cada vez que ele quer estabelecer um diálogo com seres superiores, ele utiliza uma imagem simbólica. A Imagem por si só não é o divino; ela é hierofânica, mas a sua hierofania é feita através da linguagem humana. A imagem por si só é muda; ela fala pela expressividade que o humano lhe confere. Ela é uma realidade espiritual, um fenômeno sensível. Sem a Imagem, o divino ficaria inexprimível. Revelando o inexprimível e exprimindo o indizível, a Imagem religiosa facilita a passagem do imaginário à realidade ontológica.

OS ÍCONES E AS IMAGENS - VIII

A Imagem permite aquilo que seria apenas uma experiência puramente interior e inefável, um elo que liga a pessoa a uma comunidade religiosa, mas muito mais a uma totalidade, na qual se crê ver um sinal divino. A Imagem alimenta também a fé. A Imagem é a transfiguração da realidade material; permite a passagem do cotidiano para o eterno.

A Imagem traz a Espiritualidade do Olhar. O olho é um dos símbolos mais comuns nas representações religiosas da humanidade. Órgão ativo da percepção visual, ele está estreitamente ligado à luz. Sem ela, o olho não pode nem discernir nem ver claramente. É o fato de ver que explica que, na maior parte das culturas, o olho é símbolo da percepção intelectual e da descoberta da verdade: o olho sabe por que vê. A pupila é uma alma em miniatura. O mundo do humano é o seu olhar. O olho é o espelho da alma, a janela do corpo que revela os pensamentos profundos. “A lâmpada do corpo é olho. Se, pois teu olho é são, todo teu corpo será luminoso, mas se teu olho é mau, todo teu corpo será tenebroso.” (MT 6, 22-23)

Espelho do interior, o olho é o lugar onde se entrevê a vida misteriosa da alma. O olho descobre alem das aparências físicas que ele percebe, tornando-se assim o lugar de uma revelação interior. A expressão “seus olhos se abriram” significa a revelação de uma verdade, racional ou religiosa.

O olho esta ligado ao sol como astro luminoso, ele vê tudo, irradia e faísca por seu olhar, que pode ser penetrante como uma flecha. Olho e sol revelam valores morais e religiosos segundo os quais toda visão é de clarividência, de retidão e de justiça. Assim como o sol ilumina projetando em toda parte sua luz, assim também o olho procura descobrir tudo e tudo vê, mesmo as faltas e os crimes.

Continua

EXTRAÍDO DE: http://carismafranciscano.blogspot.com.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário