Virgem da Terceira Ordem (1715-1791). Canonizada no dia 29 de junho de 1867 por Pio IX.
Ana Maria nasceu no dia da Anunciação, 25 de março de 1715, em
Nápoles, filha de Francisco Gallo e de Bárbara Basini, ambos de condição
modesta. Aos quatro anos pediu à mãe que a levasse à igreja para
participar do Santo Sacrifício da Missa. Obteve também, nessa idade, o
privilégio de poder confessar-se, embora tivesse que esperar até os sete
anos para fazer a Primeira Comunhão. Depois disso, sua surpreendente
maturidade levou o confessor a permitir-lhe comungar diariamente,
privilégio muito raro na época.
Quando chegou à adolescência, o pai colocou-a em sua pequena fábrica,
onde já trabalhavam sua mãe e suas irmãs. Ana Maria soube conciliar o
trabalho com a vida de piedade.
Quando completou 16 anos, seu pai quis casá-la com um rico
cavalheiro, que lhe pedira a mão. Mas ela recusou-se, dizendo-lhe: “Meu
pai, não posso fazer a sua vontade, porque estou resolvida a deixar o
mundo e a tomar o hábito religioso na Ordem Terceira de São Francisco,
para o que desde já lhe peço autorização”.
Essa determinação foi um rude golpe para o avarento pai, que julgava
tal união ocasião de melhora da situação econômica da família. Por isso
empregou todos os meios para convencer a filha a ceder, inclusive
agressão física. Trancou-a depois, por vários dias, em um quarto da
casa, não lhe fornecendo senão pão e água para alimentar-se. Finalmente,
a intervenção de um religioso muito respeitável levou Francisco a
conceder a autorização pedida.
Ana Maria foi admitida na Ordem Terceira de São Francisco, na reforma
de São Pedro de Alcântara, em 1731, escolhendo os nomes de “Maria”, por
devoção a Nossa Senhora, “Francisca”, por devoção a São Francisco, e
“das Cinco Chagas”, por devoção à sagrada Paixão de Nosso Senhor Jesus
Cristo.
Tendo sua mãe falecido, o pai, desejoso de casar-se novamente, quis
pôr sobre seus ombros o sustento e o cuidado da família, que constava
então de quatro pessoas para alimentar e vestir. Com dificuldade, a
santa livrou-se desse encargo, alegando sua má saúde. No entanto, o
avarento pai passou a cobrar-lhe o aluguel do pequeno cômodo que ocupava
na casa, sendo ela obrigada a recorrer a seus benfeitores para pagá-lo e
assim atender a sua família.
Êxtases e profecias eram-lhe familiares. Vivia já das coisas
sobrenaturais, incompreendida, perseguida, tratada como visionária foi
submetida a exames por parte das autoridades eclesiásticas. Em 7 anos de
duro martírio suportou tudo com inalterada mansidão.
Em 1763, Santa Maria Francisca conheceu, por revelação divina, que o
reino de Nápoles seria desolado por uma grande fome seguida por terrível
epidemia. Ela mesma foi atingida pela enfermidade chegando às portas da
morte, tendo recebido os últimos Sacramentos.
Assistida por muitos religiosos fiéis, fortalecida pela Eucaristia,
morreu serenamente no seu quarto no dia 6 de outubro de 1791, aos 76
anos. Seu corpo foi sepultado na igreja de Santa Lucia do Monte, onde é
venerada ao lado do túmulo de São João José da Cruz.
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