30 de julho de 2012

Quem tem “chispas” de vocação franciscana?


Quando falamos em vocação estamos diante do mistério. Precisamos tirar as sandálias dos pés. Na página em que contemplamos um certo Francisco de Assis, queremos elencar alguns sinais que mostrariam a alguém que ele pode ter vocação para ser franciscano ou franciscana. Seriam umas “chispas”… A brilhar no caminho. Quem, eventualmente, poderia seguir esse caminho?


1. Pessoas normais, não exaltadas, que vivem a vida de todos os dias, com gosto, mas com uma pontinha de santa insatisfação. Pessoas que têm um pé na terra e o outro querendo atingir as estrelas. Pessoas normais, sinceras, sem duplicidade, capazes de se deixarem instruir por outros mais sábios e mais prudentes.

2. Pessoas que, devido a situações pessoais e a circunstâncias próprias foram levadas a fazer uma experiência de proximidade com Jesus: por ocasião de um sucesso ou de um fracasso na vida; de uma profunda experiência de abandono; num desejo incontido de generosidade (desejo de dar tudo) etc. No meio de tudo isso, tais pessoas sentem ressoar dentro delas convites ao seguimento do Senhor. Sentem um apelo que vem de fora.

3. Os que se apresentam em nossas fraternidades franciscanas seculares ou de vida consagrada são pessoas desejosas de experimentar a fraternidade. Estão embebidas das passagens dos evangelhos que falam do amor pelo irmão, pela vida fraterna como sacramento do reino: viver com…, sonhar com… ajudar as pessoas a sobreviverem.

4. Pessoas que se sentem convocadas as se desvencilharem de coisas e de bens, sobretudo de si mesmas. Querem aprender a conviver com aquele que sendo rico se tornou pobre e servo de todos. Deixaram-se tocar pela kenosis de Jesus.

5. Pessoas que, como Francisco, desejam se fazer próximas das pessoas: conviver com os que precisam de convivência, ir de lugar em lugar dizer que o Amor precisa ser amado, estabelecer o diálogo neste mundo de compartimentalizações e fechamentos. São pessoas que não existem para viver em ninho fechado. Também não querem simplesmente serem instrumentos de organizações frias.

6. Pessoas que não tenham espírito de carreirismo, que não visam promoções nem busca de lucros pessoais, que não assinam nem subscrevem sem pensar os estatutos da sociedade de consumo. São pessoas livres.

7. Pessoas que hoje reagem contra todo formalismo da fé, que sonham com uma pastoral feita por etapas, catecumenal, desejosos de dar sua colaboração para ações evangelizadoras novas no seio da Igreja.

8. Pessoas que experimentam uma sadia tensão entre contemplação e ação. Como Francisco estão sempre procurando lugares silenciosos e ermos para se “perderem” em Deus e, ao mesmo tempo, dizem a quem precisar que podem contar com eles. Mas não querem ser “ativistas” tontos que sobem e descem, entram e saem. Têm sempre saudade em visitar seu interior. Assim, irão pelo mundo mais à maneira de Francisco, transpirando ardor.

9. Pessoas que foram também conhecendo a figura encantadora e bela de Clara de Assis. Algumas dessas pessoas andaram lendo as cartas de Clara a Inês de Praga e ficaram encantadas com a mística da contemplação clariana. Ficaram profundamente impressionadas com as descrições do espelho. Da contemplação de Cristo no espelho: a pobreza, a humildade, a beleza do esposo pobre. “Vou correr sem desfalecer, até me introduzires na minha adega, até que a tua esquerda esteja sobre a minha cabeça, tua direita me abrace, toda feliz e me dês o beijo de tua boca” (4Carta a Inês 31-32).

10. Pessoas que sentem que sua vida poderá ser a de “cuidadoras” dos bens da terra, do verde, da água, do meio ambiente. Mas também cuidadoras dos irmãos mais simples, dos que não têm vez nem voz, dos que vivem nas trevas de um mundo louco consumista, materialista, imediatista. Pessoas cuidadoras da vida, da fragilidade da vida da criança que ainda não nasceu e do velho que precisa morrer com dignidade.

Frei Almir Ribeiro Guimarães


FONTE: http://www.franciscanos.org.br/n/

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